Em meio às novidades da eletrificação, com os carros totalmente elétricos e os diferentes tipos híbridos e até modelos movidos a hidrogênio, fica até parecendo que os motores turbo são coisa do passado. Mas a verdade é que alguns modelos brasileiros nem sequer chegaram ao turbo compressor e se mantêm fieis aos motores aspirados.
Mas isso não é ruim, já que com as tecnologias modernas é possível fazer um motor aspirado entregar tanto quanto um turbo — em alguns casos. Por isso, separamos aqui uma lista dos últimos modelos brasileiros que são alternativas aos rivais turbinados.
Citröen C3
O Citröen C3 chegou com a proposta de ser um meio termo entre os compactos topo de linha e os hatches básicos. Por isso, a Stellantis optou por equipá-lo com duas motorizações diferentes, o 1.0 de 75 cv e o 1.6 de 113 cv. Porém, ambos são aspirados.
Isso pode ser um problema, afinal, o VW Polo TSI, versão mais barata do hatch equipada com motor turbo, é só R$ 3.000 mais caro que o topo de linha C3 1.6 Feel Pack, que custa exatos R$ 100.990. Outro detalhe é que o Citröen consegue ser menos econômico, tendo médias de 9,6 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, quando abastecido com gasolina (dados da fabricante). Já o Polo, em nossos testes, conseguiu fazer 13,8 km/l no ciclo urbano e 18,3 km/l no rodoviário.
Mas o C3 não está sozinho no segmento dos hatches aspirados. O que nos leva aos próximos integrantes da lista.
Fiat Argo
Assim como o colega francês, o Fiat Argo tem duas opções de motorização e nenhuma turbo. O modelo pode ser equipado com o mesmo motor 1.0 de 75 cv do C3 ou então com o famoso 1.3 Firefly de até 109 cv.
Embora pareça ultrapassado por conta disso, o Argo ganhou sobrevida no ano passado ao receber o câmbio CVT nas versões mais caras e equipadas com o motor 1.3. Esse conjunto, que já é utilizado no Cronos, Pulse e Strada, casou bem com o hatch e, em nossos testes, teve médias de consumo de 12,5 km/l na cidade e 16,4 km/l na estrada, não perdendo muito para os rivais turbinados.
O problema é no teste de arrancada. A versão automática e motor 1.3 demorou longos 14,7 s para ir de 0 a 100 km/h, enquanto os turbinados, como o ‘irmão’ de Stellantis Peugeot 208, concluiu o sprint em 9,6 s.
Mas espere novidades para o Argo em breve. O hatch ganhará uma nova geração em 2025 feita sob a mesma plataforma CMP do 208. Logo, é possível que enfim ele ganhe uma motorização turbo e até uma híbrida.
Honda City
Ainda estamos falando dos hatches, mas o Honda City é ponto de convergência entre eles e os sedãs. Isso porque, independente da carroceria, o modelo é sempre equipado com o motor 1.5 16V aspirado com injeção direta que rende até 126 cv e 15,5 kgfm.
O que não é justificado pelo preço, afinal, City hatch começa em R$ 113.600 e o sedã em R$ 115.300, sendo o preço maior do que o praticado pelos concorrentes, seja turbo ou aspirado.
Toyota Yaris
Praticamente tudo o que foi dito para o City, pode ser levado em consideração para o Toyota Yaris. Inclusive, ambos têm uma missão parecida: substituir um sedã maior e com mais nome na faixa de preço que atuam. No caso do Yaris, o Corolla, e no caso do City, o Civic.
O Yaris, embora tenha recebido um facelift há alguns anos, continua com a motorização 1.5 110 cv e 14,9 kgfm. É um motor parecido com o do rival City, mas quando colocados lado a lado, o Toyota fica devendo tanto em desempenho, quanto em consumo.
Em nosso comparativo, o City que se saiu melhor na nossa pista de testes. Ele fez de 0 a 100 km/h em 10,5 s, enquanto o Yaris cumpriu o ensaio em 13,2 s. E no consumo o Honda continuou soberano com médias de 13 km/l na cidade e 17,4 km/l na estrada, ante 12,9 km/l e 15,4 km/l do Toyota, respectivamente.
Pelo menos o Yaris compensa no preço, não cobrando muito caro por uma motorização ‘ultrapassada’. A versão hatch parte dos R$ 97.990, enquanto o sedã custa a partir de R$ 99.920.
Renault Stepway e Logan
Você provavelmente já até se esqueceu deles, mas a dupla da Renault continua aqui — talvez não muito firme e nem tão forte. O Stepway e o Logan, que vivem longe do seu auge, são equipados com o mesmo motor 1.0 aspirado de 82 cv e 10,5 kgfm.
A verdade é que eles não são prioridade da Renault no momento, por isso andam meio de lado. O Logan, atualmente, é vendido apenas para frotistas e nem tem versão com câmbio manual. Enquanto o Stepway perderá em breve a versão com motor 1.6 de até 116 cv e 10,5 kgfm e câmbio CVT, restando apenas o 1.0 com transmissão manual de cinco marchas.
