Guia de Usados: Kia Cerato (2ª geração)
Bonito e com ótimo custo-benefício, ele pesa com custo de manutenção alto e barulhos na suspensão
Quem acompanha o mercado de sedãs sabe que muitos dos lançamentos não são um primor de beleza e harmonia. Não é o caso do Kia Cerato de segunda geração, que tem no estilo um de seus maiores trunfos.
Apresentado na linha 2010 e substituido em 2013, o coreano é obra do designer Peter Schreyer, que trabalhou mais de 25 anos na Audi.
Já seu motor 1.6 16V de 126 cv convence, mas não empolga. Com 1.223 kg e câmbio automático de quatro marchas, o carro quando está carregado sofre em aclives, acelerações e retomadas.
O problema foi amenizado na linha 2011, com caixas de seis velocidades (manual e automática). Relações de marcha mais próximas exploravam melhor os 15,9 mkgf a 4.200 rpm.
Ao menos ele é econômico, mérito do Cx de 0,29, que atenuava o fato de não ser flex.
O comprador do Cerato, no entanto, era seduzido mesmo pela garantia de cinco anos e pelo excelente custo-benefício.
A versão mais simples já vinha de fábrica com ar-condicionado, airbags dianteiros, trio elétrico, computador de bordo, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 15 e um ótimo sistema de som com entradas auxiliares USB e para iPod.
A versão mais procurada é a intermediária, que acrescenta ABS, encostos de cabeça ativos, acabamento interno diferenciado, volante e manopla do câmbio revestidos de couro, ar digital e rodas aro 16.
A versão top trazia itens que realçavam a esportividade, como rodas de 17 polegadas e detalhes de acabamento interno vermelhos.
Apesar de bem projetado, o interior do Cerato abusa de plásticos de aspecto barato e o revestimento do estofamento tem aparência barata demais para o segmento.
Outra queixa comum dos proprietários é a suspensão, de curso muito curto e que sofre constantemente com batidas secas em pisos irregulares, que vez ou outra resultam em danos à caixa de direção, buchas e batentes.
Essa dureza, aliada ao acabamento simplório do interior, resulta em excesso de ruídos.
Outro ponto negativo é o pós-venda: as revisões são relativamente caras e algumas peças quase nunca estão disponíveis para pronta-entrega, principalmente em cidades longe das capitais.
FUJA DA ROUBADA
Não vale a pena investir nos Cerato mais básicos: os freios traseiros são a tambor e não há a opção de ABS e encostos de cabeça ativos.
A VOZ DO DONO
“O Cerato é um carro bonito e sóbrio: tem desenho esportivo e formal ao mesmo tempo. Ele tem muita presença e nunca passa despercebido. À exceção da suspensão dura e barulhenta, gusto do seu conforto e economia, mas sinto que falta potência às vezes, mesmo explorando o recurso do câmbio automático sequencial.” – Elson Carlos da Silva, 40 anos, empresário, São Paulo (SP)
O que eu amo: “Bom custo-benefício, belo design, baixo consumo (nem precisa ser flex) e um áudio que surpreendeu pela ótima qualidade de som. Além disso, é superconfiável.” – Lucas Cortezia Quedevez, 27 anos, estudante, Rio de Janeiro (RJ)
O que eu odeio: “A suspensão é dura demais para o piso brasileiro, o que o torna barulhento. O motor poderia ser mais forte, pois sofre quando está carregado. E a rede deixa a desejar.” – Gustavo Camargo, 25 anos, profissional de marketing, Campinas (SP)
ONDE O BICHO PEGA
Câmbio automático – Pode apresentar falhas nos comandos, deixando de reduzir ou avançar marchas. O problema vem do mau contato elétrico na solenoid da alavanca seletora, devendo ser substituída em garantia.
Suspensão – O ajuste mais firme resulta em batidas secas e interior barulhento. Boa parte desses solavancos se deve a batentes de amortecedores gastos, que devem ser reclamados em garantia. Um jogo novo não sai por menos de 500 reais, mais 300 de mão de obra.
Caixa de direção – Batidas secas na parte dianteira podem significar uma caixa de direção comprometida ou desgaste nas buchas da cremalheira, transtorno abordado pela seção Autodefesa de julho de 2011. Problema recorrente, ele é causado por graxa lubrificante fora da especificação. A Kia costuma fazer o conserto em garantia.
Embreagem – De acionamento hidráulico, pode deixar o pedal mais duro de acionar por desgaste precoce do atuador. As concessionárias têm substituído o conjunto em garantia.
Motor – Pode apresentar problemas de detonação em função da qualidade do combustível, a famosa batida de pino. O problema some com o uso de gasolina de boa procedência, mas se persistir só poderá ser sanada com a reprogramação da injeção.
NÓS DISSEMOS – Setembro de 2009
“O Cerato tem o porte do Corolla. Se parece menor, é graças ao trabalho de peter Schreyer. (…) Ele é tão bonito que às vezes decepciona. Você corre a mão pelo painel e encontra plástico duro, em vez de superfícies emborrachadas. (…) O banco do motorista tem ajuste de altura, mas é forrado por tecido sintético não muito diferente daquele que encontramos no Mille. (…) a suspensão é convencional (McPherson na frente e barra de torção atrás), mas o ajuste lembra o do antigo Corolla. Na cidade, ele filtra bem os buracos e paralelepípedos, sem sacolejos ou batidas ocas. Em velocidade, o Cerato é comunicativo, mas não é nervoso.”
2010 | 2011 | 2012 | 2013 | |
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1.6 16V M/T | R$ 32.650 | R$ 33.744 | R$ 35.641 | R$ 40.974 |
1.6 16V A/T | R$ 34.008 | R$ 36.756 | R$ 40.383 | R$ 45.895 |
PENSE TAMBÉM EM UM …
Honda City: Se você ainda hesita em apostar num Kia Cerato, o Honda City é uma alternativa a ser considerada. Seu motor 1.5 16V tem a vantagem de ser flex, o câmbio automático sequencial de cinco marchas é muito bem escalonado e o porta-malas impressiona com seus 504 litros (o Kia tem 415 litros).
O rodar firme é semelhante ao do Cerato, mas o City leva vantagem pela precisão da direção elétrica, no custo de manutenção e no atendimento do pós-venda, mesmo com a garantia de apenas três anos.
Considerado caro, o Honda nunca se destacou na relação custo-benefício, porém é mais bem aceito pelo mercado.