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BYD corre para finalizar obras da fábrica na Bahia e iniciar produção em 2025

Após acusações de abuso trabalhista, parte da obra está embargada; BYD diz estar contratando uma construtora brasileira

Por Nicolas Tavares
Atualizado em 23 jan 2025, 17h52 - Publicado em 16 jan 2025, 12h22
FÁBRICA BYD CAMAÇARI
 (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)
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Em meio a discussões com o governo e audiências sobre as acusações de abusos cometidos contra os trabalhadores chineses na futura fábrica de Camaçari (BA), a BYD declarou que trabalha para manter o cronograma previsto e começar a produzir carros ainda em 2025. Para isso, a fabricante está contratando uma empresa brasileira para finalizar a construção do complexo.

Em entrevista ao Bloomberg, o presidente da BYD Brasil, Tyler Li, declarou que a empresa está correndo para finalizar a construção do primeiro prédio em Camaçari o mais rápido possível e liberar a parte embargada do canteiro de obras para retomar os trabalhos.

Fábrica da BYD em Camaçari (BA)

Li explica que, para conseguir a liberação do governo, foi contratada uma empresa nacional para realizar todo o trabalho de adaptação do canteiro de obras e corrigir todos os problemas dos alojamentos. O nome da empresa ainda não foi revelado, o que acontecerá nos próximos dias. Além deste esforço para garantir que o local esteja seguindo as leis brasileiras, a BYD está decidindo como irá substituir a Jinjiang.

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Para mostrar o seu compromisso de que a situação não se repetirá, a BYD criou um comitê de compliance para monitorar a construção e garantir que tudo esteja de acordo com a legislação. O executivo disse que irá liderar o comitê, que ainda será formado tanto por funcionários da fabricante quanto entidades externas.

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Funcionarios BYD 6
(Agência Pública/Reprodução)

A BYD afirma que a obra do primeiro prédio está 80% pronta. Será o local onde estará a linha de montagem que deve começar a operar este ano, em regime SKD e CKD, com peças prontas importadas da China. A fabricante diz que o embargo afeta os trabalhos de escavação e serra circular para os prédios da chamada fase 1.2,  que irão produzir os carros por completo no Brasil. A meta é aumentar o índice de nacionalização para até 70% durante os próximos cinco anos, incluindo a produção de baterias de lítio.

Oficialmente, Tyler Li afirma que há um alinhamento entre a operação brasileira e a matriz para resolver todos os problemas. Porém, o porta-voz da BYD na China, Li Yunfei, usou a rede social Weibo para criticar as denúncias e defini-las como uma ação para difamar a empresa e a China.

li yunfei
(Weibo/Reprodução)
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Os próximos passos continuam sendo discutidos. A BYD aguarda pela conclusão de um relatório da inspeção para saber quais foram as irregularidades identificadas e o que deverá ser feito. Enquanto isso, haverá outra audiência para discutir outros detalhes da investigação.

Refeitório da BYD em Camaçari (BA)

A fabricante divulgou hoje imagens das mudanças que serão feitas na estrutura para os trabalhadores, padronizando os refeitórios. Os ambientes eram diferentes para os funcionários chineses, com comidas servidas em baldes ou caixas térmicas, além dos alimentos serem preparados ao lado de materiais de construção.

Entenda o caso

O canteiro de obras da BYD em Camaçari está sendo investigado desde 2024, após denúncias de que a Jinjiang, construtora chinesa responsável pelo trabalho de terraplanagem e alvenaria, estaria abusando dos funcionários que vieram da China para trabalhar na obra. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari e Região (Sinditiccc) afirma ter visitado as obras em abril e já havia notado as condições dos trabalhadores.

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Todo o caso veio à tona em novembro, após uma reportagem da Agência Pública revelar fotos e vídeos de casos de agressões e das condições precárias. Em dezembro, o Ministério Público do Trabalho revelou ter enviado uma força-tarefa para o canteiro de obras, resgatando 163 trabalhadores que estavam “em condições análogas à escravidão”.

Funcionarios BYD 5

Além das condições insalubres de trabalho e dos alojamentos, o MPT acusa a Jinjiang de reter os passaportes de todos os funcionários e que os contratos eram abusivos, com o pagamento de um caução e retenção de 60% dos salários. Se o contrato fosse rescindido, o trabalhador perderia o caução, os valores retidos e ainda teria que pagar não só pela passagem de volta para a China como também restituir o custo da passagem de ida ao Brasil. Na avaliação do MPT, isso caracteriza trabalho forçado.

O MPT, com o Ministério Público, segue investigando o caso. O governo acusa a BYD e a Jinjiang de terem trazido os chineses com vistos temporários dedicados para consultores, algo usado para pessoas com habilidades específicas não encontradas no país – o que não é o caso para trabalhadores braçais em uma construção. Após uma audiência, as duas empresas se comprometeram a pagar os custos para enviar os 163 funcionários de volta à China. Tyler Li afirma que, com a rescisão do contrato com a Jinjiang, quase todos os funcionários chineses da Jinjiang retornaram ao seu país de origem, com exceção de algumas pessoas que estão realizando a desmontagem dos equipamentos da construtora e foram realocados para hotéis da região.

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