BYD, Chevrolet e Renault têm os concessionários mais insatisfeitos, revela pesquisa
Associação questionou os lojistas sobre a satisfação com os produtos, rentabilidade e comunicação com as marcas; BMW, Toyota e GWM foram as melhores colocadas
O relacionamento entre concessionários e fabricantes é crucial para que ambos tenham sucesso comercial. Desde 2003, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) realiza uma pesquisa anual para medir a satisfação dos lojistas com as marcas e, neste ano, quem se deu mal foram BYD, Chevrolet e Renault, com as piores notas no geral.
Batizada como “Voz do Concessionário”, a pesquisa é feita diretamente com as matrizes das redes de concessionários e de forma sigilosa. A meta é obter respostas sinceras dos comerciantes sem interferência das montadoras.
Um dos tópicos avaliados é o Índice de Valor, que avalia a parte de negócios, como se a fabricante coopera para assegurar a rentabilidade da concessionária, se há suporte financeiro do banco da montadora e se a remuneração recebida na venda e no pós-venda é adequada.
O outro é o Índice de Parceria Comercial, que questiona se a montadora tem uma boa comunicação com os concessionários, se os produtos oferecidos são os que os clientes querem, gestão de vendas e pós-vendas, e treinamentos oferecidos.
A BMW é a campeã no Índice de Valor, com a maior média de satisfação dos concessionários sobre a rentabilidade dos pontos de venda, obtendo uma média de 83,7% dos pontos. Logo em seguida veio a GWM, com 83,1%, o melhor resultado entre as chinesas com muita folga – a Caoa Chery aparece em 6º, com 75,6%. Fechando o pódio está a Ford, com 82,3%, mas seguida bem de perto pela Toyota (82%).
Do lado oposto da tabela, a Jaguar Land Rover tem os concessionários que mais reclamam da lucratividade, marcando 47,5%. A Kia (48,1%) foi a segunda pior e a Renault (50,5%) a terceira, empatada com a General Motors (50,5%). Outra marca premium aparece entre as piores é a Audi (54,4%) na 19ª posição, enquanto a BYD (54,9%) foi a 18ª do ranking.
O resultado de algumas marcas chama a atenção. Por exemplo, GM e JLR foram as piores avaliadas no quesito da perspectiva de crescimento do valor da concessionária nos próximos 12 meses. A situação da JLR ainda pode ser justificada pela renovação da marca e dos seus produtos, porém, a GM acaba de reestilizar Onix, Onix Plus e Tracker, além de anunciar a chegada de mais modelos.
A BYD aparece entre as piores quando o assunto é a remuneração, tanto de forma geral quanto no pós-venda, um possível reflexo da quantidade de descontos que as concessionárias oferecem com frequência.
No Índice de Parceria Comercial, a BMW liderou novamente, alcançando 85,2 pontos. A GWM veio na vice-liderança, com 83,7%, enquanto a terceira colocada foi a Toyota, com 82,6%. Ultrapassada pela Toyota, a Ford (82,1%) vem na quarta posição e a Mitsubishi (79,8%) fecha o top 5.
A pior colocada foi a Renault, obtendo 54,5%. A GM (59%) foi a segunda mais mal avaliada e a BYD (61%) foi a terceira pior. A Audi volta a aparecer entre os piores, com uma nota de 61,2% e a Citroën (62,8%) surge como a quinta marca no final do ranking.
Para os concessionários, a BYD é a que menos os ouve antes de tomar uma decisão que os afete; a que oferece políticas e procedimentos menos justos; e a que tem a pior gestão de pós-venda, tanto para serviços quanto para peças. O treinamento oferecido pela fabricante também foi criticado, com a pior nota entre todas as marcas.
Os lojistas participantes ainda dizem que a GM é a que menos oferece os produtos que os clientes querem e a que tem a pior gestão de vendas. A francesa Renault foi apontada como a com o pior marketing e pior sistema de programação de entrega dos pedidos de veículos.
QUATRO RODAS entrou em contato com GM, BYD e Renault sobre o resultado da pesquisa. A GM diz que a pesquisa não reflete a realidade do relacionamento entre a fabricante e os concessionários:
“A General Motors e a Abrac reiteram seu respeito às entidades representativas do setor automotivo, como a Fenabrave, e consideram essencial que discussões sobre a rede de concessionárias sejam conduzidas com transparência, diálogo e equilíbrio. O questionamento se baseia em uma pesquisa divulgada pela entidade, mas não reflete a realidade da atuação da GM no Brasil nem da Abrac, que representa o coletivo da rede. GM e Abrac seguem trabalhando em parceria com a rede de concessionárias, priorizando o diálogo constante, a rentabilidade, a competitividade e a confiança construída ao longo dos 100 anos de história da marca no país.”
Já a Renault destacou que tem um bom relacionamento com os concessionários e tem um trabalho “de evolução contínua”:
“A Renault do Brasil acompanha as pesquisas e estudos do mercado, como o realizado pela Fenabrave. Temos um relacionamento sólido e de longo prazo com os concessionários da marca e, junto da ABRARE (Associação Brasileira dos Concessionários Renault), temos um trabalho de evolução contínua. Estamos em um momento muito positivo da marca, com a ampliação da gama, que começou com o Kardian e que terá continuidade com o Boreal e outros produtos que chegarão ao mercado.”
A BYD não respondeu às perguntas enviadas por QUATRO RODAS até a publicação desta matéria. O texto será atualizado quando a fabricante se manifestar.
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