Por dentro do processo de fabricação de pneus
Entenda o passo a passo e as diferenças entre os diversos tipos
Eles suportam todo o peso do veículo, são o único ponto de contato com o solo e, por isso, têm participação decisiva no comportamento do automóvel nas acelerações, frenagens e também nas mudanças de direção. Pneus são um dos itens fundamentais de qualquer automóvel.
Por isso, mínimos detalhes podem fazer uma grande diferença. Conheça, a seguir, como é o processo de fabricação dos calçados do seu carro:
Lista de ingredientes
A borracha, claro, é o elemento principal. Ela pode ser de origem vegetal, extraída da seringueira – mais usada nos pneus de caminhões, devido à maior resistência à tensão e baixa geração de calor –, ou sintética, derivada do petróleo, preferida na fabricação de pneus de carros de passeio por conta de sua resistência ao desgaste e capacidade de tração.
Vários elementos são misturados à borracha, como enxofre, catalisadores, óleos, agentes antienvelhecimento e negro de fumo, um pó escuro fabricado por meio da queima de óleos em fornos especiais, que atua como um componente fortalecedor.
Para esse fim, também se utiliza a sílica, que vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente nos chamados “pneus verdes”, por oferecer menor resistência à rolagem e, assim, aumentar a economia de combustível e reduzir as emissões de poluentes.
Na construção da lona têxtil, das lonas de aço e dos talões do pneu ainda são utilizados elementos como nylon, poliéster e fios de aço.
Componentes
As partes do pneu são preparadas separadamente antes da montagem final.
A lona têxtil e as lonas de aço são emborrachadas por um processo chamado calandragem, que consiste na aplicação de um composto sobre os fios de tecido ou aço, isolando-os entre si e criando uma película de borracha sobre a lona. Depois, esse conjunto será cortado de acordo com os ângulos e as larguras determinados para os diversos tipos de pneus.
O talão, que é responsável por manter o pneu preso à roda, é produzido nas isoladoras, máquinas que recebem um feixe de arame de aço de alta resistência e isola cada filamento com um composto de borracha específico.
As borrachas que compõem a banda de rodagem, o revestimento interno impermeável ao ar (liner) e as paredes laterais passam pelo processo de mistura, no qual são adicionados os elementos químicos necessários para cada uma das partes.
No caso do método de produção tradicional, com emendas, a banda de rodagem, as laterais e o liner são produzidos separadamente por extrusão.
Esse processo consiste em forçar a borracha crua, que tem estado plástico e moldável, por meio de uma matriz, criando uma tira. Depois, as tiras são resfriadas e cortadas no tamanho certo para cada medida de pneu.
Construção do pneu
A montagem tradicional de um pneu é feita em uma máquina que possui um tambor giratório com o centro inflável. O liner e a carcaça têxtil são aplicados sobre o tambor. Na sequência, os talões e as paredes laterais são colocados dos dois lados.
A máquina infla o centro do pneu, que toma a forma que conhecemos. São, então, aplicadas as lonas de aço e a banda de rodagem, previamente cortadas.
Todas as etapas desse processo envolvem a realização de emendas em seus componentes, o que provoca uma concentração de massa.
Por sua vez, essa concentração pode provocar um desequilíbrio na distribuição de peso do pneu e resultar em um aumento dos níveis de vibrações e desconforto. Há maior necessidade de balanceamento das rodas, aumento do ruído interno no veículo, desconforto ao rodar e perda de performance.
No caso dos pneus sem emendas, a produção começa a se diferenciar nesse ponto. As tiras de borracha também são obtidas por extrusão. Porém, como o nome diz, pneus desse tipo não possuem emendas nos elementos de borracha.
No Brasil, a Dunlop é a única marca que oferece toda a linha de produtos sem emendas. A fabricante utiliza a tecnologia Sun System, do Grupo Sumitomo. As tiras de borracha são enroladas continuamente como em um carretel.
Isso faz com que não haja nenhuma emenda nas partes exclusivamente de borracha – seja na banda de rodagem, nas laterais ou no liner. Por isso, possuem uma distribuição de peso otimizada e têm uma melhor performance em geral, oferecendo contato contínuo com o solo e um rodar mais seguro, silencioso e confortável.
Vulcanização
É hora de levar a receita ao forno. A parte final da produção de um pneu é o processo de vulcanização. Ao aquecer a borracha crua durante um certo tempo, o enxofre altera as ligações químicas da borracha e suas características, transformando-a do estado plástico e maleável para um estado firme e elástico.
Por fim, rebarbas são cortadas e eventuais resíduos de borracha são eliminados e é feita uma cuidadosa inspeção antes da sua liberação para o transporte para os pontos de venda, de onde vão para o seu carro.