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Novo Porsche Cayenne híbrido se inspira no Taycan para futuro elétrico

Com motor elétrico mais forte e quase o dobro de baterias, Cayenne E-Hybrid deve fazer a ponte com o modelo elétrico que chegará por volta de 2025

Por Eduardo Passos, de Los Angeles (Estados Unidos)
Atualizado em 3 abr 2024, 17h13 - Publicado em 29 jun 2023, 17h00
Porsche Cayenne E-Hybrid dirigido por QUATRO RODAS
Porsche Cayenne E-Hybrid dirigido por QUATRO RODAS (Divulgação/Porsche)
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Contar como o Cayenne foi importante para a história da Porsche virou uma história repetida sempre que o principal SUV da marca ganha alguma novidade. Ainda que gostem de olhar para trás, o tempo passa e, mesmo com o catálogo da alemã revigorado e vendendo como nunca no Brasil, o Porsche Cayenne segue importante.

No ano passado, a Porsche vendeu mais de 300.000 carros pelo mundo, sendo 95.000 do utilitário. No Brasil, foram 3.200 unidades, com a família Cayenne correspondendo a cerca de 30% desse montante. Nem a eletrificação será capaz de detê-lo: uma versão exclusivamente elétrica está prevista para 2025 e coexistirá com modelos a combustão e, claro, com o Porsche Cayenne E-Hybrid que acabamos de conhecer.

Versão híbrida será a mais barata à venda no Brasil
Versão híbrida será a mais barata à venda no Brasil (Divulgação/Porsche)

De maneira contraintuitiva, o Porsche Cayenne híbrido plug-in é justamente a sua versão mais barata, a única que troca o motor V8 4.0 por um V6 3.0 aliado, claro, ao elétrico. Assim como as variantes S e Turbo GT, ele mudou um pouco por fora, bastante na cabine e ainda mais na mecânica, mais eletrificada do que nunca.

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Apesar de estar confirmado para o Brasil, o Cayenne E-Hybrid é a única versão que ainda não teve seu preço divulgado. Com elevada demanda no exterior, suas entregas serão as últimas a serem feitas, com prazo estimado para o início de 2024. Caso a fabricante opte por reajustes sutis, como no resto da linha, o E-Hybrid deve custar pouco menos que R$ 700.000.

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Preços e versões do Porsche Cayenne 2024

VERSÃO PREÇO
Porsche Cayenne E-Hybrid até R$ 700.000 (estimado)
Porsche Cayenne S R$ 810.000
Porsche Cayenne S Coupé R$ 840.000
Porsche Cayenne Turbo GT R$ 1.385.100
Utilitário tem 4,91 m de comprimento, 1,98 m de largura e 1,70 de altura, com 2,89 m entre eixos
Utilitário tem 4,93 m de comprimento, 1,98 m de largura e 1,70 de altura, com 2,89 m entre eixos (Divulgação/Quatro Rodas)

Mais do que reestilizado

Por fora, é difícil ver o que mudou. Na dianteira, alterações estéticas são mais notáveis na grade, que teve seu padrão de grelhas levemente modificado. O capô mudou pouco e os para-lamas estão mais arqueados, a fim de realçar a postura elevada do utilitário.

Dianteira ficou ligeiramente mais musculosa
Dianteira ficou ligeiramente mais musculosa (Divulgação/Porsche)

O formato dos faróis se mantêm, mas agora eles trazem a tecnologia HD-Matrix; são quase 65.000 pontos de luz que funcionam de modo análogo à realidade aumentada. É possível que o farol alto contorne carros na contramão ou que as luzes projetem a exata largura do SUV ao passar em uma viela estreita, por exemplo, de modo que o condutor saiba posicionar o veículo. Eles são de série no Turbo GT, topo de linha, e devem custar R$ 17.000 extras no híbrido.

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Porsche_HD-Matrix_19

Com design que não parece dar sinais de cansaço, a traseira do Cayenne também se limitou a retoques. O principal deles, a régua que conecta as lanternas e agora troca o recorte por uma forma inteiriça, sobre a qual vem a tipografia da marca. Também houve alteração na posição da placa, que fica mais próxima à tampa do porta-malas.

