Fiat Punto T-Jet usado é esportivo com motor turbo à moda antiga
O hatch é um turbinado à moda antiga: não tem injeção direta, nem comando variável. Mas conquistou uma legião de fãs em seus sete anos de existência
Quando foi lançado por aqui, em 2009, o Punto T-Jet parecia reviver um segmento quase esquecido no mercado: o dos hot hatches com esportividade além do visual.
A versão turbinada conquistou um legado com um número considerável de admiradores e proprietários. Porém, a falta de atualizações mecânicas fez com que o modelo ficasse ultrapassado frente à concorrência, hoje bem mais forte, composta por modelos como Peugeot 208 GT, Renault Sandero R.S., DS 3 e Suzuki Swift Sport.
Um dos pontos altos do T-Jet é seu estilo, que permanece atraente. Com boas mudanças em relação às configurações tradicionais (principalmente após o facelift feito em 2012), o hatch adota para-choques alargados, com linhas mais esportivas, aberturas maiores, grades com trama de colmeia, luzes de ré centrais e dupla saída de escape.
De lado, além dos adesivos que identificam a versão, as rodas de 17 polegadas e acabamento diamantado são exclusivas.
Por dentro, ele também tem visual mais caprichado em relação às demais versões. Os bancos possuem apoios laterais mais generosos, e a tela digital no meio do painel de instrumentos exibe um gráfico que indica a pressão do turbo.
Ao lado da alavanca de câmbio, fica o chamado Seletor DNA, um comando com três modos: Dynamic, Normal e Autonomy. Cada programa modifica os mapas de calibração da central eletrônica para gerar reações mais ágeis ou mais voltadas para a economia.
Moderno em sua época e um dos pioneiros aqui no Brasil no conceito de downsizing, o motor 1.4 16V turbo acabou ficando para trás por não ter injeção direta de combustível, comando variável e beber apenas gasolina, diferentemente dos rivais 208 GT e Sandero R.S. (o último, equipado com um 2.0 aspirado).
Acompanhado de um câmbio manual de cinco marchas (contra seis dos franceses), o conjunto entrega 152 cv e 21,1 mkgf. No teste de pista feito pela QUATRO RODAS em 2012, o carro foi de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos, com boas médias de consumo de 10,4/13,1 km/l em ciclo urbano/rodoviário.
Mais importante é a boa convivência com o carro. Além da vocação esportiva com consumo de 1.6 aspirado, o Punto T-Jet pode ser o carro da família: apesar da suspensão mais firme, ele lida bem com as irregularidades e oferece conforto para o motorista e para os demais ocupantes.
Principais características do Punto, a posição de dirigir é ótima e o espaço traseiro acomoda bem três ocupantes (inclusive na altura). O porta-malas de 280 litros está na média da categoria.
Ele saiu de linha custando salgados R$ 75.300, sendo substituído pela versão pseudo-esportiva Blackmotion, com motor 1.8 flex de até 132 cv e que saía por R$ 63.620.
O Punto mais esportivo de todos já sofreu com enorme desvalorização, mas vem sendo meio que redescoberto no mercado de usados nos últimos anos. Afinal, é um ótimo carro para quem busca diversão quase que à moda antiga e boa performance sem abrir mão da comodidade nos momentos mais tranquilos.
Problemas e defeitos do Fiat Punto T-Jet
Baixas rotações – Mesmo com credenciais esportivas, o T-Jet tem seus instantes de indisposição. Abaixo de 2.250 rpm, é unânime a reclamação de que o modelo parece equipado com um motor 1.4 aspirado pela demora da atuação da turbina. Ou seja, não adianta tentar sair na frente após passar por lombadas e valetas em segunda marcha: para isso, é melhor colocar a primeira.
Câmbio – Trocas imprecisas (especialmente entre 2ª e 3ª marcha), além da dificuldade de engate, são reclamações recorrentes de proprietários do modelo. Causados por mau uso ou não, é sempre bom ficar atento.
Bocal do tanque de combustível – O bocal do tanque de combustível apresenta dificuldade para ser aberto e fechado. Há diversos casos de tampa do porta-luvas que também insiste em não fechar.
