Criado para atender a limitações de espaço impostas pelo governo japonês para a concessão de determinados benefícios, o Suzuki Jimny cumpriu tão bem a função de utilitário urbano que virou sucesso no mundo, e no Brasil conquistou uma pequena comunidade de fãs.
Virtudes para essa admiração não faltam: o pequeno tamanho e o excesso de plásticos sugerem fragilidade, mas quem conhece o Jimny logo descobre que ele é uma evolução do jipe Samurai.
A tração 4×4 e o chassi de longarinas sobre dois eixos rígidos o colocam na mesma categoria do Toyota Bandeirante, esbanjando uma rusticidade que só é suavizada por mimos como direção hidráulica e ar-condicionado.
Ágil, econômico e fácil de estacionar, boa parte deles sequer viu lama, circulando só nos centros urbanos, onde seu tamanho compacto (25 cm menor que um Gol) e imunização frente aos buracos são elogiáveis.
O Jimny chegou ao Brasil em 1998, deixou de ser importado em 2003, voltou ao país em 2009 e passou a ser fabricado localmente no final de 2012 pelo grupo Souza Ramos, o mesmo que controla as operações da Mitsubishi no país.
Em todo esse tempo, pouca coisa mudou. O motor 1.3 com 16 válvulas e comando variável tem apenas 85 cv e 11,2 mkgf de torque, mas é suficiente para impulsionar os 1.050 kg do carro – em nosso último teste, ele acelerou de 0 a 100 km/h em 14,6 segundos. O câmbio é sempre manual de cinco marchas.
O sistema de tração conta com reduzida, roda livre pneumática e engates eletrônicos, feitos por meio de botões no painel. Na posição 2WD, a tração é apenas traseira.
A até 100 km/h, o 4×4 pode ser engatado em pisos de baixa aderência, enquanto a reduzida exige que o carro esteja parado. Sem um diferencial central, os modos 4×4 devem ser evitados no asfalto, pois podem abreviar a vida útil dos componentes da transmissão.
É sobre pisos ruins e de baixa aderência que o pequeno se sente à vontade, embora não desaponte em pisos lisos – desde que a velocidade seja baixa.
Na estrada, acima dos 110 km/h, é suscetível a ventos laterais e a direção recebe a vibração vinda dos pneus, no entanto a suspensão de eixo rígido com molas helicoidais na frente e na traseira mostra competência em ambas as situações.
Por dentro, a simplicidade remete aos anos 1990. Embora carregue quatro, apenas os passageiros da frente viajam com conforto. O banco traseiro não chega a ser desconfortável, mas acessá-lo requer elasticidade de criança. Como está instalado sobre o eixo, os trancos de obstáculos maltratam quem está nele.
No porta-malas o espaço também é restrito, mas o rebatimento do encosto compensa essa limitação. Aliás, é possível unir o encosto do banco dianteiro ao assento traseiro, formando uma cama improvisada – apesar da pequena carroceria.
Dando preferência aos modelos nacionais, o Jimny pode ser encontrado em três versões principais: a básica 4Work, a intermediária 4All e a mais completa 4Sport – houve também a versão 4Sun, semelhante à 4All, mas com teto solar e a 4Street.
Todas já saíam de fábrica com direção hidráulica, vidros e retrovisores elétricos e ar-condicionado. Mas atenção: somente os modelos de 2014 para frente possuem airbags e freios ABS.
A opinião dos donos do Suzuki Jimny
“Eu precisava de um carro pequeno para usar no dia a dia e acabei gostando muito do SuzukiJimny. Ele é um carro bem prático e econômico, cabe em qualquer vaga e se iguala à minha picape Mitsubishi L200 em capacidade fora de estrada. A única reclamação vai para o barulho de vibração das portas e dos bancos.” – James Gomes da Silva, contador, São Paulo (SP).
O que eu adoro: “O Jimny é pequeno e muito ágil na cidade, além de ter uma ótima capacidade em trilhas de terra. Oferece um ótimo desempenho no asfalto ou fora dele.” – Aluizio Berezovsky, engenheiro eletricista, Vila Velha (ES).
O que eu odeio: “As concessionárias não são bem preparadas. Disseram que eu poderia usar a tração 4×4 em dias chuvosos para ter mais aderência e acabei quebrando o diferencial.” – Carlos de Souza Almeida, engenheiro de produção, Rio de Janeiro (RJ).
Os defeitos mais comuns do Suzuki Jimny
Sensor de rotação: nos motores 1.3 16V, o sensor de rotação do virabrequim costuma falhar, principalmente quando exposto a muita sujeira e umidade. Trata-se de um problema de difícil diagnóstico e que só é solucionado com a troca do sensor, localizado atrás do alternador.
Caixa de transferência: a tração 4×4 é acionada através de uma corrente que fica dentro da caixa de transferência. Se a corrente estiver gasta, ela vai escapar e a tração dianteira não irá funcionar corretamente, problema que só é solucionado com a substituição da corrente.
Suspensão: o Jimny tem dois eixos rígidos, fixos ao chassi por braços longitudinais. Se o embuchamento dos braços estiver gasto, o veículo apresentará ruídos na suspensão e uma vibração na direção entre 60 e 80 km/h, conhecida como “shimmy”. A troca das buchas resolve o problema.
Modificações: Uma das principais características do jipinho sempre foi sua flexibilidade quanto à customização. Além de acrescentar equipamentos, o comprador pode ter modificado a suspensão, o tipo e o tamanho dos pneus e até alargar as caixas de roda. Tudo isso pode influenciar no preço, mas também demanda mais cuidado com o estado de conservação.
Preço médio dos usados (KBB-Abril de 2022)
2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2011 | |
Jimny 4All 1.3 16v | R$ 63.800 | R$ 63.990 | R$ 64.718 | R$ 65.130 | R$ 73.396 | R$ 78.930 | R$ 82.202 | R$ 91.154 | R$ 97.825 | R$ 101.972 |
Jimny 4Sport 1.3 16V | R$ 59.793 | R$ 66.450 | R$ 67.590 | R$ 72.930 | R$ 78.173 | R$ 84.960 | R$ 89.595 | R$ 94.013 | R$ 106.427 | R$ 110.945 |
Jimny 4Street 1.3 16V | R$ 61.550 | – | – | – | – | – | – | – | – | – |
Jimny 4Sun 1.3 16V | – | R$ 68.140 | R$ 68.500 | R$ 71.150 | R$ 71.680 | – | – | – | – | – |
Jimny 4Work 1.3 16V | – | – | – | R$ 61.130 | R$ 68.635 | R$ 72.790 | R$ 92.900 | R$ 95.190 | R$ 99.080 | R$ 106.330 |