Geely EX5 estreia por R$ 195.800 e mira em carros da BYD que vendem pouco
Geely EX5 tem bom conjunto de equipamentos e dirigibilidade para dentar desviar o foco do design genérico

A Geely está oficialmente de volta ao Brasil como uma marca. Para quem não se lembra, ela já esteve aqui, entre 2013 e 2016, mas as baixas vendas fizeram ela desistir do negócio. Depois, atuou através da Volvo, marca da qual é dona, e mais recentemente com a Zeekr, marca também chinesa de elétricos de luxo.
Agora, ela quer se firmar novamente no Brasil, entrando no segmento dos carros elétricos. A reestreia acontece com o Geely EX5, um SUV de médio porte, com 4,61 m de comprimento, 1,67 m de altura, 1,90 m de largura e 2,75 m de entre-eixos. Chega em duas versões, Pro e Max, que custam a partir de R$ 195.800 e R$ 215.800, respectivamente. Estes preços, contudo, contemplam um desconto de R$ 10.000 para a pré-venda e vale apenas até amanhã (31/07).
Nosso primeiro contato foi com a versão topo de linha, cuja única diferença estética está nas rodas de 19’’ (no Pro são de 18’’) com design de cinco raios. De resto, ambos são exatamente idênticos – e talvez este seja o maior problema do EX5.
Se antes os carros chineses eram cópias de modelos ocidentais, hoje eles são cópias uns dos outros. Falta personalidade ao Geely EX5, coisa que a empresa sabe fazer. O Zeekr X é um exemplo moderno. Mas até o antigo GC2, um dos carros que a Geely vendeu por aqui na sua primeira passagem, tinha essa personalidade. Não à toa ganhou o apelido de “panda”, pelos grandes faróis redondos.
Independente de qual ângulo você olhe, existe a impressão de que você já viu este Geely em algum lugar. Na frente, há faróis afilados e um capô com linhas arredondadas, que lembram muito o BYD Yuan Plus. Seria ainda mais parecido, se o EX5 não tivesse um para-choque com entrada mais discreta, duas pequenas saídas de ar nas extremidades e duas barras de led em forma de ‘C’.
São esses elementos que dão um pouco de personalidade ao EX5, algo que não vemos na traseira. Completamente genérica, tem tampa do porta-malas arredondada e um pequeno spoiler no fim do teto. O para-choque é marcado por um friso na parte superior e a lanterna segue aquele padrão que virou moda entre os chineses: totalmente integrada e com extremidades maiores e arredondadas. Lembra um tanto o também chinês Seres 5, já fora de linha no Brasil.
O lado bom, é que essa impressão fica só do lado de fora. Por dentro, o Geely EX5 compensa o aspecto genérico com um acabamento de alto padrão e bastante conforto. Painel e portas tem acabamento macio e há espaço de sobra para todos os passageiros. Até por isso, a marca diz que esse é um SUV do segmento C, mas com porte do segmento D. Quem viaja atrás tem saídas de ar próprias, banco que reclina em até 35º e uma pequena gaveta sob o assento para guardar alguns objetos.

Na frente, o console central elevado abre mais espaço para guardar os objetos. Ele também abriga dois nichos para guardar o celular, mas só um tem carregador sem fio. Há um comando giratório multifuncional (para ar-condicionado e volume da música, por exemplo) e o seletor de marcha fica posicionado ao lado do volante. Há duas telas de bom tamanho: o quadro de instrumentos com 10,2’’ e a central multimídia de 15,4’’.

A versão Max tem ajustes elétricos, função de massagem e ventilação para os dois assentos dianteiros. Também é exclusivo da topo de linha as luzes ambiente — que podem mudar de cor no ritmo da sua música —, sistema de som Flyme Sound com 16 alto-falantes, quatro tweeters e subwoofer, head up display, farol alto inteligente, teto solar panorâmico, sensor de estacionamento dianteiro e porta-malas elétrico.
E é só na versão Max que encontramos o pacote de recursos ADAS, que inclui detector de ponto cego, assistente de permanência e centralização de faixa, frenagem de emergência, alerta de ponto cego, leitura de placas de trânsito, piloto automático adaptativo e alerta de tráfego cruzado. A versão Pro peca por ter apenas sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré e piloto automático comum.

A direção é outro ponto positivo do EX5. O motor tem 218 cv e 32,6 kgfm em ambas as versões. As duas também são alimentadas pela mesma bateria de 60,2 kWh, mas suas autonomias são diferentes. A versão Pro pode chegar a 413 km com apenas uma carga, enquanto a Max tem alcance de 349 km, segundo o Inmetro. Segundo a Geely, o motivo são os sistemas que a topo de linha tem, que comprometem um pouco a autonomia, além dos 50 kg a mais (a Pro tem 1.715 kg e a Max 1.765 kg).
Isso também interfere no tempo de 0 a 100 km/h. Enquanto o mais básico precisa de 6,9 s para realizar o sprint, o Max leva 7,1 s. Não é uma diferença gritante e as acelerações são rápidas, graças ao torque imediato, em especial no modo Sport. Há, também, os modos Eco e Normal, que deixam a aceleração mais progressiva.

Um detalhe legal é que você pode alterar não só o nível da frenagem regenerativa, como também o modo de frenagem. Em modo esporte, o pedal fica mais sensível e elas tornam-se mais bruscas, mas é possível deixá-lo um pouco mais manso e confortável para rodar no anda e para do trânsito das grandes cidades.
Apesar de um primeiro contato curto e em pista fechada, deu pra perceber que este Geely tem um rodar bem confortável e foge de alguns padrões chineses. A suspensão não é macia demais, conseguindo filtrar bem as imperfeições, mas sem deixar a estabilidade em segundo plano.

Segundo a marca, houve alguns ajustes feitos pensando no mercado brasileiro, mas o EX5 é um carro global. Logo, é interessante para a marca criar um carro que atenda às exigências de diferentes mercados e não apenas os chineses.
A maioria dos sistemas ADAS atuam bem, como o sensor de ponto cego, que pode ser visualizado pelo head up display, ou o assistente de permanência em faixa, que não atua de maneira invasiva. Mas o leitor de placas de trânsito é irritante. Ele confunde a velocidade de carros de passeio e veículos pesados na estrada e envia sinais sonoros constantes.

A boa notícia é que você pode desligá-lo na multimídia. Mas aí temos outro problema: boa parte das funções estão concentradas na tela, faltando botões físicos redundantes na cabine para facilitar o acesso. A navegação, apesar de fluida, pode ser um pouco confusa, necessitando abrir algumas telas até chegar onde se quer. E não há conectividade com Android Auto, apenas com Apple CarPlay.
O foco do Geely EX5 será os BYD Yuan Plus e Pro, que estão bem longe de se destacarem pelos números de vendas: o Plus tem cerca de 200 unidades emplacadas por mês e o Pro, cerca de 500. Ele é um pouco mais potente e passa uma impressão mais premium em seu interior. E isso será o determinante para a escolha, já que no visual, ambos são bem semelhantes.