O empresário Marcos Regadas tinha 10 anos quando o ex-presidente Fernando Collor liberou a importação de carros pelo Brasil, em maio de 1990.
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Apaixonado por automóveis, aos poucos, ele começou a ver nas ruas da cidade onde mora, São Luís, no Maranhão, modelos que só conhecia por foto: BMW, Mercedes, Alfa Romeo.
Quando estava com 12 anos, ele avistou um carro que o marcou definitivamente, como toda paixão na adolescência: um BMW M3 branco. “Foi amor à primeira vista”, conta Marcos, hoje com 41 anos.
O coração disparava toda vez que ele pensava no carro, principalmente depois que Marcos ficou sabendo que o M3 foi criado como um carro de corrida, mas que teve que ser homologado para andar nas ruas por conta de uma regra que a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) colocou para carros daquela categoria.
O tempo passou e hoje Marcos é um colecionador de M3. Ele tem todas as seis gerações, da primeira, apresentada em 1986, à mais recente, lançada em 2020.
A ideia de reunir um exemplar de cada surgiu após a compra do primeiro M3, em 2014, um modelo da quinta geração, mais conhecida pelo código F80.
A sequência de códigos das gerações é a seguinte: E30, E36, E46, E90 (E92 e E93), F80 e G80. A quarta geração tem três códigos, um para cada tipo de carroceria: sedã, cupê e conversível. O maior desafio ao fazer a coleção, segundo Marcos, foi encontrar exemplares que estivessem em bom estado de conservação.
Isso porque, no mundo todo, os BMW M3 são carros que até algum tempo atrás custavam relativamente pouco pela performance que oferecem e, por isso, a maioria foi convertida para carros de track day e principalmente de drift. Transformando em raridades os carros em boas condições, que passaram a custar cada vez mais caro.
Foi em razão disso que Marcos descobriu uma outra paixão na sua vida: a da restauração de carros. O empresário acabou montando uma pequena equipe de profissionais que trabalha em seus carros. Além do M3, ele possui outras raridades em sua garagem.
“Já cheguei a importar 2.000 itens para um mesmo carro que restaurei”, conta Marcos, que mantém sua coleção em estado de zero-km, funcionando. Até o couro Marcos compra dos produtores oficiais da BMW.
“Para se manter o cheiro característico dos BMW, a fábrica credencia criadores de bizão, que cuidam de assegurar a qualidade do couro, diz Marcos. “Achar esse couro não é fácil, mas nosso objetivo é deixar o carro do jeito que saiu da fábrica.”
Apesar desse cuidado todo, Marcos não se importa em substituir um exemplar por outro que tenha alguma característica especial. Assim, sua coleção reúne unidades extremamente raras, como é o caso do modelo da primeira geração, E30.
Esse exemplar tem câmbio dog leg (perna de cachorro), um tipo de câmbio manual cujo padrão de troca é uma variante do mais comum, H.
Nele, a ré fica no lugar da primeira marcha e a segunda no lugar da terceira, o que favorece a condução esportiva porque agiliza as trocas de segunda para terceira, uma vez que, em uma pista, a primeira só serve para as largadas.
Esse modelo também foi o que deu mais trabalho na aquisição e restauração. Marcos comprou o carro totalmente desmontado e refez inteiro.
O primeiro M3 da segunda geração foi um E36, em uma versão EURO na cor Amarelo Dakar. Mas quando apareceu uma unidade do E36 EVO na cor branca, a mesma do modelo pelo qual ele se apaixonou na adolescência, Marcos não pensou duas vezes para trocar.
“Não só pela cor, mas a versão EVO é extremamente rara em todo o mundo”, afirma o colecionador. E há também diferenças técnicas: são 321 cv, contra os 280 cv da versão Euro; além de melhorias na suspensão e nos freios.
Um dos modelos mais difíceis de ser visto no Brasil é o M3 E46, da terceira geração. O motivo seria apenas o fato de que poucas unidades foram importadas. A unidade da coleção é prata e possui câmbio SMG (um semiautomático da BMW).
Já o exemplar da quarta geração E92 é o dono da cor mais rara do catálogo na época, a White Frozen, e seu sucessor, tão difícil de encontrar quanto a Black Frozen, do M3 da geração seguinte, F80, alinhada na garagem do empresário.
A mais nova aquisição do acervo é o M3 Competition de sexta geração, na cor Verde Ilha de Man com kit Track (que inclui itens de estilo, como as rodas, para alívio de peso, o teto de fibra de carbono; e de condução, como o sistema de telemetria M Drive Professional).
A coleção está longe de terminar. O foco agora é continuar na busca de outras carrocerias do M3, conversíveis e sedãs. O primeiro já chegou, é um M3 E93 conversível. E Marcos está de olho em um M3 E36 sedã.