As versões de carros que até existem, mas ninguém nunca vê
Eles estão disponíveis nos catálogos das marcas. Mas na prática a história é outra...
SUV com calotas, picape média diesel básica, sedã médio com câmbio manual. Sim, tudo isso está à venda no mercado. Mas não quer dizer que eles são comprados pelo público em geral.
O maior exemplo desses carros fantasmas é a versão de entrada do Honda HR-V, a LX, a única com opção de câmbio manual (a partir de R$ 78.700). Talvez por isso represente só 1,3% das vendas. Não é à toa que ele é desprezado pelo mercado: apesar de manter equipamentos interessantes como o freio de mão eletrônico, retrovisores elétricos, controles de tração e estabilidade e os bancos moduláveis ULT, não traz itens importantes para o segmento, como rodas de liga leve, faróis de neblina, volante multifuncional (o do LX só tem os comandos do bluetooth) e central multimídia, encontradas na versão EX, por R$ 11.900 extras.
Para um vendedor da autorizada Honda H Point, em São Paulo (SP), a baixa procura deve-se à maior exigência do consumidor, que não aceita mais modelos básicos “principalmente um SUV, o carro da moda.” “Eu mesmo nunca vendi nenhum HR-V LX aqui”, afirma ele.
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Outra raridade é o C4 Lounge na versão básica Origine, a mais barata, a partir de R$ 69.990. Mesmo oferecendo itens dos C4 mais refinados, como o câmbio automático de 6 marchas, sensor de estacionamento, volante multifuncional e central multimídia (sem GPS), ela responde por apenas 10% do mix, e não costuma ser oferecido pelos vendedores. “Ela atende mais o portador de deficiência”, diz a Citroën. Mais rara que a Origine, porém, é a Tendance 2.0 manual (R$ 72.290), que existe só para agradar ao público que gosta desse câmbio. Por isso, representa só 1% das vendas do C4.
A Toyota também sofre com uma opção desprezada da Hilux. Sem ESP, faróis automáticos e detalhes cromados, a Hilux SR tem vendas baixas o suficiente (só 10% do mix) para, três meses após o lançamento, ter seu preço reduzido em R$ 10.000. O problema da versão fantasma é no futuro: rejeitada pelo mercado, ela tende a ter revenda mais difícil e desvalorização maior.