A disputa no mercado de carros elétricos está sendo fomentada todos os dias. Com a ofensiva dos fabricantes chineses, que oferecem inovação e tecnologia a preços mais baixos, muita coisa pode mudar mundialmente. Até mesmo em faixas de preço que até então foram dominadas pela Tesla, de Elon Musk.
O CEO afirmou durante teleconferência da Tesla que as montadoras chinesas terão “sucesso significativo” fora do seu país de origem e defendeu a aplicação de barreiras comerciais.
“Honestamente, eu acho que se não forem estabelecidas barreiras comerciais, eles irão praticamente demolir a maioria das outras empresas automotivas do mundo”, disse Musk. “Elas são extremamente boas.”
E, mesmo que ano passado a Tesla tenha alcançado seu número recorde de vendas, a preocupação de Musk se dá por conta do último trimestre do ano, onde a empresa perdeu o posto de maior vendedora de carros elétricos no mundo para a BYD. Uma pedra no sapato muito grande para Elon, levando em conta que o mesmo riu e desvalorizou a empresa chinesa durante entrevista em 2011.
Além disso, outra preocupação para Tesla e seus investidores são seus produtos, que estão envelhecendo e novos produtos estão atrasados e com promessas insuficientes.
Ainda durante a teleconferência, Musk mencionou que um novo modelo, já montado em uma plataforma de nova geração, pode ser lançado no segundo semestre de 2025. Mas, mais uma vez, o lançamento do carro entra no quesito das promessas insuficientes. Acredita-se que o modelo seja o elétrico barato prometido por Elon e que deveria ter estreado em 2021.
No entanto, vale lembrar que a Tesla não conseguiu sustentar a promessa de produzir um carro elétrico que custe menos de US$ 40.000 (R$ 197.000).
Concorrência e proteção do governo americano
Além da concorrência chinesa, o aumento na produção de veículos elétricos por parte das empresas ocidentais também preocupa Elon. Mas, claramente, é o país asiático seu maior adversário nesta briga.
Tanto a China como os Estados Unidos aceleraram suas indústrias de veículos elétricos com subsídios pesados, mas os chineses têm uma vantagem fundamental: o fornecimento de baterias. A China, atualmente, produz cerca de 70% das baterias de íons lítio em todo o mundo e controla 60% do fornecimento de minerais para baterias. Além disso, eles também foram pioneiros na produção da bateria LFP mais barata e durável que agora também está sendo utilizada pelas marcas ocidentais – e pela própria Tesla.
Os EUA estão tentando acompanhar a rápida construção de fábricas de baterias e instalações de refinamento de lítio, mas levará anos até que todas entrem em operação.
Apesar disso tudo, Musk tem dois aliados que devem ajudar muito nos próximos: o governo norte-americano e a população dos EUA. Em ano eleitoral, o mercado automotivo está em pauta no país e ambos concorrentes a presidência falaram sobre o assunto. Joe Biden afirma que não deixará a China dominar o mercado. Já Donald Trump planeja duplicar as tarifas de importações para carros do país asiático.
Há ainda a Starlink e SpaceX, outras duas empresas de Musk que são muito importantes para o governo norte-americano. Parece que a mão que alimenta, é também a mão que protege, então, é muito difícil imaginar que o relacionamento entre Elon e o governo termine tão cedo.
A Tesla também leva vantagem com o público estadunidense no quesito confiança. Os consumidores dos EUA consideram os carros chineses como inseguros e de qualidade inferior, muito semelhante ao que ocorre no Brasil.
No entanto, carros fabricados na China ainda conseguem ter espaço no mercado norte-americano, marcas como Buick, Lincoln e Polestar já vendem por lá carros fabricados na China. Parece que o preconceito é maior quando a marca é abertamente chinesa, mas não a qualidade dos carros em si.