O Honda Civic Si foi lançado no Brasil em 2007 com o título de carro mais potente fabricado no país — posto perdido poucos dias depois para o Golf GTI, seu principal concorrente, graças a um artifício da VW: adiantar o ponto de ignição ao ser utilizada gasolina premium, o que elevava a potência de 180 para 193 cavalos, um a mais que o Si.
Mais do que isso, o sedã esportivo da Honda foi considerado o melhor modelo feito nacionalmente na época, superando o rival no comparativo realizado por QUATRO RODAS em abril daquele ano.
Ele chegou por (hoje baratos, desconsiderando os diferentes momentos econômicos) R$ 99.500, preço que cairia para R$ 96.965 dois anos depois por conta da redução de IPI promovida pelo Governo.
Em relação às configurações mais simples do Civic, o Si tem visual até que discreto para um esportivo nato. A grade, além de ser pintada da cor do veículo (passou a ser sempre preta após 2009), leva o logo “Si” na cor vermelha.
Na traseira, além do mesmo logo, o aerofólio e a ponteira cromada do escapamento identificam a versão. Nas laterais, o destaque fica para as rodas de 17 polegadas com desenho exclusivo e a inscrição i-VTEC. Ele era oferecido apenas nas cores vermelho, preto e prata.
O domínio da cor vermelha também é visto no interior do modelo. As siglas bordadas nos bancos dianteiros, as costuras aparentes (bancos e apoios de braços laterais e central) e a iluminação do painel e do quadro de instrumentos são da mesma tonalidade. Os pedais são de alumínio. Outra exclusividade é o indicador de proximidade do giro máximo do motor, que emite alertas visuais.
O motor é um 2.0 i-VTEC de 192 cv e 19,2 kgfm, com seu tradicional apetite por giros altos, sempre acompanhado do câmbio manual de seis marchas, combinação acompanhada de controles de estabilidade e tração (os modelos depois de 2009 possuem airbags laterais).
Durante os testes de QUATRO RODAS, o sedã foi de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos, mais rápido que os atuais esportivos nacionais, Pulse Abarth e Polo GTS, além de retomadas de 40 a 80/60 a 100/80 a 120 km/h em respectivos 5,6/7,7/11,1 segundos. Tudo isso com boas médias de consumo: 8 km/l em ciclo urbano e 13,1 km/l no rodoviário.
Mais do que os números, porém, o que conta aqui é o comportamento dinâmico exemplar. A direção com assistência elétrica é firme e direta. O câmbio de seis marchas tem engates curtos e precisos, e a suspensão (McPherson na frente e duplo A atrás) garante ótima estabilidade, incluindo um controle de estabilidade com atuação discreta.
Sua vida no Brasil, porém, foi curta: lançado em 2007, saiu de linha em 2011 – a geração seguinte seria vendida por aqui a partir de 2014, com carroceria cupê, mas tornou-se tão raro que preferimos não inclui-lo nesse Guia.
Atualmente, de acordo com a tabela Fipe, um exemplar 2007 sai por aproximadamente R$ 42.000. No entanto, por sua exclusividade, o esportivo quase sempre é vendido por preços acima dos sugeridos pela tabela, principalmente se estiverem em bom estado de conservação e com baixa quilometragem.
ONDE O BICHO PEGA
Histórico – Por se tratar de um esportivo, é comum que o carro tenha sido utilizado de formas mais extremas, inclusive em pistas. Por isso, vale conferir a procedência com cuidado ainda maior, e fazer inspeções mais rigorosas em toda a estrutura.
Caixa de câmbio – A rigidez do conjunto, ao trafegar por asfaltos de má qualidade, pode ocasionar folgas na caixa de transmissão. O valor para reparo é alto.
Suspensão traseira – Apesar do conjunto resistente, as suspensões têm ajustes rígidos, típicos do Civic. Isso, combinado com o alto desempenho e a direção mais agressiva destinada ao Si, pode acarretar problemas e barulhos indesejados nos amortecedores traseiros.
Seguro nas alturas – Mais um caso específico de versões esportivas. Além da dificuldade em encontrar seguradoras que aceitem o modelo, os preços são altos.
Preparações – Não é fácil encontrar modelos que não passaram por modificações mecânicas. Tais preparações não impedem a compra, mas exigem uma verificação da qualidade do serviço feito e dos demais componentes do veículo, que podem se desgastar mais rápido.
A VOZ DO DONO
“Esportivo para quem busca custo-benefício e uma excelente plataforma para preparações. Mecânica barata, robusta e moderna que concilia potência e baixo consumo. Peca pela suspensão rígida demais, que tende a apresentar problemas nos amortecedores traseiros, pela caixa de direção, que pode apresentar folgas devido à qualidade das nossas ruas, e no alto valor cobrado pelas seguradoras.” – Elcio Hideki Watanabe, 30 anos, gerente de gestão empresarial, São Paulo (SP)
O que eu adoro: “O Civic Si tem um dos melhores custo-benefício do mercado para quem quer uma pegada esportiva e diversão na hora de dirigir, principalmente por ter câmbio manual — a precisão nas trocas também é um ponto positivo a se destacar. Apesar de parecer alto, é bem acertado de suspensão e faz curva como poucos.” – André Dissat, 30 anos, jornalista, Rio de Janeiro (RJ)
O que eu odeio: “Sempre achei o carro bem duro para o dia a dia. O óleo recomendado pela fabricante baixa com certa frequência, obrigando a antecipação das trocas para um tipo mais viscoso. Os defeitos crônicos na caixa de direção são resultado do acerto duro do carro em conjunto com nosso asfalto de má qualidade. A embreagem é bem dura e o torque para uso cotidiano, principalmente em baixas rotações, não é alto. Outros pontos negativos são a ausência de um computador de bordo digno do carro e função “um toque” apenas para o vidro do motorista.” – Allan Victor Cezarino, 30 anos, técnico de processos, Araraquara (SP)
Preço médio dos usados (FIPE)
Honda Civic Si | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 |
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Preço médio | R$ 67.290 | R$ 76.266 | R$ 78.173 | R$ 80.128 | R$ 83.075 |
NÓS DISSEMOS
Dezembro de 2006: “O texto está quase no fim e eu quase me esqueço: este carro é um sedã (o primeiro em 20 anos de Civic Si mundo afora). Pode ser que leve mais gente além do motorista. Sem problemas.”
Abril de 2007: “No percurso, o Si se saiu melhor [contra o Golf GTI] por ter seis marchas. Ainda que a sexta seja um overdrive, ela joga as outras cinco para baixo. Com isso, o motor está sempre cheio, com torque de sobra. Enquanto as curvas a bordo do Honda eram feitas em terceira marcha, no Golf ficava aquela dúvida: em segunda, a quase 5 000 giros (com o motor gritando), ou em terceira com o motor mais chocho? Essa característica torna o Si mais fácil de se guiar. Você consegue dosar melhor o acelerador no meio das curvas, saindo delas com mais controle sobre o carro. Por sua concepção mais avançada, o Civic Si leva a melhor por ser mais equilibrado e dócil no dia a dia, sem ficar devendo em esportividade quando solicitado. Qualidades que compensam o investimento extra na hora da compra.”