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Recarga rápida para elétricos pode ser tão cara quanto gasolina

Ter um carregador doméstico é crucial para o dono de carro elétrico. Nem sempre estamos em casa, e é necessário pesar preços e vantagens das alternativas

Por Eduardo Passos
20 Maio 2024, 21h00
Carregadores rápidos evitam sustos para os donos de carros elétricos (Divulgação/Quatro Rodas)
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Estima-se que, por ano, um brasileiro dirija cerca de 13.000 km com seu carro. Só pela vontade, talvez um comprador de carro elétrico queira rodar mais do que isso com o seu modelo novo. Pelo menos até se dar conta dos perrengues que pode arrumar.

Como visto, o carregamento doméstico é praticamente obrigatório para que o dono de elétrico tenha paz. Durante a noite o carro é recarregado, de dia gastam-se algumas dezenas de quilômetros no deslocamento diário. Mas e se, durante a tarde, surge uma viagem inesperada? Pior: o destino é a casa da sogra, que, apesar de querida e amável, não tem um wallbox instalado para te atender.

Ponto de recarga de Uber

Hora de usar um carregador rápido (ou ultrarrápido), que funciona em corrente contínua (DC) e é bem mais complexo. Dado o custo de centenas de milhares de reais, é inviável instalá-lo em casa, de modo que os carregadores DC ficam principalmente em postos de gasolina, eletropostos específicos e concessionárias. Eles também são o modelo predominante ao longo das estradas.

Em São Paulo, há cerca de 50 desses pontos. O Eletroposto Anália Franco se destaca por oferecer seis carregadores com até 200 kW – que, em 10 minutos, acrescenta cerca de 150 km de autonomia a um modelo que suporte tal potência. A maioria dos carregadores DC, entretanto, não passa dos 50 kW.

Para usá-los, é necessário baixar o aplicativo específico da rede de carregadores, cadastrar um cartão de crédito (ou adicionar saldo via Pix), escanear o QR Code da tomada e seguir as instruções. O preço do quilowatt-hora gira entre R$ 2,00 e R$ 3,00 e, caso você deixe o veículo conectado com a bateria cheia, paga-se multa a preço equivalente por cada minuto de ociosidade.

Cluster Elétrico
No exterior, já é comum que as rotas sejam dadas cruzando o consumo do carro, trânsito, relevo, eletropostos no caminho e até onde há tomadas vagas (Divulgação/Quatro Rodas)
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Para percorrer 300 km, nosso BYD Dolphin de Longa Duração gastaria entre R$ 79 e R$ 118 recorrendo só aos carregadores DC. Em comparação, nosso Citroën C3 do Longa, abastecido com gasolina a R$ 5,78 por litro (valor médio da ANP em 16 de abril), gastaria R$ 104,45 no mesmo trecho.

Assim, fica claro que a economia prometida pelos carros elétricos não está nos postos rápidos: neles, além da energia, é cobrada a comodidade do tempo e o lucro do investidor. Sem contar as várias tomadas que estão inoperantes ou filas que se formam em regiões com menos alternativas. Aplicativos como o PlugShare até ajudam nessa hora, mas nunca evitam 100% tais ciladas.

Multimida Elétrico
(Divulgação/Quatro Rodas)

Tarefa de casa

Uma forma óbvia de economizar é carregando o carro em casa sempre que dá: um wallbox de qualidade tem seus R$ 8.000 diluídos facilmente considerando os R$ 0,73 cobrados, em média, por 1 kWh na conta de luz residencial. Por funcionar em corrente alternada (AC), o wallbox é mais barato e gastam-se algumas horas na tarefa.

E lembre-se que os EVs são mais eficientes na cidade: em 300 km na cidade, nosso BYD gastaria meros R$ 26,07 de energia se carregado em casa, ao passo que seriam R$ 122,98 de gasolina para abastecer nosso C3. Também é possível salvar uns trocados recarregando gratuitamente durante as compras em shoppings e supermercados, mas as tomadas AC só acrescentam alguns quilômetros de alcance nesse tempo.

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Se a marca do seu carro é focada em elétricos (BYD, Volvo, Porsche, Audi etc.), há boas chances de que a concessionária local tenha carregadores DC gratuitos, que representam a opção mais cômoda, mas acabam gerando filas. Uma presença frequente também pode incomodar os lojistas, que te cobrarão bom senso.

CARREGADOR AC
Volvo investe tanto em carregadores AC (esq.) como nos DC, concentrados nas estradas (Divulgação/Quatro Rodas)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se nada disso resolver, o jeito é usar um adaptador e conectar seu carro diretamente à tomada de parede. Custará o mesmo tanto que a energia do wallbox, mas levará tempo suficiente para justificar um dia extra na casa dos sogros.

RECARGA BIDIRECIONAL 

Como no mercado de ações, o preço da energia pode ser estabelecido em tempo real, sob a lei de oferta e demanda. O sistema Vehicle-To-Grid (V2G) busca aproveitar isso vendendo o excedente de bateria do carro durante picos de demanda e repondo a carga a um valor menor, durante a madrugada, por exemplo. Já existem carros com V2G no Brasil há alguns anos, mas ainda não há suporte da nossa rede a esse comércio, em que é possível ganhar para recarregar o carro.

REGRA DE TRÊS

Se o carregamento rápido é mais caro, vale usá-lo o mínimo possível. Nesse caso, uma opção é recorrer ao GPS e às médias de consumo do carro, calculando a porcentagem de bateria necessária e adicionando uma margem de segurança, conforme a existência de planos B até a chegada ao destino

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COMPARATIVO CARREGADOR AC x CARREGADOR DC

CARREGADOR DC
(Divulgação/Quatro Rodas)
CARREGADOR AC CARREGADOR DC
CUSTO DE INSTALAÇÃO R$ 3.500 a R$ 8.000 R$ 200.000 a R$ 2 milhões
CUSTO DA ENERGIA 0,73 kWh R$ 2/kWh a R$ 3/kWh
TEMPO DE RECARGA 7h15¹ 40 minutos
POTÊNCIA 2 kW a 22 kW 30 kW a 350 kW
ONDE ENCONTRO? Casas, estacionamentos, supermercados, shopping centers e outros comércios Postos de gasolina, eletropostos, concessionárias, hotéis e alguns poucos estacionamentos e shopping centers

 

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