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Após 30 anos, Renault Twingo dará lugar a carro elétrico inspirado no R5

Renault 5 EV já indicava estratégia da Renault para o segmento. Agora veio o anúncio oficial de que o Twingo só durará mais três anos

Por Eduardo Passos
29 jan 2021, 17h21
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Se a 3ª geração do Twingo estava mais para um Renault 5, sua quarta geração será, literalmente, um R5 (Divulgação/Renault)

O crescimento dos veículos elétricos vem ceifando a continuidade de vários modelos longevos, e o Renault Twingo é um desses. Informações oficiais confirmaram que o subcompacto será produzido até o fim de seu ciclo comercial, quando será substituído no catálogo da montadora francesa.

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Quem entrará no lugar do simpático Twingo é uma evolução do carro-conceito Renault 5 EV, que, ao contrário do Mégane eVision, não usará plataforma CFM-EV mas uma versão eletrificada da CFM-B, feita em parceria com a Nissan.

A volta do Renault 5 faz parte do projeto Renaulution, que pretende mudar o foco de Renault do volume de vendas para a rentabilidade. E isso vale para o Brasil.

No continente europeu, o 5 EV entrará em produção a partir de 2023, numa transição suave do Twingo 3ª geração, que sairá do mercado no ano seguinte.

Renault 5
A nova geração do Renault 5 é um dos principais carros dessa ‘revolução’ da fabricante (Divulgação/Renault)
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Além de guardar leves semelhanças com o quadradinho dos anos 1970, o novo 5 apelará aos sentimentalismo francês para conquistar corações, sendo fabricado na mesma planta que seu antecessor, em Douai.

Questões mercadológicas também farão com que a fabricante abandone o nome Twingo, já que sua última geração teve ‘ousadias’ como portas e motor traseiros que não fizeram sucesso entre os fãs do carrinho.

Carro de estimação

Espaço mais otimizado que de um apartamento paulistano
Espaço mais otimizado que de um apartamento paulistano (Xfts/Acervo pessoal)

Lançado em 1993, o Twingo aparentemente não destoava tanto na Europa, onde pequenos modelos, adaptados às ainda menores vias de lá, sempre foram comuns. 

O projeto do carro teve orçamento bem abaixo da média, e isso parece ter inspirado seus criadores a atingirem ótimos níveis de eficiência, que se refletirem, por exemplo, no espaço interno excelente para seus 3,4 m de comprimento e 1,6 m de largura.

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Teste comparativo entre o Fiesta 1.3, Corsa 1.4 e Twingo 1.2.
Sem March por cá na década de 1990, o Twingo caçou briga com Corsa e Fiesta (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Para tanto, havia artimanhas como bancos traseiros rebatíveis e que se deslocavam em até 17 centímetros, sacrificando, sem problemas quando vazio, o porta-malas.

As pretensões de superar Fiat 500, Nissan Micra e o Opel Corsa foram anunciadas pelo próprio designer do Twingo, Yves Dubrel, em entrevista exclusiva a QUATRO RODAS em junho de 1993. “Segundo os jornalistas da área, ele será o carro da década!”, disse entusiasmado.

Simpatia sempre foi arma do carro, cujo nome é mescla de “tango”, “twist” e “swing”, três estilos de dança. Sua frente foi pensada em remeter a um sorriso, como se convidasse jovens adultos a arriscá-lo como primeiro carro próprio.

Twingo sujo, compacto da Renault, da frota de testes da revista Quatro Rodas.
Em Longa Duração, Twingo foi bem exigido pela equipe de QUATRO RODAS mas passou no teste. Só manutenção e desvalorização foram alvo de crítica (Ricardo Rollo/Quatro Rodas)
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No Brasil parece ter dado certo, e em 1995 o Twingo importado da França já representava 30% das vendas da Renault no país. Sua fabricante sempre apostou no apelo jovial, tratando as novas versões como “coleções”.

Nessa pegada, houve até uma grife homônima que vendia bolsas, mochilas, gravatas e cintos temático. Além de três linhas do automóvel batizadas Kenzo, Benetton e Elite — marcas importantes no mundo fashion.

O motor 1.2 original, com 54 cv e 9,4 kgfm de torque, sempre foi o calcanhar de Aquiles do subcompacto. No fim de sua venda, já importado do Uruguai, o Twingo usava unidade 1.0 16V com quatro cilindros em linha. Seus 68 cv rendiam consumo de 14,4 km/l na cidade e mais de 20 km/l na estrada.

Exílio

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Segunda geração do Twingo (Divulgação/Renault)

Lá fora, o Twingo recebeu uma segunda geração em 2007, com facelifts até 2014. Mais comprido, o segundo Twingo ganhou até versão esportiva com motor 1.6 133 cv e direção à direita, a fim de satisfazer ingleses que insistentemente importavam-no da França.

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Desenvolvida em conjunto com os Smart Fortwo e Forfour, a terceira geração veio com cinco portas e motor traseiro que deixaram-na mais próxima do Renault 5 do que com o próprio Twingo em si.

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“Cinco portas e motor elétrico? Tudo menos um Twingo!”, diria um purista sobre a variante elétrica da terceira geração (Divulgação/Renault)

A Renault criou até o brevíssimo Twingo Z.E, que mal foi lançado e saiu de linha após a Smart ser adquirida pela chinesa Geely, que inclusive pode assumir a fábrica da Ford em Camaçari.

Renault 5 EV

Renault 5
As linhas marcadas relembram o ‘quadrado’ Renault 5 das antigas (Divulgação/Renault)

Produzido de 1972 a 1999, o Renault 5 fez sucesso das ruas aos ralis, com sua icônica versão R5 Turbo trazendo motor central 1.4 de 160 cv e servindo como base ao novo EV.

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Qualquer semelhança não é mera coincidência. Só não espere motor elétrico central e, claro, turbocompressor
Qualquer semelhança não é mera coincidência. Só não espere motor elétrico central e, claro, turbocompressor (Divulgação/Renault)

Até 2023 várias coisas devem mudar no protótipo, mas as imagens divulgadas já mostram um revival das linhas quadradas do original, sem sacrificar a aerodinâmica crucial aos carros elétricos.

Ao todo serão 25 novos carros lançados pela Renault, Dacia e Alpine nos próximos quatro anos, sendo sete totalmente EVs — o Renault 5 incluído. No Brasil e no mundo, a memória do Twingo ao menos seguirá viva em memes, redes sociais e boas histórias vividas por seus proprietários.

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Quatro Rodas capa 741
(arte/Quatro Rodas)
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