David Lee é uma celebridade entre os fãs de carros no Instagram. Desinibido, o milionário é famoso na rede social por exibir sua preciosa coleção de superesportivos, dominada por modelos da Ferrari de todas as épocas.
Nesta semana, porém, Lee ganhou fama mundial após o Los Angeles Times noticiar que a própria Ferrari se recusou a vendê-lo uma LaFerrari Aperta. Esta não é a primeira vez que isso acontece com o empresário, aliás: ele já havia sido esnobado pela marca ao adquirir uma LaFerrari cupê e foi “obrigado” a comprar um exemplar de outro milionário que ainda não havia recebido seu carro.
Herdeiro de uma das maiores joalherias de Los Angeles, David é filho de imigrantes chineses. De acordo com os relatos da família, seu pai Hing Wa Lee viveu uma historia dramática aos 13 anos. Saindo de Macau, ele teria nadado por dois dias apoiado em apenas duas bolas e uma rede de voleibol.
Ao chegar em Hong Kong, Lee conseguiu um emprego como um aprendiz de um famoso ourives. Cinco anos depois, o então jovem Hing Wa resolveu se aventurar na América do Norte, onde abriu uma joalheria com seu nome.
É aí que David entra na história. Após se formar na faculdade em administração de empresas, ele se juntou ao negócio da família em meados dos anos 90 e elevou a joalheria a outro patamar. Tão alto a ponto de poder adquirir cinco (isso mesmo, cinco) das Ferraris mais raras do mundo: 288 GTO, F40, F50, Enzo e LaFerrari.
A CNBC estima que as cinco macchinas juntas valem aproximadamente US$ 12 milhões. Mas esse valor nem de longe representa toda a frota multimilionária.
O acervo de superesportivos (no qual há outras raridades mais “modestas”, como um Pagani Zonda e um Rolls-Royce Dawn) está avaliado em US$ 50 milhões, segundo o site neozelandês Stuff.
“Isso é quase um exagero para uma pessoa só. Já seria incrível se eu tivesse qualquer uma dessas Ferraris”, admite Jay Leno, apresentador conhecido por ter uma das maiores e mais valiosas coleções de carros do mundo. Não por acaso, Leno e Lee são grandes amigos.
Diferente de outros milionários, Lee não só dirige seus bólidos frequentemente como gosta de exibi-los no Instagram, onde acumula 722 mil seguidores.
É justamente essa superexposição que teria feito a Ferrari se recusar a vender uma LaFerrari Aperta. “A fábrica não gosta da publicidade criada por ele. Eles odeiam qualquer tipo de barulho gerado em torno da marca, e é justamente isso que ele ama fazer”, teria afirmado uma fonte ligada à Ferrari ao LA Times.
David se defende das acusações de exibicionismo lembrando que pode servir de exemplo para as pessoas. “Comecei de forma despretensiosa, mas as fotos tomaram uma proporção tão grande que senti que poderia usar meu perfil para ajudar e quem sabe até inspirar as pessoas. É para isso que uso as mídias sociais”, declarou.
O empresário também enfatiza que não se tornou um milionário da noite para o dia. “Passamos por uma fase muito difícil quando entrei na empresa, pois estávamos vivendo uma recessão nos EUA. Falei ao meu pai que precisávamos mudar nosso modelo de negócio e focar nas vendas no varejo. Ele confiou em mim, abri uma outra loja e contratei alguns funcionários, mas continuava fazendo praticamente de tudo. Trabalhei sete dias por semana”.
David Lee afirma que era o primeiro a chegar e o último a sair da empresa para não decepcionar seu pai se falhasse no trabalho. “Tudo que conseguimos foi graças a cumplicidade entre eu e meu pai. Todo o dinheiro que eu ganhava no varejo era investido pelo meu pai em imóveis e outras propriedades”.
Em uma de suas entrevistas, Lee dá até conselhos financeiros: “Lógico que é bom ter dinheiro, mas melhor ainda é saber como fazê-lo trabalhar para você e te dar lucro. Muita gente sabe como fazer dinheiro, mas não sabe como investi-lo”.
Foi assim que Lee construiu um império avaliado em aproximadamente US$ 300 milhões, incluindo as ações da joalheria e de seus imóveis. Ele realmente não é um cliente qualquer: investiu US$ 25 mil para se inscrever no programa de competição da marca (Ferrari Corse Clienti), no qual os clientes podem adquirir (e correr com) os modelos “XX”, desenvolvidos apenas para uso em pista.
Também gastou mais US$ 12 mil só para participar do programa de pilotagem. Por fim, gosta de comprar Ferraris antigas para restaurá-las e exibi-las nos melhores eventos de veículos clássicos do mundo, como o Concours d’Elegance de Pebble Beach.
“Decidi que seria o cara que dirige uma Ferrari em todos os dias da semana”, afirmou, antes de escolher uma FF como seu meio de transporte diário. Ele não mediu esforços (nem dinheiro) para ter condições de se tornar um dono de uma LaFerrari Aperta. “Para poder um carro de edição limitada, você precisa comprar alguns carros que você não gosta. Não queria jogar esse jogo, mas não há outra maneira de entrar na fila”, lamentou.
Mas parece que nada foi suficiente para convencer a Ferrari. Se quiser dirigir uma LaFerrari Aperta, Lee precisará repetir a tática da LaFerrari cupê (acima) e adquiri-la de outro colecionador.
Se serve de consolo, David não foi o primeiro (e possivelmente não será o último) cliente a ser esnobado pela empresa de Maranello. Preston Henn também tentou adquirir uma LaFerrari Aperta.
A vontade de se tornar um novo proprietário do superesportivo era tamanha que, segundo a Autoweek, ele chegou a enviar um cheque no valor de US$ 1 milhão ao CEO da Ferrari, Sergio Marchionne.
Diante da negativa, o ex-piloto e empresário resolveu processar a montadora, ressaltando seu histórico com a marca em um documento de 20 páginas. Como você deve imaginar, o próprio Henn desistiu do processo posteriormente, alegando que já havia “exprimido sua opinião”.