Como o cinquentão 911 tem segurado os negócios da Porsche
Lançado em 1963, modelo se tornou símbolo da montadora alemã e, mesmo depois de cinco décadas, continua entre os mais vendidos
Há quem diga que se apenas um carro tivesse que ser escolhido para definir a Porsche, o modelo 911 poderia resumir muito bem o que é a montadora. Com 50 anos de história, o Porsche 911 se tornou ícone da marca alemã e ainda figura como um dos principais carros da companhia em volume de vendas. Estima-se que cerca de 820.000 unidades já foram produzidas desde 1963, quando o veículo foi lançado no mercado.
Embora não seja o mais vendido pela Porsche no mundo, o 911 apresentou o maior crescimento de vendas em 2012, entre todos os modelos que a montadora possui. No período, foram comercializados 26.203 unidades, 49% a mais na comparação com o ano de 2011. As vendas totais da companhia cresceram bem menos que isso, 22%, totalizando 143.096 veículos. O Cayenne é o carro mais popular da marca, com 77.822 comercializados no ano passado.
Apresentado em 1963, o Porsche 911 foi desenvolvido para substituir o lendário 356, o primeiro modelo produzido pela montadora alemã, e conseguiu cumprir muito bem o seu papel, uma vez que a aceitação do modelo foi quase que imediata pelos consumidores. Batizado inicialmente de 901, o nome precisou ser revisto depois que a Peugeot recorreu judicialmente ao direito de ser a única montadora no mundo a colocar nome nos automóveis com zero entre dois números.
Para a Porsche, o modelo é considerado o seu coração e ponto central de outras linhas desenvolvidas depois dele, como o Cayenne e o Panamera, que carregam, segundo a companhia, um pedaço da filosofia do 911. “Ele é o único carro que você poderia dirigir num safári africano, em Le Mans, para ir ao teatro ou no trânsito de Nova York”, chegou a afirmar certa vez Ferry Porsche, empresário e designer que participou da criação do modelo.
Desde a sua criação, sete gerações do Porsche 911 foram lançadas pela montadora alemã. O modelo precursor e que ditaria todos os demais ao longo das últimas cinco décadas tinha motor refrigerado a ar e 130 cavalos de potência, atingindo a velocidade máxima de 210 quilômetros/hora. Somente em 1998, as novas versões do modelo começaram a ser produzidas com motores refrigerados a água. Hoje, a versão mais simples do 911 tem 350 cavalos de potência, atingindo a velocidade de 289 quilômetros/hora.
No fim dos anos 80, depois de um declínio nas vendas que havia começado na década anterior, a montadora alemã cogitou encerrar a produção do modelo, mas voltou atrás na decisão. Na época Peter W. Schutz, presidente da Porsche entre os anos de 1981 e 1987, chegou a declarar que o ícone da empresa havia sido salvo, e consequentemente a companhia também foi salva com a sábia determinação de manter o 911 vivo.
Reconhecimento
Em 1999, o Porsche ficou em quinto lugar no Car of the Century, concurso promovido pela Global Automotive Elections Foundation, que elegeu os melhores carros do século 20 de todos os tempos. Não é à toa que, a cada nova geração, o modelo cinquentão ainda surpreenda os entendidos do setor automotivo. A última geração, por exemplo, lançada há apenas dois anos, para o mercado, é a melhor de todos os tempos, pois os modelos apresentam mais eficiência e menos consumo de combustível.
A Porsche lançou uma versão para comemorar os 50 anos de sucesso do 911 e apenas 1.963 unidades serão disponibilizadas para venda no mundo. Com preço a partir de 130.000 dólares, a edição especial deve chegar apenas em setembro ao mercado e apenas dois veículos serão disponibilizados para o Brasil. O preço, no entanto, por aqui não deve ser menor que 600.000 reais – não cabe em qualquer bolso.