Dificilmente você terá visto algum desses rodando pelas ruas. Não por menos: foram poucos Lancer Sportback Ralliart vendidos entre 2011 e 2013. E se algum já passou por você, provavelmente passou rápido.
Se a ideia é sair do senso comum, partir para a esportividade e investir entre R$ 60.000 e R$ 90.000 em um carro baseado na lenda Lancer Evo, sem se importar com uma futura revenda, o hatch da Mitsubishi pode ser uma opção bem tentadora.
Os valores são altos, mas bem mais em conta que um Lancer Evo X usado (tabelado pela FIPE entre R$ 93.765 e R$ 118.137 nos mesmos ano-modelo).
O Sportback chegou ao Brasil no segundo semestre de 2011 como uma opção mais descolada do Lancer sedã. Visualmente, a diferença está apenas depois das portas traseiras: sai o terceiro volume bem definido, entra a traseira com uma caída que remete a um cupê, arrematado por grandes lanternas horizontais e um aerofólio no topo.
Já a dianteira é exatamente a mesma do Evo, incluindo o capô de alumínio com entradas e saídas de ar funcionais.
Por dentro, no entanto, nada de ousadia nem requinte. Assim como nas demais configurações do Lancer, o Sportback abusa da sobriedade no painel, de traços horizontais e revestimentos de aspecto simples.
O destaque vai para os bancos esportivos de couro da Recaro – além do porta-malas de 450 litros, 37 a mais em relação ao sedã. Entre os equipamentos de série, ele trazia central multimídia, sete airbags, freios ABS, controles eletrônicos de estabilidade e tração, teto solar e ar-condicionado digital.
Mas se o visual hatchback divide opiniões e o acabamento não condiz com os R$ 149.990 cobrados quando zero quilômetro, o conjunto mecânico deixa qualquer gearhead alucinado.
O motor 2.0 turbo de quatro cilindros entrega 250 cv (45 a menos do que o Lancer Evolution) e impressionantes 35 mkgf a 2.500 rpm, acompanhado de um câmbio automatizado de dupla embreagem de seis marchas, com opção de trocas manuais por aletas atrás do volante.
A tração é sempre integral, com direito a um diferencial ativo que distribui a tração entre os eixos dianteiro e traseiro, além de uma tecla junto ao câmbio que permite a seleção do tipo de terreno percorrido (neve, terra e asfalto).
Com essa combinação, nos testes realizados por QUATRO RODAS no lançamento do modelo, o Lancer Sportback Ralliart foi de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e fez a retomada de 80 a 120 km/h em rápidos 4,4 segundos.
Tudo isso com um consumo digno de elogios para um esportivo desse calibre: 7,3 e 9 km/l em ciclo urbano e rodoviário, respectivamente. A suspensão, embora de acerto mais pacato e macio em relação ao sedã, garante a pegada agressiva proposta.
Pelas baixas vendas e por sair de linha no Japão, deixou o mercado brasileiro em 2013 – e de maneira muito discreta, uma vez que não é possível nem encontrar notícias sobre sua descontinuação na web.
A VOZ DO DONO
“O veículo tem um propósito esportivo de referência, pelo qual muitos donos optam por fazer upgrades. Apesar de já sair apimentado de fábrica, com um ótimo desempenho, ele pode ficar ainda melhor sem precisar mexer muito. Entre os pontos fracos estão o turbo lag nas arrancadas e o sistema de freios, que acredito que poderia ser mais eficiente.” – Anderson Oliveira Porfírio, empresário, 40 anos, Diadema (SP)
PREÇO MÉDIO DOS USADOS (FIPE)
2010 | 2011 | 2012 | 2013 | |
Lancer Sportback Ralliart | R$ 71.479 | R$ 73.929 | R$ 76.495 | R$ 83.065 |
ONDE O BICHO PEGA
Mercado – O Lancer Sportback é um modelo de nicho, de baixa procura e difícil revenda – e é importante saber disso antes de levar um para casa. Um típico modelo para casar – o que não necessariamente é ruim, afinal existem casamentos felizes para sempre.
Modificações – Sua proposta esportiva e o histórico de competições da linha Lancer o torna suscetível a alterações mecânicas para ganho de performance. Atente-se para a originalidade do carro escolhido ou certifique-se da qualidade dos serviços executados caso ele tenha upgrades.
Seguro – Diversos fatores influenciam para que as seguradoras cobrem alto para garantirem a tranquilidade dos donos do modelos – como a classificação de esportivo, as vendas baixas e o fato de ser um importado. Por isso, algumas apólices podem custar até R$ 15.000/ano na cidade de São Paulo para perfis considerados fora de risco.
NÓS DISSEMOS
Dezembro de 2011 – “No asfalto molhado, fica evidente o trabalho do diferencial ativo e do controle eletrônico de tração: basta o Lancer começar a sair de frente para os dispositivos entrarem em ação e devolverem o carro à trajetória (…). Na pista, o Sportback Ralliart mandou bem nas provas dinâmicas, com acelerações e retomadas vigorosas”