Vida egressa – Como todo esportivo, é preciso ficar de olho em alterações mecânicas feitas pelos proprietários e no estado de componentes que podem ter sofrido desgaste acima do normal devido ao uso, digamos, empolgante do carro.
A VOZ DO DONO
Carlos Eduardo Bernardelli, 23 anos, vendedor, Valinhos (SP):
“Ótimo custo-benefício, principalmente considerando a união entre desempenho e aparência. Confortável, dirigibilidade excelente e pacote de itens de série e opcionais bem completo. O teto solar é um show à parte. Apesar de ser um motor de 2008, tem um bom desempenho e um consumo plausível para o que oferece. Peca nas peças de reposição, dificilmente encontráveis para pronta entrega.”
Gabriel Felipe Käfer, 20 anos, estudante, Francisco Beltrão (PR):
O que eu adoro: “O custo-benefício é imbatível e o carro tem equipamentos difíceis de serem achados em um hatch compacto, como ar-digital, sensores de luz e chuva, teto solar duplo panorâmico, piloto automático e bancos em couro. O motor, com potência e consumo justos, tem uma tocada esportiva que não deve em nada para os conjuntos mais modernos. Já o visual é extremamente acertado e chama muito atenção mesmo sendo um carro lançado há vários anos.”
O que eu odeio: “O motor não está calibrado pra rodar na gasolina comum brasileira, ele tende a ter algumas falhas quando não abastecido na Podium, enquanto o câmbio pode ficar com os engates ainda mais imprecisos com o tempo. O coletor de escapamento tem um defeito crônico de trinca, que se manifesta em todos os Puntos T-Jet. O preço de um novo original? Absurdos R$ 5.600. Um paralelo, de boa qualidade, sai por cerca de R$ 800.”
NÓS DISSEMOS
Março de 2009: “Para quem busca um compacto com tempero mais forte de fábrica, ele é o número certo. Aliás, corre sozinho nessa categoria. Seu preço é honesto e ele entrega diversão na medida que seu visual promete. Nem mais, nem menos. (…) Entre pista e rua, o T-Jet trilha o caminho do meio. A suspensão foi retrabalhada para garantir mais firmeza apenas nas curvas. Quem gosta de dirigir esportivamente, mas não quer saber de sacrifícios, deve aprovar. Na estrada, ele é só alegria. A posição de dirigir é aquela típica do Punto – que, para quem não conhece, eu posso garantir, é bastante interessante.”
Preço médio dos usados (FIPE)
Punto T-Jet | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 |
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Preço | R$ 39.536 | R$ 45.000 |
R$ 46.850
|
R$ 57.420 | R$ 60.778 | R$ 63.263 | R$ 68.775 |
ACELERAÇÃO | |
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0 a 100 km/h: | 9,1 s |
0 a 1000 m: | 30,5 s – 169,7 km/h |
VELOCIDADE MÁXIMA: | 203 km/h |
RETOMADA | |
40 a 80 km/h (3ª marcha): | 5,8 s |
60 a 100 km/h (4ª marcha): | 7,8 s |
80 a 120 km/h (5ª marcha): | 10,7 s |
FRENAGENS | |
60 / 80 / 120 km/h a 0: | 16,9 / 28,5 / 65,2 m |
CONSUMO | |
Urbano: | 10,4 km/l |
Rodoviário: | 13,1 km/l |
Motor: | gasolina, diant., transv., 4 cil., 1 368 cm3, 152 cv a 5 500 rpm, 21,1 mkgf entre 2 250 e 4 500 rpm |
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Câmbio: | manual, 5 marchas |
Suspensão: | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios: | discos ventilados (dianteira); sólidos (traseira) |
Rodas e pneus: | liga leve, 205/50 R17 |
Dimensões: | comprimento 406,5 cm; altura 150,1 cm; largura 172,7 cm; entre-eixos 251 cm; peso, 1 263 kg; porta-malas 280l; tanque 60 litros |
Equipamentos de série: | rodas de liga de 17 pol., bancos de couro (parciais) |