Procurando um hatch compacto barato e não sabe por onde começar sua busca? Que tal experimentar aquele que foi o carro preferido pelos brasileiros por 27 anos consecutivos? A quinta geração do VW Gol justifica a fama conquistada pelos antecessores: é, até hoje, um verdadeiro cheque ao portador no mercado de carros usados.
Baseado na plataforma PQ24 (Polo e Fox), o Gol G5 foi lançado em julho de 2008 e enfim adotou o motor na posição transversal, seja o 1.0 8V de 72/76 cv da versão de entrada ou o 1.6 8V de 101/104 cv.
Melhores versões do VW Gol G5
Mesmo com toda a inovação, manteve o acabamento espartano: trazia só a regulagem de altura para o banco do motorista e os cintos, para-choques pintados, faróis monoparábola e roda de aro 13 com calota. O acabamento, porém, era inédito: carroceria com vãos uniformes e interior com plásticos bem encaixados.
A partir do Gol Trend, que na verdade é um pacote opcional para os 1.0 e 1.6 (logo, não é considerado para o preço de tabela), é que agregava faróis biparábola, roda aro 14 com calota, chave canivete, conta-giros, porta-objetos e estofamento superior.
O Gol Power (só 1.6) adicionava direção hidráulica, roda aro 15 com calota, faróis de neblina, frisos laterais, detalhes cromados e kit visibilidade (limpador/desembaçador traseiro). Seus para-choques ainda tinham a base sem pintura, melhorando o aspecto visual do Gol.
Nessa nova geração o Volkswagen Gol ainda oferecia opcionais como airbags dianteiros e freio ABS, mas a maior parte deles só foi equipada com ar, roda de liga, vidros e travas elétricas, computador de bordo I-System e rádio com Bluetooth.
Nesta geração, o Gol deu seus tropeços: cinco recalls nos três primeiros anos de fabricação, com problemas como para-brisa trincado, servofreio inoperante, rolamento de roda com defeito e uma campanha para trocar o óleo e estender a garantia do motor. Isso porque a fabricante admitiu, em 2009, que o motor 1.0 VHT era abastecido com outra especificação de óleo ao sair da fábrica para melhorar seu rendimento, mas que acabou levando a um déficit na lubrificação de componentes do motor.
Problemas que acabaram sanados, mas que danificaram aquela aura de indestrutível do Gol. Algumas centenas de unidades do Gol G5 tiveram seus motores substituídos pela fábrica.
O motor 1.6 8V de até 104 cv é confiável e robusto, mas requer atenção quanto a dois pontos. Um é que seu cabeçote costuma acumular borra do óleo do motor. Outro é quando o sistema de ignição: velas, bobina e cabos de vela precisam ser trocados com alguma constância e problema neles pode fazer a luz “EPC” acender no quadro de instrumentos do Gol.
Até a reestilização, em 2012, o Volkswagen Gol G5 mudou pouco. Veio o câmbio automatizado I-Motion em 2009, a série Seleção em 2010 (1.0, direção hidráulica, farol de neblina e roda exclusiva), a versão Rallye em 2011 (suspensão alta e visual aventureiro) e a opção por luz de emergência em frenagens bruscas e volante multifuncional em 2012.
O Volkswagen Gol teve mais três atualizações visuais até sair de linha em dezembro de 2022. Mas ele continua firme entre os usados, graças à dirigibilidade agradável, manutenção barata e liquidez inquestionável. Basta anunciar que vende.
Fique de olho
Muito cuidado com os primeiros Gol G5 com o motor 1.0 VHT, que apresentou problemas de lubrificação. Em casos extremos, o bloco foi substituído por outro com numeração diferente ainda em garantia, mas sem a retificação obrigatória no documento do carro junto ao aos órgãos competentes. Portanto, cheque sempre a numeração.
Problemas e defeitos do Volkswagen Gol G5
Câmbio I-Motion – Atenção especial ao estado de peças como disco de embreagem e atuadores hidráulicos do câmbio. Apesar dos trancos serem normais, o sistema deve funcionar bem, com trocas no tempo correto e sem falhas, pois o reparo pode ser caro.