Na traseira mudanças são mais notáveis: a placa está mais baixa e a régua que une as lanternas perdeu o recorte na seção central
Na traseira mudanças são mais notáveis: a placa está mais baixa e a régua que une as lanternas perdeu o recorte na seção central (Divulgação/Porsche)

O nível de alteração por fora não se compara às mudanças internas, onde muita coisa veio do esportivo elétrico Taycan — é a estreia de elementos do primeiro Porsche elétrico em um irmão a gasolina. O principal deles é o quadro de instrumentos digital curvo de 12,6’’, que não deixa a desejar em termos de resolução e interface. Isso vale também para a central multimídia de 12,3’’, que faz o que precisa ser feito: suporta Android Auto e Apple Carplay sem fio com imagem viva e resposta ao toque ágil.

Porsche Cayenne E-Hybrid dirigido por QUATRO RODAS (18)
Painel Porsche Cayenne E-Hybrid dirigido por QUATRO RODAS (Divulgação/Porsche)
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Nada, porém, é tão interessante quanto a terceira tela, de 10,9’’, que fica posicionada sobre o porta-luvas. Além de ser uma repetição da multimídia, ela também serve para reproduzir aplicativos de vídeo, filmes e séries e traz uma película de privacidade que esconde seu conteúdo do motorista por completo. No Brasil, ela deve ser opcional mas, por questões de licenciamento, não haverá streaming disponível.

Terceira tela é opcional que será oferecido no Brasil. Película a impede de ser vista pelo condutor
Terceira tela é opcional que será oferecido no Brasil. Película a impede de ser vista pelo condutor (Divulgação/Porsche)

Outros detalhes que merecem destaque no interior do Cayenne 2024 incluem o fim da alavanca de câmbio, que virou uma pequena chave seletora à direita do volante. Ao redor dele, estão uma série de comandos que ainda incluem a direção autônoma de nível 2, por exemplo. Eles têm operação um pouco confusa, mas esteticamente o conjunto é charmoso.

Porsche Cayenne E-Hybrid (2)
Cada vez mais a alavanca de câmbio vai sumindo (Divulgação/Porsche)

Em termo de espaço, conforto e acabamento, entretanto, não há grandes novidades. O Cayenne e sua oferta de couro, materiais requintados e muito espaço segue à altura do segmento de luxo ao qual pertence — o que é bom.

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Atrás do volante de 911, porém, as borboletas permitem trocas presenciais
Atrás do volante de 911, porém, as borboletas permitem trocas presenciais (Divulgação/Porsche)

Dócil ou nervoso

Enquanto o Cayenne elétrico não chega, o híbrido plug-in optou por enfraquecer o motor V6 e fortalecer o sistema elétrico. O 3.0 a gasolina agora tem 304 cv e 42,8 kgfm (antes eram 340 cv e 45,9 kgfm). Ao mesmo tempo, o motor elétrico ganhou 40 cv — chegando aos 176 cv — e teve seu torque ampliado de 40,8 kgfm para 46,9 kgfm.

Potência foi
Potência foi “redistribuída” do motor V6 para o elétrico (Divulgação/Porsche)

No passar da régua, o E-Hybrid agora oferece 470 cv e 66,3 kgfm — 8 cv a mais e 5,1 kgfm a menos do que a linha anterior. Como o motor elétrico está melhor e os clientes tendem a rodar bem mais em ciclo urbano, uma compensação válida foi ampliar a bateria de 14,1 kWh para 25,9 kWh; quase o dobro da capacidade.

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Opcionais, faróis HD-Matrix custam R$ 17.000 (Divulgação/Porsche)
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A recarga pode ser feita a 11 kW em corrente contínua, com o wallbox dado em cortesia pela Porsche do Brasil. Nessa configuração, basta pouco mais de 1h para encher a bateria e, desse modo, até 90 km sem queimar uma gota de gasolina durante o dia. No regime elétrico, pelo menos, os clientes poderão dizer que o carro está notavelmente mais ágil e desfruta do torque instantâneo para responder com agilidade (são gastos 4,9 s para ir de 0 a 100 km/h, inclusive).

