Neta Aya recebe nota zero em teste de colisão na Ásia
Prestes a chegar ao Brasil, carro elétrico de entrada da marca chinesa desaponta em crash-test feito na Ásia; primeira concessionária no Brasil virou uma Ford

Não é nada simples ou fácil de resolver a atual situação da Neta Auto. Enquanto a fabricante chinesa está prestes de iniciar as primeiras entregas dos seus carros elétricos no Brasil, há mudança de comando na direção da empresa na China e seu carro mais barato recebeu nota zero nos testes de colisão do ASEAN NCAP.
A ASEAN NCAP é a equivalente ao Latin NCAP para carros vendidos na Ásia e Oceania. A entidade avaliou a segurança do Neta V, um hatch elétrico que no Brasil é chamado Neta Aya e custa R$ 128.900. Foi testado por também ser vendido na Malásia, em Brunei, na Indonésia e na Tailândia.

Após os testes de colisão, o Neta Aya recebeu zero estrela de um total de cinco possíveis, um resultado igual ao dos Renault Zoe EV e JAC e-JS1 (E10x), testados anteriormente.
De acordo com o ASEAN NCAP, o Neta Aya zerou o teste de colisão frontal, onde o motorista teria “proteção ruim na cabeça, pescoço, peito e perna”. Por lá, o teste também avalia a segurança em atropelamento de motociclistas e a nota também foi zero.
O elétrico obteve alguns pontos para proteção de ocupantes adultos, proteção de ocupantes infantis e sistemas de assistência de segurança, chegando ao total geral de 28,55 pontos em 100 possíveis.

Após a colisão frontal a 64 km/h, a coluna A e o volante se deslocaram das suas respectivas posições originais. De acordo com o ASEAN NCAP, o elétrico tem “estrutura de carroceria fraca” e “sistema de retenção comprometido” que coloca em grande risco a segurança dos ocupantes. O carro testado tem pacote de equipamentos similar ao da versão básica oferecida no Brasil, com apenas dois airbags, freio ABS e controle de estabilidade. No Brasil, sistemas ADAS só estão presentes na versão mais cara, de R$ 138.900.

O Neta Aya tem 4,07 metros de comprimento, 2,42 m de entre-eixos e um porta-malas de 335 litros. É equipado com um motor elétrico de 95 cv e 15,3 kgfm, utilizando uma bateria de 40,7 kWh, prometendo uma autonomia de 263 km pelo ciclo PBEV do Inmetro.

Entre os equipamentos estão a central multimídia de 14,6 polegadas na vertical, câmera de ré, controle de cruzeiro e bancos de couro. A versão Luxury adiciona o pacote de assistentes com controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistência de permanência em faixa com alerta e assistente de farol alto.
Reviravolta na China

No final da última semana, a Neta Auto teve que desmentir rumores sobre uma suposta renúncia do CEO, Zhang Yong. O burburinho se formou nas redes sociais chinesas, alegando que o executivo estaria partindo para a empresa Neomor, que fabrica veículos logísticos elétricos.
Mesmo que tenha desmentido, horas depois foi anunciado que o CEO realmente deixou a empresa. Quem assume o cargo de CEO da Neta agora é Fang Yunzhou, fundador e presidente da Neta Auto.

Zhang estava na Neta Auto desde 2018, após ter passado pela Chery New Energy e pela Beijing Electric Vehicle, e ao longo destes seis anos fez a empresa alcançar a marca de 150.000 carros vendidos em 2022 na China. No ano seguinte, porém, as entregas caíram 15%. Até setembro, porém, a Neta somava apenas 53.853 unidades vendidas, menos de 30% da meta total para 2024. Já em outubro, as vendas foram cerca de 40% menores em relação ao mês anterior, atingindo algo próximo das 4.500 unidades.
O próprio Fang Yunzhou já havia ido a público dizer que está conseguindo resolver os problemas internos da marca de forma positiva. Isso porque as fábricas da empresa em Nanning e Tongxiang chegaram a ter sua produção paralisada. Também houve uma “redução na força de trabalho e cortes de gastos”. Ou seja, demissões e cortes salariais para quem permaneceu. O número de funcionários da Neta foi de 7.932 para 5.000 entre 2023 e 2024, de acordo com a imprensa chinesa.
Como está a situação da Neta no Brasil?

Os planos da Neta Auto para o Brasil seguem. A marca se apresentou ao público brasileiro durante o Festival Interlagos, em agosto, quando divulgou os preços dos seus primeiros carros: o Neta Aya e o SUV Neta X, e ainda anunciou a instalação de um Centro de Distribuição de Peças em São Bernardo do Campo (SP), com 75.000 peças em estoque.
A empresa, porém, atrasou todo o cronograma. A pré-venda, que deveria ter começado em setembro, foi iniciada somente em novembro e a previsão era que os primeiros carros fossem faturados a partir de 1 º de dezembro. As primeiras unidades estão previstas para serem faturadas agora, mas a empresa está deixando as primeiras entregas para serem feitas

Informações de bastidores revelam que a relação com os concessionários está ruim, principalmente com o atraso do lançamento. Alguns lojistas teriam cancelado o contrato com a fabricante chinesa e irão retrabalhar os pontos de venda para comercializar veículos de outras marcas. É o caso da concessionária da rede Sinal, que seria inaugurada no final de agosto no Jardim Europa, em São Paulo. Agora, está quase pronta para ser inaugurada como Ford.
Ainda há acordo fechado com 22 grupos de concessionárias no Brasil que, inclusive, já mostram os carros da marca em shoppings no interior de São Paulo, na Paraíba, no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul e no Ceará.
O cupê Neta GT acabou adiado para 2025, ainda sem uma data certa de estreia ou previsão de preços.