A Aston Martin apresentou o novo DB12, que traz consigo uma “mudança quântica” nos parâmetros da marca, segundo definido por ela mesma. O que isso significa? Talvez um físico possa te explicar melhor, mas a realidade é que cupê é o primeiro de uma nova era para a montadora inglesa.
E não teria data melhor para essas mudanças. 2023 é um ano em que a Aston Martin celebra dois aniversários importantes: seus 110 anos de história e 75 da criação da linha DB. Por isso o investimento em inovação no DB12 foi pesado, fazendo dele o “DB mais completo da história”, como citou a montadora.
No design já vemos os primeiros indícios dessa nova fase da Aston Martin. Na ponta do capô, o DB12 traz o novo emblema da montadora, mas essa não é a sua estreia. O símbolo estreou, na verdade, na equipe de Fórmula 1, durante o GP da França, em junho do ano passado. Em um veículo de rua, porém, é a primeira vez.
Não só isso, o DB12 também ficou ligeiramente maior. Foram acrescidos 6 mm na dianteira e 22 mm na traseira com o objetivo de dar uma aparência mais musculosa ao cupê, enfatizado principalmente pelas caixas de roda traseiras.
Outra mudança que ajudou a deixar o DB12 mais esportivo é a sua nova grade, ainda mais opulente do que a do antecessor, D11. Com uma grade maior, o para-choque também mudou e agora traz duas entradas de ar nas extremidades.
Os faróis de led permanecem com o mesmo formato, assim como as lanternas, na traseira. O que muda, no caso dos faróis, é o arranjo interno da iluminação. Ao contrário da grade, os retrovisores externos ficaram menores para favorecer a aerodinâmica do DB12.
Se no design a Aston Martin parece ter sido mais contida em trazer mudanças radicais ao seu modelo, na parte mecânica eles investiram pesado. Começando pelo motor V8 4.0 biturbo de origem Mercedes-Benz, que passou por diversas alterações dos ingleses para chegar aos 680 cv e 81,57 kgfm, um aumento de 34% em relação ao DB11. O câmbio é automático de oito marchas e entrega a tração ao eixo traseiro.
O acréscimo aos números do motor foi alcançado graças a perfis de comando modificados, taxas de compressão otimizadas, turbocompressores de diâmetro maior e maior resfriamento. Os engenheiros da Aston Martin redesenharam completamente o sistema de arrefecimento, adicionando dois resfriadores complementares ao radiador principal.
Também foi instalado no circuito de água do resfriador de carga um radiador adicional de baixa temperatura, para garantir que o ar de admissão do motor esteja sempre na temperatura ideal, independente das condições.
O resfriador de óleo também mudou e ficou duas vezes maior do que o antigo DB, ajudando a gerenciar melhor as demandas do circuito de lubrificação. Tudo isso fica completo com o aumento de 56% nas tomadas de ar, que permite que o ar gelado circule melhor para os radiadores.
Tantas alterações se refletem no desempenho do superesportivo, que vai de 0 a 92 km/h (0 a 60 mph) de 3,5 segundos e pode atingir a velocidade máxima de 325 km/h, segundo a Aston Martin.
Mas não é só no motor que o DB12 recebeu melhorias. A Aston Martin também não mediu esforços para melhorar a dinâmica do carro, permitindo-se até fazer uma brincadeira dizendo que “Grand não é suficiente; ele é o primeiro Super Tourer do mundo”.
Para isso, pela primeira vez, a Aston Martin usou um diferencial traseiro eletrônico (E-diff), que está ligado diretamente ao controle eletrônico de estabilidade (ESC). Segundo a empresa, o E-diff traz respostas mais rápidas que um diferencial de deslizamento comum, podendo ir da abertura total a 100% travado em questão de milissegundos.
No chassi de alumínio, o DB12 recebeu um aumento de 7% na rigidez torcional graças a mudanças em uma variedade de componentes da parte inferior da carroceria, como nas bandejas, cruzeta do motor e anteparo traseiro. A montadora afirma que as mudanças melhoram não só o desempenho, assim como a sensação de direção centralizada e descentrada e a sensação geral de conexão com o motorista.
Na suspensão, as bandas de distribuição de força tiveram um aumento de 500% na largura e foram adicionados novos amortecedores adaptativos inteligentes “de última geração”. Eles trabalham em conjunto com o E-diff e o ESC para variar a capacidade de resposta de acordo com o modo de condução selecionado.
No modo Sport+, por exemplo, os amortecedores ficam mais responsivos e apertam o controle do corpo, “encolhendo o carro” ao redor do motorista. Já no modo GT, eles prezam o conforto, tentando manter a condução o mais suave possível.
Há ainda o modo Sport, que fica no meio termo entre os anteriores, e o Individual, onde o motorista fica livre para customizar o carro como quiser. Também pode selecionar entre três modos do controle de tração: Wet, On, Track & Off e criar sua própria combinação para adaptar o carro ao seu jeito de dirigir.
Outros aperfeiçoamentos foram feitos no sistema de direção elétrica assistida, com uma coluna de direção não isolada para garantir um feedback da pista ao motorista e uma taxa de resposta mais natural possível.
As rodas de 21’’ de liga forjada têm discos de ferro fundido de 400 mm na traseira e de 360 mm na dianteira, esses com faces ranhuradas e perfuradas para maior capacidade térmica. Elas são calçadas com pneus Michelin Pilot Sport 5 S, sendo o primeiro carro a vir com um desses de fábrica.
Por dentro, a Aston Martin focou na tecnologia e pela primeira vez desenvolveu seu próprio sistema de multimídia. Além de ser compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, a montadora destaca a sua rápida capacidade de resposta de apenas 30 ms. A informações são exibidas em duas telas de 10,25’’.
Mas não se preocupe, pois a modernidade não afetou o que há de bom no passado. Foram mantidos diversos controles físicos como para as opções de ventilação, seletores de condução, ESC, entre outras funções.
O novo sistema está integrado a um aplicativo de smartphone, que traz algumas facilidades, como abrir o carro e permitir que você selecione a rota, antes mesmo de entrar no carro. Ele também apresenta diagnósticos completos das condições do veículo. O DB12 também está compatível com atualizações over the air, algo comum na indústria, mas que ainda não era explorado pela Aston Martin.
Claro que o acabamento teria que ser luxuoso. O DB12 traz a opção do cliente escolher entre Alcantara ou couro legítimo, tudo sempre costurado à mão. A mistura do acabamento elegante com o console central cheio de botões e interruptores traz um toque vintage, ao mesmo tempo que as telas do sistema multimídia mostram toda a tecnologia por trás do projeto.
Ainda sem preço, o Aston Martin começa a ser entregue no último trimestre de 2023 para clientes dos EUA, Europa, China e Japão.