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Como motor elétrico está mais robusto, clientes devem ter um carro mais ágil em deslocamentos urbanos (Divulgação/Porsche)

No mundo real, porém, a energia foi gasta com mais velocidade do que anunciado pelos dados de fábrica. Uma boa saída é utilizar o seletor de modos no volante (que veio do 911) e rodar em regime híbrido, onde o uso do trem-de-força se equilibra e o Cayenne fica ainda mais versátil.

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Pelo volante é possível controlar até o comportamento da suspensão (Divulgação/Porsche)

Também há méritos à tração integral com distribuição variável de torque entre os eixos e à transmissão automática de oito velocidades. Graças à versatilidade desse conjunto, ativar os dois modos esportivos do Cayenne tornam-no um Porsche legítimo, com comportamento agressivo e até incômodo no dia a dia.

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Interior do Porsche Cayenne E-Hybrid dirigido por QUATRO RODAS (Divulgação/Porsche)

Mas nada faz tanta diferença quanto a nova suspensão do utilitário, que além de adaptativa aproveita os benefícios de agora trazer duas válvulas, permitindo ajustes específicos para o movimento de compressão e descompressão.

Apesar da altura e massa suspensa elevada, o Porsche Cayenne consegue um equilíbrio surpreendente entre conforto e maior estabilidade e contato com o solo, com rolagem pequena da carroceria. Uma ótima pedida é criar ajustes personalizados da condução: em uma estrada de curvas fechadas, por exemplo, o repórter optou por manter a direção elétrica o mais leve possível, enquanto a suspensão adaptativa foi ajustada para o modo mais duro.

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Suspensão adaptativa é crucial para que o Cayenne transite entre um carro macio e até sem graça para um esportivo de comportamento ágil (Divulgação/Porsche)

O cuidado que a Porsche dedicou às rodas e partes relacionadas ainda inclui um auxílio elétrico à frenagem, que suaviza a transição entre os freios regenerativos e os hidráulicos. Até a temperatura dos pneus é levada em conta para ajustar a ação do ABS e as rodas trazem desenho aerodinâmica, que contribui tanto para a economia de combustível quanto para o conforto acústico.

Quem compra um utilitário desse porte certamente não espera o desconforto que um 911 GT3 orgulhosamente oferece. Mas é justamente a capacidade de oferecer vasto conforto sem perder o DNA esportivo que o torna um produto que, ao contrário de concorrentes alemães, não parece deslocado da proposta de sua marca.

Tratado quase como um herege no passado, o Cayenne E-Hybrid é um SUV e um legítimo Porsche ao mesmo tempo. A próxima etapa é manter essa essência mesmo sem um motor a combustão fazendo barulho.

Graças à tecnologia, é possível criar um SUV que transite entre o alto conforto e a emoção ao dirigir ao apertar de um botão
Graças à tecnologia, é possível criar um SUV que transite entre o alto conforto e a emoção ao dirigir ao apertar de um botão (Divulgação/Porsche)

Ficha técnica do Porsche Cayenne E-Hybrid

Preço: R$ 700.000 (estimado)
Motor: gasolina, dianteiro, V6, 24V, turbo, 2.995 cm³, 304 cv a 5.400 rpm, 42,8 kgfm a 1.400 rpm; elétrico, 176 cv, 46,9 kgfm
Potência combinada: 470 cv
Torque combinado:
66,3 kgfm
Câmbio:
automático, 8 marchas, tração integral
Suspensão: multibraços, pneumática nos dois eixos
Direção: eletro-mecânica, 12,1 m (diâmetro de giro)
Freios: discos ventilados
Pneus: 255/55 ZR 20 (dianteira), 295/45 ZR 20 (traseira)
Dimensões: comprimento, 493,0 cm; largura, 198,3 cm; altura, 169,6 cm; entre-eixos, 289,5 cm; porta-malas, 627 l; tanque de combustível, 90 l; peso, 2.425 kg

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