A GM anunciou em abril que vai participar oficialmente da Stock Car, principal categoria de turismo nacional, não só como patrocinadora, mas sendo uma das equipes que disputam o campeonato.
Para isso, a Chevrolet associou-se à Cimed Racing, campeã das temporadas de 2015 e 2016, que passou a se chamar Chevrolet Cimed Racing.
Na ocasião do anúncio, a Chevrolet nos convidou para conhecer a equipe e o carro que pudemos dirigir na véspera dos treinos da terceira etapa da temporada, disputada no autódromo Velopark, em Nova Santa Rita (RS).
Devidamente paramentados com macacão, sapatilha, luva e capacete, tivemos que passar por um treinamento antes de pôr as mãos no carro.
Primeiro, pilotamos o Camaro SS, que é o safety car da categoria, para reconhecimento da pista.
Depois, rodamos no stock, mas no banco do passageiro. Ao volante, Felipe Fraga, um dos pilotos da equipe, nos mostrou como usar o câmbio mecânico sequencial. Somente depois disso fomos liberados para dirigir o carro.
De cara, percebi a primeira diferença entre um modelo de pista e um carro de rua, que é a dificuldade de acesso à cabine.
A estrutura de proteção interna (gaiola) e o banco concha reduzem bastante o espaço. Por sorte, o banco (que é fixo) pareceu ajustado às minhas medidas.
Me senti perfeitamente encaixado no cockpit, com flexibilidade suficientes nas pernas para apertar os pedais com a força necessária (muito maior que a de pedais convencionais) e liberdade para movimentar o volante (a cerca de 30 cm de meu peito).
A alavanca do câmbio também ficou bem ali ao lado, ao alcance da mão.
Cinto de cinco pontos atado, eu estava pronto para acelerar – os assistentes da equipe apertam tanto as tiras que, no primeiro momento, você pensa que não vai conseguir respirar, depois que acelera, porém, a gente nem lembra mais desse desconforto.
Dou a partida e a adrenalina sobe na proporção direta ao som ensurdecedor do motor, um Chevrolet V8 que pode chegar a 550 cv de potência (no Velopark, o ajuste padrão é de cerca de 450 cv). Giro alto, solto a embreagem e o carro arranca.
Em um esportivo de rua, nessa hora, talvez eu soltasse um grito de euforia, mas no stock não tive tempo e me concentrei na pista. Ele é impressionantemente rápido.
Segundo o piloto Felipe Fraga, o carro (que pesa cerca de 1.300 kg) vai de 0 a 100 km/h em cerca de 3,5 segundos.
De acordo com o piloto Cacá Bueno, que mediu a velocidade máxima no deserto de Bonneville Salt Flats, no estado de Utah (EUA), ele é capaz de chegar aos 346 km/h.
Força no câmbio
Além de rápido, o stock também é grudado no chão, seja na longitudinal, para acelerar de pronto a cada centímetro que afundo o pé no acelerador, seja na lateral, para obedecer caninamente aos movimentos do volante.
Seu câmbio, assim como a embreagem, também exige força. São cinco marchas.
Para avançar, puxo a alavanca para trás. Para reduzir, empurro para a frente.
Na reta principal, Felipe Fraga me disse que eu poderia esticar até a quinta, mas confesso que não contei as marchas na minha vez.
Apenas obedeci os sinais do chefe da equipe, Duda Pamplona, que me acompanhou como copiloto.
O câmbio do carro que nós dirigimos era a principal diferença em relação ao modelo que os pilotos estão usando nesta temporada.
A transmissão deles também é sequencial, mas com comandos eletrônicos por meio de borboletas localizadas no volante. E possui seis marchas.
Rodando, o barulho na cabine é ainda mais ensurdecedor (até mesmo para quem usa capacete), uma vez que ao som do motor se junta o ruído da transmissão, dos pneus, do vento na carroceria e de alguns componentes que não consegui identificar (e que, às vezes, me pareciam soltos a bordo).
A cada mudança de marcha, o câmbio produz um som de impacto forte que até que você se acostume parece que algo de errado aconteceu.
Ao final da reta, Pamplona pediu para eu reduzir uma marcha para contornar a primeira curva à direita e logo em seguida a segunda à esquerda.
Essa alternância de curvas é divertida e logo depois há uma pequena reta em que se pode voltar a acelerar, subindo outra marcha.
O circuito do Velopark está longe de ser unanimidade entre os pilotos.
Eles se queixam que, com apenas 2.278 m de extensão, o traçado proporciona poucas oportunidades para ultrapassar e que uma volta é cumprida num tempo muito curto, o que cria tráfego – nos treinos deste ano, os pilotos da ponta estavam levando 53 segundos para dar uma volta completa.
De minha parte, achei tudo lindo. Não tive do que reclamar.