Clássicos: Jaguar XK 120
Ícone britânico do automobilismo, ele ajudou a criar o mito Jaguar com suas vitórias e recordes nas pistas
Sair da Segunda Guerra vitoriosa permitiu à Inglaterra renovar o brilho de seus carros antes de futuras potências da indústria, como Alemanha e Itália. A maior prova da rápida recuperação britânica foi o Jaguar XK 120.
Apresentado no Salão de Londres de 1948 (na época sem planos de produção), o roadster representou um salto em estilo e desempenho em relação aos esportivos da marca, como o Jaguar 100. Objeto de desejo, ele logo acabou ganhando as ruas.
O desenho fluido criado pelo cofundador da Jaguar, William Lyons, era de uma beleza sinuosa e alongada. A linha de cintura era rebaixada nas portas, que não tinham vidros, só uma tela destacável. O teto era encaixado sobre o interior.
O alumínio da carroceria do protótipo seria reduzido com o aumento da produção. Para a mecânica, o engenheiro William Heynes definiu um 3.4 de seis cilindros. Com comando duplo de válvulas sobre o cabeçote, recurso vindo das pistas, atingia 160 cv, levando o XK a 196 km/h.
Mas sua fama surgiu mesmo nas pistas, como a aferição de velocidade máxima realizada em 1949 na Bélgica. Ao cravar 213 km/h, ele se tornou o modelo de produção mais rápido do mundo.
Em 1951, a versão de corrida XK 120C participou de Le Mans, onde se sagrou campeã – outras quatro vitórias viriam até 1957. O XK 120 de 1951 ganhou uma versão cupê, usada em 1952 num teste de sete dias e noites na França. Após 27 148 km e média de 161 km/h, o XK provou que, além de veloz, era resistente.
É desse ano o roadster fotografado. Ao volante, as pernas ficam esticadas, mas senta-se a 90 graus, com o volante bem na vertical e próximo ao peito. Veloz, o XK ainda consegue ser dócil. Tem muito torque em baixa, mas este surge gradativamente. Bem balanceado, o motor não transmite vibrações.
Um conversível mais refinado, o Drop Head Coupe, veio em 1953, com uma linha de cintura mais alta, vidro deslizante na porta e teto rebatível. Em 1954, ele virou XK 140, com 190 ou 210 cv. Com o XK 150 de 1957, o para-brisa tornou-se inteiriço e a ondulação do para-lama foi amenizada.
O cupê ganhou janela traseira envolvente e o roadster, maçanetas externas e vidros deslizantes. Motores de 220, 250 e 265 cv estariam disponíveis até a chegada do E-Type em 1961. Beleza, requinte e alto desempenho já eram sinônimos de Jaguar. Criado e consagrado em clima de vitória, foi o XK que estabeleceu esse padrão.
Ficha técnica
Jaguar XK 120 1952
Motor: 6 cilindros em linha de 3,4 litros
Potência: 160 cv a 5 200 rpm
Câmbio: manual de 4 velocidades
Carrocerias: roadster e cupê de 2 lugares
Dimensões: comprimento, 399 cm; largura, 164 cm; altura, 140 cm; entre-eixos, 259 cm; peso, 1 285 kg (roadster)
Desempenho: 0 a 96 km/h em 9,0 segundos e velocidade máxima de 196 km/h
Que fera!
Adaptar a base mecânica do Chevrolet Opala 250S foi o maior desafio para Henrique Erwenne lançar sua réplica do XK em 1981. Como era 11 cm mais larga, foi preciso cortá-la e esticar a carroceria de fibra. Um representante da Jaguar até veio ao Brasil vetar o projeto, mas se surpreendeu com o Fera (foto), que acabou sendo feito até 1983.