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Clássicos: Fiat 1400, a influência americana

Sob nova direção, a gigante de Turim deu início a um intercâmbio automotivo com os EUA a partir da chegada do Fiat 1400

Por Felipe Bitu
7 mar 2018, 21h06
Fiat 1400
Fiat 1900B: cupê sem coluna central, como nos Buick, Olds e Cadillac (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O fim da Segunda Guerra Mundial foi um período conturbado para a Fiat. Acusada de colaborar com o regime fascista, a família Agnelli foi destituída da administração da empresa e ainda sofreu com a morte do fundador, Giovanni Agnelli.

Financiada pelos dólares do Plano Marshall e dirigida por Vittorio Valetta, a marca italiana desenvolveu um novo modelo: o sedã 1400.

Apresentado no Salão de Genebra de 1950, o Projeto 101 deveria suportar as estradas ainda em ruínas da Europa, ser estável, levar seis ocupantes, chegar a 120 km/h e fazer 10 km/l.

Idealizado por Dante Giacosa, foi o primeiro Fiat com estrutura monobloco, desenvolvida em parceria com a americana Budd Company.

Fiat 1400
Por fora, o acabamento refinado marca presença (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Com 4,3 metros de comprimento e 2,65 de entre-eixos, o 1400 sucedeu o modelo 1500 de seis cilindros, sedã familiar da Fiat desde 1935. Pesando 1.150 kg, usava um motor de quatro cilindros em linha, 1,4 litro de cilindrada e 44 cv.

Sua mecânica era convencional, com câmbio de quatro marchas acionado por alavanca na coluna de direção e tração traseira.

Precisava de quase 40 segundos para chegar a 100 km/h. Os freios a tambor nas quatro rodas davam conta do desempenho modesto e a suspensão dianteira independente colaborava para o ótimo conforto de rodagem.

Produzido pela divisão Carrozzerie Speciali, o 1400 Cabriolet duas portas era ainda mais parecido com os automóveis americanos.

Fiat 1400
Os detalhes em cromado por dentro ajudam no aspecto refinado (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Desempenho melhor viria em 1952, com o lançamento do Fiat 1900. O aumento no curso do virabrequim (de 66 mm para 90 mm) elevou a cilindrada para 1,9 litro e a potência para 58 cv.

Era o bastante para chegar aos 135 km/h com uma nova transmissão de cinco marchas que dispensava a embreagem em favor de um conversor de torque hidráulico.

Denominado Projeto 105, o Fiat 1900 se diferenciava do 1400 por meio de detalhes externos discretos, como grade do radiador e frisos cromados.

Oferecia um acabamento interno mais requintado, rádio como item de série e o computador de bordo Tachimedion, que calculava de maneira analógica a velocidade média de cada viagem.

Fiat 1400
O vermelho era marca oficial da marca (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Outra inspiração americana no estilo estava no cupê Granluce, também de 1952. Baseado na mesma estrutura do Cabriolet, o Granluce era um autêntico hardtop (duas portas sem coluna central).

Feito para a polícia rodoviária italiana, o Torpedo combinava a carroceria Cabriolet com a mecânica mais potente do 1900.

O 1400 também foi o primeiro automóvel de passeio italiano movido a diesel. O motor era o mesmo empregado nos utilitários da marca, com 1,9 litro, aspiração natural e bomba injetora Spica.

Apesar de caro, fraco e barulhento, fez relativo sucesso na Alemanha enfrentando Mercedes 180 D e Borgward Hansa 1800D.

Fiat 1400
O 1400 foi o primeiro automóvel de passeio movido a diesel (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Discretas alterações de estilo foram reveladas no Salão de Turim de 1954. Eram denominados 1400A e 1900A e passavam a contar com lanternas traseiras protuberantes. A maior diferença entre os dois modelos estava no vidro traseiro, agora maior no 1900A.

Todos ficavam mais potentes: o 1400 Diesel com 43 cv, o 1400A com 50 cv e o 1900A com 70 cv.

As últimas atualizações viriam em 1956, com a chegada dos 1400B e 1900B. Ambos adotavam a carroceria com amplo vidro traseiro do 1900A e pintura em dois tons (monocromático apenas em preto ou azul).

Um único farol de neblina foi instalado no centro da grade, e o painel de instrumentos recebeu um novo velocímetro com escala horizontal.

Fiat 1400
Rádio e cinzeiro eram requintes incomuns em um Fiat (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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A novidade do Granluce foi o vidro traseiro envolvente, como este exemplar das fotos, que pertence ao colecionador paulista Alberto Brunet. A potência subiu para 58 cv no 1400B e 80 cv no 1900B. Ambos foram produzidos sob licença na Espanha e Iugoslávia.

Na Áustria foi produzido pela Steyr com motores de 2 litros de 86 cv e 2,3 litros de 95 cv, este último capaz de chegar aos 160 km/h.

Fiat 1400
Câmbio na coluna e painel sem conta-giros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O milagre econômico italiano abriu espaço para o retorno dos Fiat de seis cilindros. A produção do 1400B e 1900B foi encerrada em 1958, dando lugar aos sedãs 1800 e 2100.

A Fiat voltou ao comando dos Agnelli em 1966, sob a direção do carismático Gianni Agnelli.

O engenheiro Dante Giacosa se aposentou em 1970, após consolidar a tração dianteira no Autobianchi Primula e Fiat 128.

Fiat 1400
Discretos rabos de peixe: influência de Detroit (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ficha técnica – Fiat 1900B Granluca 1956

  • Motor: 4 cilindros em linha de 1,9 litro; 80 cv a 4.000 rpm; 13,86 mkgf a 3.600 rpm
  • Câmbio: manual de 5 marchas
  • Dimensões: comprimento, 432 cm; largura, 165 cm; altura, 150 cm; entre-eixos, 265 cm; peso, 1.220 kg
  • Carroceria: fechada, 2 portas, 6 lugares
  • Desempenho: 0 a 100 km/h em 22 s; vel. máx., 145 km/h
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