Sabe aquela bebida cara que compramos ou então aquele tênis que de tão suadas que foram as parcelas da até dó de usar só para não gastá-lo? Ter um hiperesportivo de mais de R$ 10 milhões parece ser a mesma coisa.
Quem afirma isso é o chefe criativo da Aston Martin, Marek Reichman, que teme que os compradores do Valkyrie deixem o carro parado nas suas garagem como uma peça de museu.
“Se eles querem comprar um Valkyrie e colocá-lo em um museu, ótimo. Mas você quer ouvi-los e vê-los. Você quer ver os Valkyries sendo dirigidos por túneis no feed do Instagram. Você quer que as pessoas gostem deles.”, disse Reichman ao programa Top Gear.
Uma coisa é ter dinheiro para comprar o carro, mas mantê-lo é outra história. Com revisões que beiram R$ 1 milhão, usar o Valkyrie para ir até a padaria é uma ideia absurda. E track days em pistas de corrida também não saem barato.
Fora isso, o hiperesportivo ainda tem suas próprias especificações que fogem das tradicionais revisões anuais. Por exemplo, existe uma revisão específica do câmbio aos 50.000 km, já o motor precisa ser completamente desmontado aos 80.000 km. Esses são serviços que nem têm o seu valor divulgado pela montadora.
Reichman ainda cita um único exemplo de alguém que andou o suficiente para fazer a primeira revisão de 1.000 km, que custa 28.800 euros, R$ 155.730 na cotação atual. E para o orgulho do executivo, o proprietário do Valkyrie andou cerca de 1.500 km em estradas e ruas e não em uma pista, como é o recomendado.
Mas os valores têm uma explicação mais que plausível. O Aston Martin Valkyrie foi projetado para ser um carro de Fórmula 1 para as ruas e até teve a participação da equipe da RBR no projeto. Sob o capô ele traz um poderoso motor V12 da Cosworth, que junto com outro motor elétrico somam 1.158 cv.
Tudo isso pesando apenas 1.360 kg, gerando uma relação peso/potência de 1,17 kg/cv. Na prática, isso faz com que o Valkyrie acelere de 0 a 100 km/h em apenas 2,3 s.
É bem difícil acreditar que alguém que gastou R$ 10 milhões em um carro não tenha algumas centenas de milhares para gastar todo ano com a manutenção. Mas no fim das contas, como o próprio Reichman disse, “cabe ao cliente escolher como faz”. E o que eu ou você faríamos? No meu caso, prefiro esperar os milhões caírem na conta antes de decidir.