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Catalisadores no escape

Eles são a solução, não o problema

Por Eduardo Viotti
Atualizado em 9 nov 2016, 12h22 - Publicado em 17 abr 2013, 19h30
Catalisadores no escape

O catalisador é um injustiçado. Assunto recorrente em rodas de conversa, o dispositivo não costuma receber referências elogiosas, apesar de sua missão, digamos, purificadora. Entre seus detratores, corre a ideia de que sua retirada poderia melhorar o desempenho da moto.

A celeuma começou com o Promot – Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares -, que entrou em vigor em 2003. Hoje o programa está em sua terceira etapa, que prevê níveis de emissões quase impossíveis de ser atendidos sem a adoção do catalisador. Isso equipara motos e automóveis nos mesmos limites de emissão.

A lei antipoluição estimula a adoção de tecnologias nas motocicletas. Devemos à lei ambiental a chegada das centrais eletrônicas de processamento que gerenciam ignição e injeção em conjunto, entre outras inovações.

A quarta fase do programa prevê maior rigor nos processos de ensaio de homologação de motocicletas, adotando os mesmos moldes da regulamentação da Comunidade Europeia. Isso exigirá a criação de laboratórios credenciados pelo Inmetro e aceitos pelo Ibama para homologar e depois fiscalizar, com a emissão de relatório semestral, as emissões das motocicletas fabricadas no Brasil. Esses laboratórios poderão estar sediados no exterior. Hoje, em seus laboratórios, as próprias fábricas confirmam as emissões.

O Promot 4 virá em duas etapas. A primeira entra em vigor em janeiro de 2014 e mantém os mesmos índices de emissão aceitos pela fase 3. A segunda parte altera os níveis de emissão em vigor para índices ainda mais exigentes – e só deve vigorar a partir de 2016.

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Será utilizado para aferição dos níveis do Promot 4 o ciclo WMTC, de Worldwide Motorcycle Emissions Test Cycle, adotado pela Comunidade Europeia. O critério de homologação das motos não será mais a cilindrada – até 150 cc e acima -, mas a velocidade máxima, separando as motos que superam 130 km/h das que não o fazem. As montadoras vão indicar a velocidade de seus modelos para a homologação.

Cada vez mais limpo

O Promot 4 também prevê o controle das emissões de uma moto ao longo do tempo, garantindo a durabilidade do sistema antipoluição que a equipa.

Hoje, os motociclistas da cidade de São Paulo devem aferir a cada ano os níveis de poluição de suas motos, submetendo-as a uma fiscalização de emissões. Se a moto não atender aos padrões mínimos estabelecidos para o ano de fabricação de seu modelo, seu proprietário fica impedido de renovar o licenciamento e de transferir a motocicleta para outro município.

Apenas em 2016 haverá um acirramento dos limites de emissões. O projeto ainda está em tramitação no Congresso e pode sofrer alterações até sua entrada em vigor.

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O catalisador de moto é bem diferente do adotado nos automóveis, embora aplique os mesmos princípios físico-químicos de funcionamento. A ideia básica foi formulada nos anos 50 por Eugene Houdry, um engenheiro francês que morou nos Estados Unidos. Criada para aplicações imóveis em processos industriais que envolvem emissões de gases, chegou à produção automotiva em 1973, também nos EUA.

A ideia consiste em causar reações de contato dos subprodutos nocivos da combustão interna com outros elementos químicos (geralmente metais nobres e caros, como a platina, o ródio e o paládio, nomes que a gente só conhecia da tabela periódica) capazes de provocar sua transformação em moléculas neutras para o ambiente e a saúde.

O catalisador motociclístico é formado por uma colmeia metálica que transforma, mediante aceleração de reação química, os gases tóxicos emitidos pela queima do combustível em gases inofensivos. Ou seja, em vez de CO (monóxido de carbono), NOX (óxido de nitrogênio) e HC (hidrocarbonetos ou combustível cru), emite CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico), H20 (água) e N2 (nitrogênio).

Nos carros, geralmente ele é uma colmeia de cerâmica dentro de um tubo mais espesso que a tubulação de escape. Essa solução não se adapta às motos por causa do peso, do volume e da fragilidade da cerâmica, já que os escapamentos de moto são mais sujeitos a vibrações e impactos que o dos carros. A colmeia, ideal para aumentar a superfície de contato dos gases expelidos com os materiais que causam as reações de oxidação – e ao mesmo tempo não restringir o fluxo dos gases -, é também de liga metálica nas motos. É mais cara, mas muito mais leve e de menor inércia térmica. Aquece e esfria mais rápido.

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O catalisador começa a realizar sua mágica quando atinge cerca de 150 ºC, o que ocorre em segundos.

Com a elevação da temperatura, sua eficiência aumenta. Os catalisadores exigem cromados de qualidade à sua volta, para que não escureçam e fiquem com aquela aparência de queimado. É por isso, também, que cada vez mais modelos têm os escapes de cor preta.

Mexeu, perdeu

Assim, o catalisador motociclístico fica quase sempre dentro de um espessamento do tubo de escape, agora quase inexoravelmente de inox, próximo da saída do coletor ou adiante, na ponteira – onde quase sempre há mais espaço. Sim, sua adoção aumenta o peso da moto, ainda que só um pouquinho, e tem causado reflexo no design motociclístico, em que a distribuição de massas é crítica: já reparou a quantidade de motos em que o escape fica sob o motor, quase oculto?

O Conama (órgão que fiscaliza o Promot) obriga a que os catalisadores adotados nas motos tenham vida útil de pelo menos 30 000 km rodados, mas os fabricantes asseguram que ela está próxima da vida útil do motor, ou de cerca de 80 000 km.

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As motocicletas são, cada vez mais, sistemas complexos. Qualquer alteração leva a um desajuste do sistema de gerenciamento do motor (ou a uma desregulagem do carburador), exigin- do ajustes e até a troca de componentes. A motocicleta foi projetada e testada com o catalisador. Sua retirada, além de aumentar a emissão de poluentes e o consumo de combustível, vai exigir uma regulagem completa do motor e eventualmente ajustes no sistema eletrônico de gerenciamento.

Outro procedimento contraindicado é o uso de aditivos não especificados pelo fabricante ao combustível. Eles podem aderir às finas paredes do catalisador, reduzindo a ocorrência das reações químicas benéficas e até mesmo atrapalhando o fluxo dos gases de escapamento. Isso também ocorre com o óleo, daí que motos “fumando” (queimando o lubrificante por desgaste interno) não só poluem mais por causa disso como também têm a eficiência do catalisador comprometida. Além de retificar o motor, é bom prever a troca do componente.

Outra recomendação é abastecer sempre em postos de reconhecida idoneidade, procurando não colocar apenas o combustível de melhor preço que encontrar. Pelo contrário, fuja das promoções e use sempre o melhor e mais confiável combustível que puder.

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