Desde criança, Haroldo Filho é um apaixonado por automobilismo. Correu de kart durante toda a adolescência, mas o alto custo do esporte e os compromissos da vida adulta fizeram que ele pendurasse as sapatilhas e seguisse a carreira de produtor rural, em Presidente Prudente (SP).
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De fato, porém, ele nunca abandonou as pistas. Sempre que pode, arruma um tempo para acompanhar as corridas de Fórmula 1 de perto. Até sua viagem de lua de mel para a Espanha foi planejada de maneira que ele pudesse assistir ao GP de F-1, que ocorreria na mesma época.
Além desse hábito, Haroldo também é colecionador de objetos da Fórmula 1. Não se trata de itens licenciados por marcas patrocinadoras, muito menos souvenirs encontrados na internet, Haroldo coleciona itens originais utilizados nos GPs como macacões, capacetes e luvas, usados por pilotos e mecânicos, e até peças dos carros.
Itens que exigem perspicácia para encontrar e conseguir comprar. Para isso, além do próprio entusiasmo, Haroldo mantém uma rede de contatos de pessoas ligadas às pistas, aos profissionais que trabalham na F-1 e outros colecionadores iguais a ele ao redor do mundo, os quais são indispensáveis para se conseguir determinadas peças.
Mas se a busca é complexa, a análise para a comprovação da originalidade do item é ainda mais. Existe uma série de detalhes que precisam ser checados para se ter a certeza da procedência de um item.
“Em uma corrida de F-1, um piloto recebe da equipe entre um e três macacões de corrida, e esse número irá variar conforme a temporada e a equipe em questão”, diz Haroldo. “Já os capacetes são os mais valiosos, pois a quantidade utilizada ao longo do ano é muito menor.
Dependendo do caso, dois ou três”, afirma. O colecionador ensina também que é importante saber qual tecnologia era empregada na produção das peças, na época em que elas eram usadas, para evitar comprar uma imitação. No caso de vestuário, detalhes como o tipo de tecido, a presença de costuras, emblemas bordados ou impressos no tecido são alguns dos aspectos a ser analisados.
Outro ponto fundamental é conhecer as medidas do piloto que vestiu aquela peça que está à venda, por exemplo um macacão ou uma sapatilha, como forma de atestar sua procedência e originalidade.
Haroldo afirma que a evolução dos macacões os deixaram mais finos e leves, já que os pilotos passaram a utilizar a segunda pele de Nomex (fibra antichama), outro item colecionável. Além disso, diminuiu o número de costuras, pois os patrocínios passaram a ser impressos no tecido, em vez de bordados.
Já no caso das luvas, elas ganharam sensores que monitoram os sinais vitais do piloto, e, através do carro, enviam as informações em tempo real para as equipes que estão nos boxes.
Os hábitos de pilotos também são analisados. Rubens Barrichello pilotava utilizando um pé só (para controlar acelerador/freio), ao contrário da grande maioria de seus colegas.
Por isso a sapatilha do pé esquerdo de Rubinho quase não tem desgaste. Outro caso interessante é o de Jacques Villeneuve, que sempre gostou de usar um macacão um pouco mais largo. Vale tudo para se certificar. Até pesquisar imagens dos GPs e eventos com a participação dos pilotos.
Hoje, com mais de 70 peças em sua coleção, Haroldo relembra de seu primeiro item: “Quando conquistei minha independência financeira, aos 24 anos, resolvi colecionar peças da Fórmula 1”, fala.
“Minha primeira peça foi um macacão que um amigo suíço teve acesso, me ofereceu e não tive dúvidas em comprar.” Em sua coleção não faltam peças de pilotos brasileiros. Só de Rubens Barrichello são 20, dentre elas o macacão da primeira vitória do Piloto na F-1, no GP da Alemanha em 2000.
Há também macacões dos campeões da categoria, como os do inglês Lewis Hamilton e do espanhol Fernando Alonso.
Assim como no mercado de obras de arte, o valor de uma peça que fez parte da história da F-1 obedece a certos critérios como a popularidade do piloto, da equipe, a quantidade de itens que foram utilizados naquela corrida, a performance dele naquela corrida e também ao longo do campeonato, além é claro da originalidade da peça. Esses fatores podem fazer com que uma peça custe US$ 5.000 ou US$ 100.000.
O sonho de Haroldo é ter uma peça de Ayrton Senna ou um carro da Fórmula 1 inteiro, como objeto de decoração em sua sala. Mas para isso precisa continuar na busca, que o levará sempre à próxima peça a ser analisada e possivelmente integrada em sua coleção.
E ele gostaria de um dia expor seu acervo em um museu: “Temos tantos campeões com grandes histórias no esporte, e não temos um museu para celebrar tudo isso”.
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