Carro blindado usado vale a pena? Veja os cuidados para ter segurança na compra
Usado blindado pode ser um bom negócio, desde que a blindagem seja de qualidade e as revisões tenham sido realizadas

A blindagem veicular no Brasil é um case mundial. Só nos últimos dois anos, o número de carros blindados no país cresceu 32% e muitos desses modelos ganharam o mercado de usados e seminovos.
Os dados são da Abrablin, associação que reúne as blindadoras do país. A mesma entidade estima que hoje existam 400.000 veículos blindados no Brasil. Mas aí vem a pergunta de um milhão de dólares: vale a pena comprar um carro blindado seminovo ou usado? A proteção tem garantia? Existem sinais visíveis de desgaste na blindagem?
A resposta vai depender muito da qualidade do serviço feito na blindagem. Isso porque, segundo os especialistas e as empresas que atuam no ramo, a blindagem veicular não tem validade. O que existe é uma garantia para desgastes e para o serviço, que pode variar de cinco a dez anos.
“Existe uma garantia de tempo que o fabricante fica responsável por aquela blindagem. Se o carro usado blindado teve a manutenção adequada, a eficiência balística não se altera com o tempo”, explica Marcelo Silva, presidente da Abrablin.
Histórico de manutenção
O desafio para quem vai comprar um carro seminovo e usado blindado é justamente saber desse histórico. O primeiro passo é verificar se o serviço no veículo foi feito em blindadora autorizada pelo Exército.

Empresas homologadas pelas montadoras e/ou cadastradas na Abrablin podem trazer mais segurança. Isso porque não há como saber, a olho nu, se a blindagem foi bem ou mal executada e com materiais de qualidade boa ou duvidosa.
“Muito difícil pegar um carro já blindado e fazer uma inspeção técnica e balística. Dois carros, do mesmo modelo, blindados por duas empresas diferentes, podem ter a certificação, mas não há nada no arcabouço documental que garanta que a blindagem tenha sido bem feita”, alerta Michel Haddad, diretor de relações com montadoras automotivas e de inteligência de negócios da Carbon.
“Se faz necessário entender a reputação dos materiais aplicados, bem como o histórico da empresa que executou os serviços”, reforça Fábio Rovedo de Mello, diretor da Concept Be Safe.
Aí, entra aquela averiguação que é recomendada para a compra de qualquer automóvel de segunda mão: levantar o histórico de manutenção. Não só das revisões regulares e preventivas do carro como as revisões da blindagem – também recomendadas a cada 10.000 km ou um ano.
Sinistros comprometem
É importante, inclusive, verificar se o carro usado blindado não sofreu algum sinistro. Colisões na lataria podem comprometer as mantas de aramida e as demais proteções balísticas, chamadas opacas, que têm de ser trocadas nestes casos.
“É preciso observar se o veículo bateu lateral, traseira, se a reparação da funilaria e pintura foi bem feita, mas principalmente a parte balística interna. O material aplicado dentro da blindagem não pode ser reaproveitado. Tem de ser colocado material novo”, alerta Marcelo, da Abrablin.
Já os desgastes das proteções chamadas transparentes são mais aparentes. Falamos dos vidros que sofrem, com o passar do tempo, a delaminação, o descolamento entre as lâminas de vidro e de policarbonato.
“Isso não é defeito, é uma característica dos polímeros daquele composto. Mas não pode ‘reautoclavar’, tem de substituir”, explica Marcelo, se referindo a um processo bastante criticado no meio.
É que a prática da “reautoclavagem” consiste em retirar a última parte de policarbonato do vidro, o que faz as “bolhas” sumirem.
“Só que isso deixa o vidro não só mais exposto, mas até mais perigoso. Em um sinistro, os estilhaços podem atingir os ocupantes do veículo”, adverte Michel Haddad.
Por falar em desblindagem, como QUATRO RODAS já noticiou, é um serviço possível. Porém, economicamente inviável, já que pode custar o dobro ou mesmo o triplo de uma blindagem.
Diante deste panorama, o ideal seria comprar um veículo usado e depois blindá-lo. Mas, se tem um carro seminovo blindado que você quer muito, aí é preciso se dedicar a uma investigação.
“É interessante buscar ajuda de especialistas e empresas com reputação para uma análise geral no sistema aplicado e seu atual estado de conservação”, sugere Fabio, da Concept.
“Qualquer tempo dedicado à pesquisa não é perda de tempo”, reforça Michel, da Carbon.