Fiat Cronos
Assim como o Fiat Argo, o Cronos é oferecido com os mesmos motores 1.0 e 1.3, sendo o primeiro oferecido apenas com câmbio manual de cinco marchas e o segundo recebendo também a opção CVT.
Apesar de não ter uma motorização turbo, como o Chevrolet Onix Plus ou o Hyundai HB20, o Cronos ainda pode ser uma boa opção. Tanto o 1.0 quanto o 1.3 não tem fôlego para alcançar os rivais turbinados, mas compensam com um preço mais baixo e um boa economia de combustível.
A versão Drive 1.3 CVT, por exemplo, teve médias de 13 km/l nos trechos urbanos e 17,1 km/l nos rodoviários e cobra apenas R$ 102.999.
Nissan Versa
Outro que foi atualizado há pouquíssimo tempo, o Nissan Versa, ganhando até uma versão esportivada. Mas isso não mudou o fato de que o único motor disponível ainda é o 1.6 aspirado 113 cv e 15,3 kgfm, com câmbio CVT.
Logo, as mudanças não devem ter interferido nos números do sedã, que no ano passado tece médias de consumo de 11,5 km/l, na cidade, e 16 km/l, na estrada. Enquanto o 0 a 100 km/h foi concluído em 11,8 s, resultados abaixo dos seus concorrentes, seja eles turbo ou não.
Toyota Corolla e Corolla Cross
A dupla Corolla foi outra que não abriu mão do motor aspirado, nem mesmo quando eletrificado. Isso porque além do 2.0 de até 175 cv e 20,8 kgfm das versões básicas, eles têm a opção do motor 1.8 aspirado de ciclo Atkinson de 101 cv que é combinado com outros dois elétricos para entregar 123 cv no total.
Mas focando apenas nas versões ICE, ela recebeu alguns ajustes nos últimos anos, primeiro no sedã e depois no SUV. Para se adequar às regras de emissão do Proconve, o 2.0 teve que passar por uma redução na potência e torque.
O resultado disso, pelo menos no SUV repaginado há um mês, foi um aumento no consumo. Em nossa pista, enquanto o Corolla Cross 2025 fez médias de consumo de 11,3/13,3 km/l (cidade/estrada), o modelo anterior conseguiu 12/15,4 km/l. Isso deixa-o ainda mais distante dos rivais turbo.
Honda ZR-V
O Honda ZR-V é o mais recente dessa lista, mas nem por isso ele trouxe o que há de mais moderno. Para enfrentar outros modelos do segmento dos SUVs médios, como o Jeep Compass e o VW Taos, ambos turbinados, o modelo japonês trouxe o motor motor 2.0 i-VTEC de quatro cilindros, com comandos de válvulas variável, que gera 161 cv e 19,1 kgfm.
Em seu primeiro teste, ele não se mostrou muito rápido, fazendo de 0 a 100 km/h em 11,6 s, contra 10,3 s do Compass. Entretanto, ele demonstrou ser mais econômico, com médias de 10,9 km/l, na cidade, e 14 km/l, na estrada, enquanto o Jeep obteve 9,3 km/l e 13 km/l, respectivamente.
Volkswagen Saveiro
Na linha Volkswagen, os modelos de entrada, como o Polo e o Virtus, já são equipados em praticamente todas as versões com o motor 1.0 TSI. Mas não a Saveiro.
Seu objetivo é bem claro: ser um carro simples e barato, que seja usado quase que exclusivamente para o trabalho. Por isso, apesar de ter ganhado uma reestilização no ano passado, a VW não investiu em equipamentos modernos e se manteve fiel ao 1.6 aspirado de até 116 cv e 16,1 kgfm, sempre acoplado ao câmbio manual de seis marchas.
Apesar do motor nos remeter ao velho Gol — cujo o qual a Saveiro herdeu a plataforma — ele entrega bom desempenho, fazendo de 0 a 100 km/h em 12,7 s, mais rápido que a Fiat Strada 1.3. O consumo, embora seja pior que o da concorrente, não é ruim: 12 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada.
Chevrolet Spin
Quando a Chevrolet anunciou que iria trazer uma nova Spin, muitas pensaram que ela teria uma mudança profunda. E, de fato, teve. A minivan ganhou um visual totalmente novo e mais tecnologia, como vimos pelas novas telas da central multimídia e painel de instrumentos.
Mas o motor continuou sendo o 1.8 aspirado de 111 cv e 17,7 kgfm. Ele é combinado com o câmbio automático ou o manual de seis marchas , mas esse só na versão de entrada LT. Porém, a GM proporcionou melhorias a ele, introduzindo um novo módulo de gerenciamento eletrônico, com o dobro da capacidade de processamento (incluindo o controle de partida a frio).
Na prática, segundo dados da montadora, a Spin ficou 11% mais econômica e agora atende às normas do Proconve. Segundo dados do Inmetro, agora suas médias são de 10,5 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada. Isso foi o suficiente para deixá-la mais econômica que o seu único rival, o C3 Aircross equipado com motor 1.3 turbo, embora o desempenho seja um pouco pior.