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Argentina obriga fabricantes de carros a produzirem em capacidade máxima

Com pandemia mais controlada, Argentina tenta conter desabastecimento e inflação. Dólar e medidas protecionistas, entretanto, são entraves

Por Eduardo Passos
13 abr 2021, 13h50
Presidente argentino Alberto Fernández agiu com firmeza e críticas vieram equivalentes
Presidente argentino Alberto Fernández agiu com firmeza e críticas vieram equivalentes (Divulgação/Volkswagen)

Se em abril do ano passado nenhum carro foi produzido pela Argentina, em 2021 a história será bem diferente. Isso porque o governo local ordenou que as fabricantes de carros operem em capacidade máxima, independentemente da demanda.

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A medida já foi publicada no Boletim Oficial do país e determina que “grandes empresas do setores de comércio e indústria fabriquem, distribuam e comercializem o máximo de sua capacidade instalada enquanto durar a emergência sanitária causada pela covid-19”.

Segundo a Secretária de Comércio Interior, a ordem busca “prevenir (…) uma redução injustificada da oferta de produtos para o mercado interno” e vale para todas as companhias que faturem mais que R$ 244,57 milhões, na conversão; na prática, todas as grandes montadoras de automóveis instaladas na nação platina.

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Segundo o portal argentino Autoblog, há uma crença nos bastidores da Presidência de que os fabricantes estão causando intencionalmente o desabastecimento no mercado, gerando filas de espera e inflação.

2021
Apesar de tudo, crise brasileira consegue ser mais aguda e Argentina vem recebendo modelos importados antes do nosso mercado, caso do Bronco Sport (Reprodução/Internet)

Os argentinos ainda vem sofrendo com forte depreciação da moeda local frente ao dólar. Piorando as coisas, medidas protecionistas de restrição às importações dificultam a vida de fabricantes, já que muitas peças automotivas são produzidas em cadeia global, sendo impossível criá-las localmente.

“Se hoje não produzimos mais não é porque queremos. É porque não contamos com os dólares ou as permissões de importação das peças necessárias para aumentar essa cota”, desabafou uma fonte anônima ligada às montadoras.

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Atualmente, a indústria automotiva vem trabalhando a cerca de 40% a 70% de sua capacidade instalada, em fábricas como a da Ford, em General Pacheco, e da Volkswagen, em Pacheco e Tucumán. Situação mais confortável que no mercado brasileiro, onde dezenas de fábricas seguem inoperantes.

Luftansicht von Volkswagen Argentina, Standort Cordoba
Fábrica da Volkswagen em Córdoba, Argentina (Divulgação/Volkswagen)

A pandemia não é problema tão grave aos argentinos, que, no dia 12 de abril, registraram 3,48 vezes menos casos e 14,74 vezes menos mortes na média móvel proporcional em relação ao Brasil.

Isso não impediu, entretanto, que a fábrica da Toyota sofresse com um surto da doença e precisasse interromper suas operações. A planta da japonesa é, ironicamente, uma das poucas que já produzem a 100% da capacidade, dado que fabrica a cobiçada nova Hilux.

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Motor ganhou 2.8 diesel agora tem 204 cv de potência e 50,9 kgfm de torque
Mesmo com a produção brasileira suspensa, Toyota segue importando picape Hilux dos vizinhos ‘hermanos’ (Divulgação/Toyota)

Com tantas restrições, não será tarefa fácil para as montadoras, literalmente, terminar seus veículos. Há risco real das fábricas produzirem carros incompletos, enquanto aguardam a chegada de peças importadas. “Não temos como colocar essa produção no mercado. Quem pagará o custo extra do estoque parado?”, questionou um executivo.

O dissabor foi unânime no meio e até fontes do Sindicato de Mecânicos e Afins do Transporte Automotor (Smata) criticaram a ordem. “É como se pedíssemos um decreto para aumentar nossos salários em 100%. Seria encantador, mas sabemos que não é viável”.

O presidente Alberto Fernández, todavia, parece determinado e ameaçou empresas que descumprirem a ordem com sanções que vão de multas a, em último caso, perda das licenças de operação. A medida já está em vigor.

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