Guia de usados: Mercedes-Benz Classe C (3ª geração)
A estrela mais popular do fabricante alemão brilha entre os seminovos, mas é preciso tomar cuidado com a procedência
Precisa de um carro espaçoso e confiável? Em vez de pensar num sedã japonês, considere investir numa dose extra de prestígio, segurança e conforto: são predicados intrínsecos ao Mercedes Classe C, um dos sedãs mais badalados do mercado.
A terceira geração (código W204) desembarcou aqui como modelo 2008, com suas linhas angulosas que ditavam um estilo conservador e esportivo. Maior e mais espaçoso que o anterior, ele brigava em pé de igualdade com BMW Série 3, Audi A4 e Volvo S60, e seria substituído no final de 2014 pela quarta geração, mais leve – mas também mais cara.
Havia três versões: o C 200 Kompressor trazia um 1.8 de 184 cv dotado de compressor mecânico, com dois padrões de acabamento (Classic e Avantgarde). O top C 280 trazia um V6 de 3 litros e 231 cv e foi oferecido apenas no Avantgarde.
Todos possuem ABS, controles de tração e estabilidade, airbags frontais, laterais e de cortina, encostos de cabeça proativos e o Pre-Safe, que alerta para uma colisão iminente e prepara o veículo para o impacto. O C 200 Avant garde diferenciava-se pelos faróis bixenônio e o C 280, pelo câmbio automático sequencial de sete marchas e pelos sensores de estacionamento.
Fôlego extra veio no C 350 Sport, com seu V6 3.5 de 272 cv: vai de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos. Tem suspensão mais baixa, freios e rodas aro 17 do AMG e trocas de marcha no volante de couro. O modelo 2010 marcou a volta do C 180 Kompressor, agora com um 1.6 de 156 cv, enquanto o C 300 Sport passou ser a versão top, com seu V6 3.0 de 231 cv.
Turbo e injeção direta eram as novidades do 2011: C 180 CGI Classic, C 200 CGI Avantgarde e C 200 CGI Sport estavam mais rápidos e econômicos. O C 250 CGI Sport chegou no início de 2011, pouco antes da estreia da linha 2012, reestilizada. O carro ganhou dianteira mais agressiva e estendia o câmbio automático 7G-Tronic de sete marchas para todas as versões.
Na hora da compra, mais importante que a versão é uma análise criteriosa: recheado de tecnologia, o Classe C é repleto de mecanismos complexos que pedem atenção da rede autorizada ou oficinas especializadas na marca. Um Classe C com manutenção negligenciada é mau negócio: suas peças são caras e nem sempre encontradas no mercado paralelo.
FIQUE DE OLHO
Os maiores danos no Classe C são causados por quem descuida da manutenção preventiva, segundo Rodrigo Maluhy, mecânico especializado em Mercedes. “Foi-se o tempo em que alguns itens duravam 30 anos. Então é preciso prestar atenção no histórico. As peças são caras e muitas vezes uma simples revisão de rotina estoura o orçamento.”
ONDE O BICHO PEGA
Direção
Atenção ao estado da bomba hidráulica e da caixa de direção: o sistema deve funcionar de maneira suave, sem estalos, ruídos anormais ou vazamentos.
Amortecedores
Barulho excessivo na suspensão dianteira pode ser resultado de amortecedores defeituosos. Rode com o carro e certifique-se do seu bom estado, pois um par novo não sai por menos de R$ 7 000.
Freio ABS
Ao ligar, verifique se as luzes no painel indicam pane no ABS e nos controles de tração e de estabilidade: o problema é causado por avaria no sensor de rotação das rodas, que deve ser substituído. Cada sensor custa em torno de R$ 950. Se as revisões estiverem em dia, a rede costuma trocá-los mesmo fora da garantia.
Câmbio automático
Deve trabalhar suavemente: trancos nas trocas de marcha indicam necessidade de resetar ou reprogramar o módulo da transmissão.
Turbo
Algumas unidades com motores CGI apresentaram vazamento de óleo provocado por folga no mancal do rotor da turbina, facilmente perceptível pela presença de fumaça nas partidas a frio. O problema tem sido solucionado pela rede autorizada mesmo após o término da garantia.
A VOZ DO DONO
“Já tive um Mercedes Classe C nos anos 90 e atualmente tenho um C 180 2013: a evolução é absurda. O carro me agrada em tudo, com destaque para a performace: ele ganha velocidade rapidamente, mas de forma bem suave, sem trancos – e ainda tem um consumo relativamente baixo. Só não gosto do espaço traseiro.” Alberto Guilger, 57 anos, empresário, São Paulo (SP)
O QUE EU ADORO
“A dirigibilidade é excepcional: a suspensão é muito confortável sem comprometer a estabilidade. Ele cativa pelos equipamentos de segurança e pela confiabilidade.” Joathan Lopes, 24 anos, vendedor, Belo Horizonte (MG)
O QUE EU ODEIO
“O custo de manutenção assusta, tanto nas peças como na mão de obra. Mas o pior é o tratamento da rede: parece até que estão fazendo um favor em atender.” Luiz Washington da Silva, 50 anos, veterinário, Goiânia (GO)
NÓS DISSEMOS – Junho de 2011
“As versões C 180 Classic, C 200 Avantgarde e a topo de linha C 250 Sport têm todas o mesmo motor CGI, de 1,8 litro, turbo e injeção direta de combustível. A variação de potência (156, 184 e 204 cv) é fruto principalmente de uma programação diferente da central eletrônica. (…) O foco dessa nova linha de motores é a economia e o nível de emissões. (…) O motor trabalha em harmonia com a grande novidade do carro, a transmissão automática 7G-Tronic Plus, herdada do Classe E. (…) Se você se empolgar nas curvas mais fortes, entra em ação o Agility Control, para deixar os amortecedores mais firmes, grudando o sedã no chão.”
2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | |
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C 180 Kompressor | – | – | R$ 54.399 | R$ 57.297 | – | – |
C 180 CGI Classic | – | – | – | R$ 56.361 | R$ 65.553 | – |
C 200 CGI Avantgarde (184 cv) | – | – | R$ 60.604 | R$ 66.164 | R$ 75.101 | R$ 84.267 |
C 280 Avantgarde (231 cv) | R$ 53.921 | R$ 66.156 | – | – | – | – |
C 350 Sport (272 cv) | R$ 97.335 | R$ 100.515 | R$ 130.114 | – | – | – |
Original | Paralelo | |
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Para-choque dianteiro: | R$ 2.803 | R$ 4.430 |
Farol (cada um): | R$ 3.194 | R$ 1.590 |
Retrovisor (cada um): | R$ 4.038 | – |
Disco de freio (par): | R$ 1.154 | R$ 1.300 |
Pastilhas de freio (jogo): | R$ 367 | R$ 580 |
PENSE TAMBÉM NUM… BMW Série 3
Os sedãs Série 3 de quinta geração são encontrados por bons valores a partir da versão 320i: na opção mais básica, ele fica devendo ar-condicionado digital, sistema de som com Bluetooth, piloto automático, teto solar elétrico, pintura metálica, regulagem de altura dos cintos dianteiros e até um pouco de desempenho para quem compra um BMW pensando em esportividade, já que seu 2.0 de 156 cv fica abaixo do acerto impecável das suspensões.
Quem busca desempenho deve optar pelo 325i de seis cilindros com 218 cv ou pelo 320i de sexta geração, que chegou no fim de 2012: com o turbo, a potência saltou para 184 cv.