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BYD segue nova rota da seda e terá até oito navios para transportar carros

Acompanhamos a chegada do navio de fretes da BYD, com espaço para mais de 7.000 carros, ao Brasil. Ele é só o primeiro de muitos, na estratégia da empresa

Por Eduardo Passos
15 set 2024, 09h18
NAVIO BYD
 (Eduardo Passos/Quatro Rodas)
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A produção industrial chinesa é tão grande que não dá para esperar que os países importadores tenham condições de atender a essa oferta; é necessário criar os meios para isso.

Desde 2013, a China vem trabalhando na Nova Rota da Seda, que consiste num projeto de construir (ou financiar) portos, estradas, ferrovias e outras infraestruturas no mundo inteiro. A consultoria inglesa CEBR (Center for Economics and Business Research) diz que esse programa elevará o PIB global em US$ 6,4 trilhões (R$ 35 trilhões) na próxima década. Mas nem tamanha iniciativa basta. No caso da indústria automotiva, o excedente carece não de portos, mas de navios.

No lugar de guindastes e contêineres, as embarcações RoRo trazem uma imensa rampa, pela qual os veículos entram e saem. No interior, há um estacionamento de vários andares, que, no caso do BYD Explorer 01, leva até 7.117 unidades.

NAVIO BYD
Foram dois dias para tirar todos os carros, conferi-los e estacioná-los no pátio do porto (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Esse é o navio da BYD, que fez seu desembarque inaugural no Brasil em maio. Ele atracou por dois dias no porto de Suape (PE), onde QUATRO RODAS acompanhou a saída interminável de carros do seu interior, num fluxo contínuo. Os modelos, o sedã King e o SUV Song Pro, eram conferidos e logo seguiam para o pátio, sob olhares da Receita Federal, que cuidava de agilizar o desembaraço.

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Há poucos navios RoRo no mundo, e construir um leva de 15 a 21 meses, em média, segundo o mercado. Muitos são usados para rotas mais curtas (como as que Jeep, Toyota e Volkswagen, por exemplo, fazem entre Brasil e Argentina) e vários têm longos contratos de uso em vigor com essas montadoras.

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As chinesas precisaram arriscar quando encomendaram seus navios, pois a demanda esperada poderia não vir. Mas parece que a decisão foi acertada, pois, em 2023, o aluguel desses barcos chegou a US$ 115.000 (R$ 628.300), num crescimento de 576% se comparado aos valores cobrados em 2019.

Ainda em 2021, a BYD encomendou a construção de quatro navios RoRo, a cerca de US$ 64 milhões (R$ 350 milhões) cada um. Depois pediu mais quatro, com espaço para 9.500 veículos. Ainda apuramos que o estaleiro tem outros dois RoRo na fila, que podem ser destinados a outras montadoras da China ou à BYD mesmo.

NAVIO BYD
Novos BYD King (foto) e Song Pro vieram nesta viagem (Eduardo Passos/Quatro Rodas)
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Por questões fiscais, o Explorer 01 é registrado na Libéria, com tripulação majoritariamente búlgara. À reportagem, seu capitão destacou que a menor densidade torna a embarcação mais navegável, permitindo acesso a portos de menor profundidade – no Brasil, ele atracará em Suape (PE), Vila Velha (ES) e Itapoá (SC) regularmente.

É importante tomar cuidado com a maresia, que favorece incêndios espontâneos das baterias e vem causando problemas graves para alguns RoRo. O Felicity Ace foi um deles e pegou fogo em 2022, com o incêndio tendo iniciado em um carro elétrico. Após uma semana, o navio afundou levando consigo 3.965 carros, entre eles modelos de luxo e esportivos de marcas como Audi, Lamborghini, Porsche e Bentley, um prejuízo avaliado em US$ 115 milhões.

Diante disso, agora em todos os andares desses navios há câmeras térmicas que monitoram a temperatura dos veículos individualmente e sempre existem tripulantes prontos para usar cobertores antichamas se necessário, encobrindo o carro afetado para conter as chamas.

O Explorer 01 é movido a gás natural, com tanque de 3,2 milhões de litros. Mas alguns de seus irmãos devem utilizar propulsão híbrida, com tecnologia da casa, promete a BYD. A marca também não descarta fazer frete para outras fabricantes, enquanto outras operadoras de RoRo entre China e Brasil planejam uma adaptação para que eles venham com carros e voltem para a Ásia com celulose, que já sai de fábricas como a Cenibra (MG) e Fibria (ES) e, via trem, chega ao porto capixaba.

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