Infiltração – Falhas no alinhamento e solda do monobloco provocaram infiltração de pó e água nas primeiras unidades produzidas. Fique atento ao cheiro de mofo, indício claro de umidade causada pela água que pode entrar até mesmo por trincas no para-brisa.
Ar-condicionado – Se não estiver gelando, verifique a mangueira do gás refrigerante perto do painel dianteiro, facilmente danificada em pequenas colisões. A troca da mangueira e a recarga do gás custam em torno de 300 reais.
Rolamentos – Ruídos estranhos e contínuos nas rodas traseiras em alta velocidade merecem atenção redobrada: o risco de travamento e queda de roda motivou um recall para substituição desses componentes.
I-System – Acione todos os dispositivos do computador de bordo em busca de falhas na visualização dos caracteres: a tela de cristal líquido é bem sensível ao calor, o que pode tornar sua leitura quase impossível.
Preços dos Volkswagen Gol G5 usados (KBB)
Versão do Gol G5 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 |
Gol 1.0 |
R$ 24.591
|
R$ 25.965 | R$ 26.565 | R$ 27.735 | R$ 31.920 |
Gol 1.6 | – | R$ 26.953 | R$ 29.914 | R$ 31.577 | R$ 32.481 |
Gol 1.6 I-motion | – | – | R$ 29.725 | R$ 32.367 | R$ 33.223 |
Gol 1.6 Rallye | – | – | – | R$ 34.335 | R$ 36.027 |
Gol 1.6 Power |
R$ 26.751
|
R$ 28.870 | R$ 29.647 | R$ 30.687 | R$ 34.167 |
Gol 1.6 Power I-motion |
–
|
– |
R$ 30.583
|
R$ 32.811 | R$ 34.287 |
O que dizem os donos de VW Gol G5
“O melhor do Gol é o motor: anda bem, é econômico e sua manutenção não pesa no bolso. Já o acabamento é muito simples, poderia ser bem melhor. Apesar do bom espaço interno, sua ergonomia é mais adequada a motoristas de estatura elevada: o banco é muito baixo e o volante, muito alto.” Aimée Mellero Masci, 22 anos, estudante, Santo André (SP)
O QUE EU ADORO
“É econômico, confiável e fácil de manter: mecânica simples com peças baratas e sempre disponíveis. Destaque para a visibilidade e a dirigibilidade: estou muito satisfeita.” Marluce Loes, 61 anos, aposentada, Uberaba (MG)
O QUE EU ODEIO
“O consumo é alto e a frente raspa em valeta ou saída de garagem. Mas o problema maior são as panes elétricas intermitentes: a rede autorizada é incapaz de saná-las.” André Saraiva, 39 anos, administrador de empresas, Caxias do Sul (RS)
Nós dissemos em Julho de 2008
“O motor EA-111 1.0 é o mesmo do Geração 4 (agora na posição transversal), mas a versão 1.6 trocou o motor AP600 pelo EA-111 (mais evoluído) de Golf, Polo e Fox. (…) Os engenheiros da Volkswagen puseram coxins de motor feitos de alumínio. As vibrações do antigo Gol, que faziam lembrar um carro a diesel, ficam no passado. (…) O novo modelo resgata todos os valores que faziam o Gol dos anos 80 ser um carro gostoso de dirigir. (…) A suspensão é justinha sem ser dura, tão boa quanto a do Polo e talvez melhor que a do Fiesta. O novo câmbio é uma delícia, de engates certeiros e facílimos, uma homenagem ao Gol pioneiro.”
Pense também em um… Hyundai HB20 usado
O maior rival do Gol é o Fiat Palio, mas seu brilho foi ofuscado pela chegada do HB20 no fim de 2012: bonito e moderno, ele chacoalhou o mercado, disposto a aguardar até três meses de espera pelo coreano. Robusto e bem-construído, ele resistiu ao teste de Longa Duração, apresentando baixo custo de manutenção e bom atendimento da rede. Tem garantia de cinco anos e seu acabamento é de boa qualidade e a dirigibilidade da versão 1.6 16V guarda um trunfo sobre o Gol: uma autêntica transmissão automática convencional, que tem apenas quatro marchas, mas trabalha sem os trancos do I-Motion.