Faz exatamente um ano que o Volvo EX30 foi apresentado ao mundo, em Milão, Itália. Quatro Rodas estava lá para entender aquele que, nas palavras dos executivos, seria o primeiro carro elétrico “de volume” da Volvo. A intenção é vender 500.000 unidades por ano e o Brasil poderá ter papel importante para alcançarem este número.
Até agora, a Volvo atuou no mercado de luxo, que é bem mais restrito: movimente cerca de 50.000 exemplares/ano em cada segmento. Desta forma, só EX30 pode fazer a Volvo dobrar seu volume anual de vendas no mundo. No Brasil, esperam que só o EX30 venda mais que todos os outros modelos da Volvo somados em 2023 (8.185 carros).
Só na pré-venda, que começou há mais de oito meses, foram 2.000 unidades. Houve até reajuste de preços (de até 5%) no meio do caminho. O Volvo EX30 custa a partir de R$ 229.950 na versão Core, significativamente menos que os R$ 324.950 pedidos pelo Volvo EX40 (antigo XC40).
Para chegar a esse preço o SUV de entrada fez concessões importantes que aos olhos de compradores habituais de Volvo pode parecer um absurdo, mas para quem está chegando na marca agora (o público-alvo deste carro) pode não parecer tão incômodo.
Os segredos do Volvo mais barato do mundo
A principal ausência no Volvo EX30, e que salta aos olhos assim que se entra no carro, é do quadro de instrumentos: todas as informações estão concentradas na parte superior da tela da central multimídia de 12,3”.
Fazer desviar o olhar para o meio do painel é uma estratégia antiga, usada por Citroën e Toyota diversas vezes por exemplo. Mas, no EX30, o tamanho dedicado ao visor é menor do que deveria e, definitivamente, não é algo agradável na condução. O vídeo reforça meu descontentamento com essa ausência.
A concentração de vários comandos na própria tela também é incômoda. Para ajustar os retrovisores, por exemplo, é necessário acessar um menu, selecionar o lado do espelho e usar o volante para ajeitá-lo. Até a abertura do porta-luvas deve ser feita pela tela, assim como comandos de ar e som (cujos alto-falantes espalhados pelo carro deram lugar a uma única e eficiente soundbar sobre o painel).
Outra solução polêmica, pelo menos para um carro de luxo, foi optar pelos comandos dos vidros elétricos no console central. Uma opção econômica presente em modelos “populares” como o Fiat Uno e também no atual Citroën C3 (para os traseiros), sempre os carros mais baratos das respectivas marcas.
Porém, a aplicação de materiais reciclados no acabamento é algo que a marca conseguiu transformar em algo positivo. Painéis trocam texturas macias por rebarbas de linho sueco que tem ótima sensação ao toque e o revestimento dos bancos é de restos de lã, que também tem bom aspecto ao toque. Outras opções de revestimento incluem jeans e até camadas de granito moído. São coisas que iriam para o lixo e que tiveram uma ótima sobrevida.
Duas opções de autonomia
Há apenas um motor traseiro que entrega até 272 cv e 35 kgfm e faz o SUV sair da imobilidade e chegar a 100 km/h em apenas 5,3 segundos, segundo a marca. Na prática, é o suficiente para que o pequeno SUV elétrico seja ágil na cidade e na estrada.
O que muda entre as versões é a autonomia. Enquanto a versão de entrada tem bateria de 51 kWh (250 km de autonomia, no padrão do Inmetro) as demais versões tem 69 kWh de capacidade, ampliando o alcance para 338 km. Em relação ao comportamento dinâmico o SUV elétrico mostrou ter um acerto de suspensão mais firme que, ao mesmo tempo, proporciona uma tocada mais esportiva e torna a condução em terrenos acidentados mais instável.
Tamanho incomum
Com balanços curtos, o Volvo EX30 tem proporções incomuns: seus 4,23 m de comprimento são de SUV compacto, os 318 litros de porta-malas são dignos de um hatch mas os 2,65 m de entre-eixos superam SUVs médios como o próprio Compass. É a mesma medida de um VW T-Cross, na verdade.
Porém, mesmo com o entre-eixos com um bom tamanho, o espaço no banco traseiro é insuficiente para três ocupantes e uma pessoa de 1,80 m estará fadada a raspar os joelhos no banco da frente. A dianteira é mais confortável, com impressão de espaço favorecida pelo teto solar gigante e sem cortinas. Ele serve para ajudar no aquecimento em países frios, mas a Volvo diz que, no calor, o efeito estufa desse vidro é 80% menor.
Preços agressivos
Nada chama tanta atenção quantos os preços de suas três versões: a Core custa R$ 229.950, a Plus sai por R$ 277.950 e a Ultra alcança os R$ 293.950. A questão é que o principal rival, o BYD Yuan Plus, custa R$ 229.800. Se é menos potente (204 cv), tem maior alcance (294 km de autonomia) e, definitavamente, não faz tantas concessões no acabamento para ser “mais barato”.
Um outro concorrente, segundo a própria Volvo, seria o Jeep Compass. É um SUV a combustão maior, mas está na mesma faixa de preço em sua versão topo de linha equipada com motor 1.3 turbo (185 cv). A chegada oficial do carro de luxo mais barato do Brasil desvenderá como que ele realmente irá se comportar nesse mercado.
Ficha técnica – Volvo EX30 Ultra
Preço: R$ 293.950
Motor: elétricos, síncronos de ímãs permanentes, 272 cv, 35,0 kgfm
Bateria: íons de lítio, 64 kWh (líquidos)
Câmbio: automático, 1 marcha, tração traseira
Suspensão: McPherson (diant.) multilink (tras.)
Freios: discos ventilados
Direção: elétrica, 2,8 voltas entre batentes, 10,7 m (diâmetro de giro)
Rodas e pneus: liga leve, 245/40 R20
Dimensões: comprimento, 423,3 cm; altura, 155,5 cm; largura, 194,0 cm; entre-eixos, 265,0 cm; porta-malas 318 l; peso, 1.840 kg
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 5,3 s; vel. máx., 180 km/h
Autonomia*: 476 km
Carregamento (10-80%)*: AC 22 kW, 4h; DC 175 kW, 27 min
*Dados de fábrica