CEO da Nissan renuncia ao cargo em meio a crise e risco de falência
Após o fracasso nas negociações de fusão com a Honda e a previsão de prejuízo para 2024, diretoria decide mudar o comando da empresa

A situação da Nissan é crítica e chegou a um limite para a diretoria. Makoto Uchida, presidente e CEO da empresa desde 2019, deixou o cargo após meses de péssimas notícias envolvendo a empresa, como o fim das negociações com a Honda para uma possível fusão e a expectativa de um prejuízo de aproximadamente US$ 519 milhões para 2024.
A saída de Uchida era esperada, com muitos apenas se perguntando quando isto aconteceria. Havia uma pressão muito grande por sua renúncia, com membros da diretoria acreditando que era insustentável mantê-lo no comando após os resultados ruins de 2024.

O próprio Uchida admitiu que a situação da Nissan é sombria, declarando em uma coletiva de imprensa realizada em fevereiro que “será difícil sobreviver sem contar com futuras parcerias.” A fabricante tem tentado cortar gastos, com planos de cortar um quinto da capacidade de produção e demitir 9.000 funcionários.
Esta contenção de gastos não será o suficiente. Além do prejuízo previsto para o ano-fiscal de 2024, a Nissan tem uma dívida que vence em 2026, que será difícil de pagar com uma operação deficitária.
Ivan Espinosa, que atuava como chief planning officer, assumirá como novo CEO da fabricante e encontrará um cenário difícil. A empresa tem uma linha de veículos que está envelhecendo rápido e não tem conseguido atender às demandas do mercado automotivo atual. Faltam versões híbridas em muitos mercados importantes, como Estados Unidos e Europa, e mesmo que tenha tido o Leaf, que foi o carro elétrico mais vendido do mundo há uma década, hoje tem tido problemas para colocar mais modelos a bateria nas ruas.
Outro problema é a China, este compartilhado com todas as outras fabricantes tradicionais. A preferência dos chineses pelas marcas locais, por contarem com mais tecnologia e um foco maior e modelos híbridos plug-in e elétricos mais eficientes, fez com que as vendas despencassem. Isso é ainda pior para a Nissan, pois ela tinha alguns carros entre os mais emplacados, como o Sentra (lá conhecido como Sylphy).

Os Estados Unidos viraram outra dificuldade para a empresa japonesa. A Nissan tem duas linhas de produção em Aguascalientes (México), onde são feitos carros como Versa, Sentra e Kicks, os três vendidos nos EUA. Com as possíveis tarifas de importação, a linha de entrada pode ficar ainda mais cara e, consequentemente, derrubar as vendas no país.
Espinosa é conhecido por ser “um cara de produto”, tanto que assumiu o comando da estratégia global de produtos da Nissan em abril de 2024. Isto é visto como um bom sinal, por ser alguém que irá acelerar o lançamento de novos elétricos e híbridos.
Rumores diziam que a Honda estava disposta a negociar novamente com a Nissan, desde que Uchida deixasse o cargo. Agora que isto aconteceu, existe a possibilidade da fusão voltar a ser negociada. Porém, a Nissan não quis comentar a respeito.