Guia de Usados: Renault Sandero Stepway
Bonito e funcional, o aventureiro agrada pelo espaço interno e robustez, mas deixa a desejar no acabamento interno
Quando o Renault Sandero chegou ao mercado, em 2008, não faltaram críticas ao acabamento e ao visual genérico: projetado para custar pouco, o hatch foi idealizado para mercados emergentes, onde robustez e manutenção acessível são a maior exigência. O capricho visual viria apenas no modelo 2009, com a versão aventureira Stepway.
E agradou em cheio: suspensão 4 cm mais alta, rodas aro 16, pneus 195/60, apêndices plásticos nas laterais, para-lamas e para-choques, faróis máscara negra, lanternas fumê, ponteira de escape de inox e rack com aerofólio no teto. O interior é simples, mas bem-feito: bancos com revestimento exclusivo, instrumentos do painel com anéis brancos, detalhes de acabamento de cor prata e baixo nível de ruído.
De série vinham o bom e velho motor 1.6 16V de 112/107 cv, direção hidráulica, faróis auxiliares, computador de bordo e limpador traseiro. Entre os opcionais estavam ar-condicionado, vidros, travas e espelhos elétricos, alarme, som com acionamento no volante, bancos de couro, ABS e duplo airbag.
Com três anos de garantia, posição de guiar elevada, muito espaço interno, porta-malas de 320 litros e preço abaixo da concorrência, o Stepway se firmou como uma das melhores opções até a chegada do Duster: o modelo 2012 recebeu uma discreta reestilização, mudança dos comandos dos vidros elétricos (do console para as portas), melhor revestimento interno e novo grafismo no painel. Depois veio o câmbio automático sequencial de quatro marchas opcional e a tiragem especial Rip Curl, com ar de série, mas sem airbags e ABS nem como opcional. Para rebater as críticas de pouca força em baixa rotação, surgiu o 1.6 8V Hi-Power, 106/98 cv e 85% do torque máximo a baixos 1 500 rpm. A segunda geração, de visual todo novo, estreou em novembro passado, já como linha 2015.
Sucesso de vendas, o Stepway oferece uma relação custo-benefício quase imbatível para quem precisa de um aventureiro bonito, competente e espaçoso sem um desnecessário estepe pendurado na traseira. Robusto e fácil de manter, sua elevada altura do solo não compromete a estabilidade e permite trafegar com segurança tanto em ruas esburacadas como em estradas de terra.
FIQUE DE OLHO
É preciso cuidado especial com o estado da correia dentada e de seu tensionador: caso ela se rompa, os danos nas válvulas vão exigir retífica do cabeçote. O problema pode ocorrer tanto no 1.6 16V (pelo ângulo de trabalho das válvulas) como no 1.6 8V Hi-Power (pela taxa de compressão mais alta).
NÓS DISSEMOS
Dezembro de 2008
“O Sandero Stepway chama atenção por onde passa. A carroceria, que já é volumosa nas versões ‘de rua’, parece ter crescido ainda mais com os adereços off-road (…) e com a suspensão elevada. Por dentro, o visual é monótono como o de um Sandero comum, um carro que fez voto de humildade antes mesmo de nascer. Os únicos elementos de distinção são os puxadores das portas estilizados e os aros dos instrumentos. A versão topo de linha é bem-equipada. Por R$ 53 700, o comprador leva ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico e sistema de som com comandos satélites junto ao volante, além de ABS e airbags.”
PREÇO DOS USADOS (EM MÉDIA)
1.6 16v
2010: 28.774
2011: 30.172
2012: 33.638
2013: 37.485
2014: 43.149
1.6 16v Aut.
2012: 36.563
2013: 39.320
2014: 55.759
PREÇO DAS PEÇAS
Para-choque dianteiro
Original: 794
Paralelo: 990
Farol (cada um)
Original: 557
Paralelo: 499
Retrovisor (cada um)
Original: 486
Paralelo: 300
Disco de freio (par)
Original: 422
Paralelo: 250
Pastilhas de freio (jogo)
Original: 184
Paralelo: 170
PENSE TAMBÉM NUM…
Palio Adventure
Pioneira, a Palio Adventure é uma aventureira com pneus de uso misto e suspensão elevada e reforçada. Não oferece o mesmo espaço interno do Stepway, mas o acabamento é similar, com plásticos de baixa qualidade e encaixes imperfeitos. A procura começa nos modelos 2005, primeiro ano do motor 1.8 flex (110/106 cv), mas fique atento à presença de freios ABS e airbag duplo, que só eram oferecidos como opcionais. Suspensão ainda mais alta, pneus 205/70 R15 e bloqueio de diferencial Locker eram as novidades do modelo 2009. Câmbio automatizado Dualogic só a partir da linha 2010.
ONDE O BICHO PEGA
Suspensão
O Stepway parece imune a buracos, lombadas e valetas, mas não é o que ocorre: barulhos na suspensão podem indicar maus tratos que abreviaram a vida útil de buchas, batentes e bieletas. Uma revisão geral no sistema fica em torno de R$ 1 000.
Pneus
Largos e altos, os pneuzões 195/60 garantem boa dose de conforto e estabilidade, mas são caros: se estiverem gastos, você desembolsará cerca de R$ 1 500 pelos quatro, fora alinhamento e balanceamento.
Acabamento
É o calcanhar de aquiles do modelo: interior repleto de plásticos e estofamento em tramas finas e frágeis, de baixa qualidade. Mas tem sua utilidade: acabamento interno muito surrado pode indicar uma quilometragem real diferente da apresentada no hodômetro.
Marcador de combustível
Pode apresentar erros de leitura, provocados por danos na boia do tanque de combustível: para substituí-la, gasta-se em torno de R$ 200 (mão de obra inclusa). Se o problema for na tela de cristal líquido, o conserto sobe para R$ 500.
Recall
Em janeiro de 2012, a Renault convocou um recall para verificar e substituir (quando necessário) a caixa de direção hidráulica, devido à possibilidade de travamento da direção. A medida afeta os modelos 2012 com final de chassi CJ856414 a CJ917170.
A VOZ DO DONO
“Gosto da posição de dirigir elevada e da maior altura do solo, que me permite trafegar por ruas e estradas sem me preocupar muito com a pavimentação. Bom espaço para cinco pessoas e um porta-malas adequado à sua proposta. Tem personalidade, é bonito, mas o acionamento dos vidros elétricos no console compromete a ergonomia.” Meire Cavalcante, 34 anos, consultora em educação, São Paulo (SP)
O QUE EU ADORO
“Custo-benefício imbatível: você não acha nada tão confortável e com um desempenho tão bom nessa faixa de preço. Além de ser robusto, sua manutenção é simples.” Vinicius Xavier de Araújo, 25 anos, administrador de redes, São Bernardo do Campo (SP)
O QUE EU ODEIO
“O ar-condicionado não refrigera de maneira eficiente, a direção hidráulica poderia ser mais macia e o acesso dos passageiros ao banco traseiro é ruim.” José Ruben de Góes, 55 anos, publicitário, Piracicaba (SP)