Considere estas dimensões: 3,05 metros de comprimento, 1,40 de largura e 1,35 de altura – só de comprimento, são quase 64 cm a menos que um VW Up!
Elas justificam com perfeição o nome do Mini, que a inglesa British Motor Corporation (BMC) apresentou em 1959. Modelo que redefiniu um segmento, ele era uma opção de carro econômico motivada pelo racionamento de gasolina que se seguiu à crise do Canal de Suez em 1956.
No início ele tomou emprestados os nomes de dois antigos modelos ingleses de sucesso, o Austin Seven e o Morris Minor. Com o tempo ganharia o apelido Mini, antes de se tornar seu nome oficial.
Não era novidade um veículo ser tão pequeno. O minicarro já existia havia décadas. Foi o Seven original que conseguiu popularizar o automóvel na Inglaterra a partir de 1922, assim como o Bébé Peugeot de 1913 na França e o Fiat Topolino de 1936 na Itália.
Criado pelo designer sir Alec Issigonis, que ganharia renome pelo projeto, o Mini tinha um quatro-cilindros já usado pela BMC, mas adaptado transversalmente. Com 848 cm3, produzia 34 cv e rodava até 20 km com um litro de gasolina.
Moderno demais para época, tinha estrutura monobloco, tração dianteira para liberar espaço para quatro pessoas e suspensão independente nas quatro rodas, com batentes de borracha no lugar das molas.
Se no início ele foi visto com desconfiança por causa da tração dianteira e dos problemas de vedação, a BMC tratou de investir no modelo para ganhar mercado. Surgiram derivados como versões perua, van, picape e até três volumes. Só em 1969, o nome Mini passaria a identificar oficialmente o modelo.
Mas nenhuma novidade despertou tanto interesse quanto o Mini Cooper, de 1961, um símbolo dos anos 60. A idéia veio do piloto John Cooper, que – mesmo com a relutância inicial do amigo Issigonis – convenceu a BMC a lançar uma versão esportiva.
Cooper aumentou a cilindrada para 997 cm3 e acrescentou um carburador SU extra, o que resultou em 55 cv. As relações de marcha foram retrabalhadas e os freios dianteiros passaram a ser a disco.
Dois anos mais tarde surgia o Mini Cooper S, com motor de 1071 cm3 e 70 cv, assim como discos de freio maiores e servo-assistidos na frente. A fórmula deu certo: entre 1964 e 1967, o Cooper S seria presença constante nos pódios do rali de Montecarlo.
Para um carro que duraria por quase quatro décadas, o Mini apresentou poucas mudanças estéticas e mecânicas, como a opção de câmbio automático em 1965. Em 1969, após a fusão da BMC com a Leyland, o nome Mini viraria também uma marca própria, acabando com a divisão dos modelos entre as marcas Austin e Morris.
Após várias séries especiais que nos anos 80 e 90 deram ares de novidades ao modelo, então vendido como Rover, em 1993 surgiu o Mini Cabriolet. A concorrência foi aumentando, as vendas perdiam força, até que em outubro de 2000 o Mini saiu de linha, após mais de 5,5 milhões de exemplares vendidos.
Em 2001, a BMW modernizou o projeto, mas com um Mini maior e mais sofisticado. É ele que mantém hoje vivo um nome que expressava a pequenez de um carro que primou pela grandeza, seja no carisma, seja nas vendas ou na permanência no mercado.
Minipai
Se existe um precursor conterrâneo do Mini, este é o Austin Seven original, lançado em 1922. Concebido por Herbert Austin, fundador da marca, tinha motor de 696 cm3 de apenas 10,5 cv, mas media só 2,69 metros, levava duas pessoas e pesava 455 quilos. Até 1939, foram vendidos cerca de 300 000 Seven, um sucesso para a época.
Ficha técnica – BMC Mini
- Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 848 cm3 (1959); 997 cm3 (Cooper 1961); 1 071 cm3 (Cooper S 1963)
- Potência: 34 cv a 5 500 rpm; 55 cv a 6 000 rpm; 70 cv a 6 000 rpm
- Câmbio: manual de 4 velocidades, tração dianteira
- Dimensões: comprimento, 305 cm; largura, 140 cm; altura, 135 cm; entreeixos, 204 cm (1959)
- Carroceria: sedã de 2 portas
- Desempenho: 115 km/h; 145 km/h (Cooper 1961); 160 km/h (Cooper S 1963)