A artesanal montagem do Iveco Guarani, o superblindado brasileiro
Visitamos a linha de montagem e acompanhamos os testes que checam se o veículo atende aos requisitos do Exército Brasileiro
Não é todo dia que se tem permissão para visitar linhas de montagem. Ainda mais em uma fábrica de veículos militares, cercada de barreiras, controles e sigilos acima do normal.
A Iveco Defense abriu uma exceção, no entanto, e nos deixou visitar sua linha de montagem que fica na cidade de Sete Lagoas, Minas Gerais.
Essa unidade da Iveco Defense é a fábrica de onde sai o blindado Guarani, veículo para o transporte de tropas do Exército Brasileiro.
A montagem do Guarani ocorre em estações, como a maioria dos veículos de produção limitada, como os superesportivos por exemplo.
Segundo a Iveco, a fábrica de Sete Lagoas tem capacidade de produzir 120 unidades do Guarani por ano.
O processo de fabricação é extremamente minucioso contando com etapas artesanais, principalmente na soldagem do aço balístico que não comporta solda automática com uso de robôs.
A montagem completa do Guarani requer 2.500 horas de trabalho, sendo que cerca de 1.500 horas é dedicada ao processo de soldagem.
O aço balístico que garante proteção contra tiros de fuzil 762 perfurante é importado da Alemanha mas o índice de nacionalização do Guarani chega a 60%, incluindo o motor (8.7 de seis cilindros, diesel, com 383 cv de potência e 154 kg de torque) e o chassi.
A transmissão automática é do tipo 6×6. Os freios usam discos nas seis rodas. E a suspensão é independente (tipo McPherson) nos três eixos.
A fábrica da Iveco conta com três máquinas capazes de girar o Guarani em 360 graus e elevá-lo à altura e ângulo adequados para a conclusão da soldagem final.
Na sequência, a carroceria segue para pintura e recebe uma manta interna para proteção dos ocupantes.
Essa manta é feita de um material capaz de absorver impactos e impedir que estilhaços se soltem da estrutura da carroceria e atinjam a tropa.
Adicionalmente, o Guarani pode receber ainda proteção contra projéteis de metralhadora antiaérea calibre .50.
Depois, o Guarani recebe uma espessa camada de blindagem em sua base para proteção contra minas terrestres e segue para a próxima etapa.
O veículo segue para o setor onde são montados chassi, motor e demais componentes internos e externos do blindado.
Concluída a montagem cada unidade que deixa a linha de montagem segue para o campo de provas da fábrica construído especialmente para avaliar seus sistemas elétricos, hidráulicos e eletrônicos bem como os freios e o sistema de propulsão na água (o Guarani também é anfíbio).
Ao final de nossa visita à fábrica, nós também seguimos para acompanhar a bateria de testes.
Em alguns momentos, como no teste de navegação, nós apenas assistimos aos ensaios. Mas, em outros, como nas rampas de até 60%, pudemos acompanhar a avaliação a bordo do blindado.