Fundada em 1972, a divisão BMW Motorsport foi responsável pela introdução oficial da BMW no automobilismo. Após anos de bons resultados, o fabricante de Munique começou a aplicar o aprendizado das pistas em seus automóveis. E a homologação do Série 3 de segunda geração (E30) para disputar campeonatos no Grupo A da FIA deu origem a um dos esportivos mais respeitados do mundo: o BMW M3.
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Apresentado em 1985, era uma réplica do modelo de corrida. A carroceria de duas portas recebia para-lamas abaulados para acomodar rodas de maior diâmetro e apêndices aerodinâmicos funcionais, destinados a gerar força de sustentação.
Capô, portas e teto permaneciam originais. Todo o resto era modificado para diminuir o coeficiente de arrasto. O interior era revestido de tecido, couro ou ambos, e o banco traseiro acomodava apenas dois passageiros. O painel contava com ponteiros vermelhos, o logotipo da divisão M e um termômetro de óleo no lugar do vacuômetro.
O motor S14 era o principal atrativo. Baseado no antigo quatro cilindros M10 dos anos 60, seu cabeçote tinha duplo comando e quatro válvulas por cilindro, com a mesma arquitetura empregada no lendário M88 de seis cilindros do BMW M1. Com 2,3 litros, virabrequim forjado, borboletas de admissão individuais e injeção Bosch Motronic, desenvolvia 200 cv a 6.750 rpm e 24,5 mkgf a 4.750 rpm.
A tração chegava às rodas traseiras pelo câmbio Getrag 265 de cinco velocidades. Herança das pistas, a versão europeia tinha o engate da primeira marcha no canal esquerdo, para trás. Ao isolar as outras quatro no “H” principal, foi possível tornar as trocas mais rápidas e evitar o engate involuntário da ré. Não havia controles de tração ou estabilidade, o diferencial era autoblocante e a eletrônica limitada aos freios ABS (a disco nas quatro rodas).
Pesando cerca de 1.200 kg, o BMW M3 acelerava de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e desenvolvia até 235 km/h. Mas esses dados eram secundários, pois a experiência ao volante era resultado da perfeita distribuição de peso entre os eixos e um primoroso acerto das suspensões independentes. Os comandos respondiam com obediência telepática, em especial a direção – precisa e comunicativa.
Seu maior adversário era o Mercedes 190E 2.3-16. Concebido para ralis, o sedã de Stuttgart enfrentava o M3 nas estradas e no Campeonato Alemão de Carros de Turismo (DTM), mas sem a mesma vivacidade do BMW. Duas variantes do E30 surgiram em 1988: a versão conversível (destinada ao mercado europeu) e a edição Evo, limitada a 505 unidades impostas pelo regulamento do DTM.
Dois anos depois surge a edição Sport Evolution, limitada a 600 carros: pistões maiores e virabrequim de maior curso aumentaram a cilindrada para 2,5 litros, resultando em 238 cv. O para-choque dianteiro recebia entradas de ar maiores e dutos para refrigeração dos freios, e as caixas de roda eram capazes de acondicionar rodas de até 18 polegadas. Foi o mais rápido dos M3 de primeira geração: 0 a 100 km/h em 6,1 segundos, com máxima de 248 km/h.
No total, 16.202 exemplares foram produzidos até 1990. O BMW M3 original é hoje um dos esportivos mais cultuados e altamente valorizado por colecionadores. Seus sucessores receberam motores de seis e oito cilindros, mas nenhum foi capaz de oferecer a mesma combinação de desempenho, entusiasmo e carisma. Para muitos, o primeiro M3 continua sendo o único. E o número de fãs só aumenta com o passar do tempo.
LENDA DAS PISTAS
O BMW M3 E30 faturou cinco campeonatos de turismo (mundial, europeu, australiano, italiano e alemão) e diversas provas de longa duração, como as 24 Horas de Nürburgring, 24 Horas de Spa e a 21a edição das Mil Milhas Brasileiras, em 1992.
Motor | 4 cilindros em linha, 2,3 litros, 200 cv a 6.750 rpm, 24,5 mkgf a 4.750 rpm |
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Câmbio | manual de 5 velocidades |
Dimensões | comprimento, 434 cm; largura, 168 cm; altura, 137 cm; entre-eixos, 256 cm; peso, 1.200 kg |
Desempenho | 0 a 100 km/h em 6,9 s; velocidade máxima, 235 km/h |
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