Andamos nos SUVs Omoda 5 e Jaecoo J7, que chegam ao Brasil em 2024
Fomos até a China para conhecer, em primeira mão, os novos SUVs chineses que desembarcarão por aqui em 2024
O mercado brasileiro está prestes a ganhar duas novas marcas chinesas: Omoda e Jaecoo. Ambas pertencentes ao Grupo Chery, elas estrearão por aqui em 2024 em uma operação conjunta, compartilhando até o espaço físico de concessionárias, com direito a fábrica, mas independentes da Caoa. Ou seja, Omoda e Jaecoo não terão relação alguma com a Caoa Chery no Brasil.
Com os anúncios, as marcas levaram um reduzido número de jornalistas brasileiros para conhecer em primeira mão, na China, seus primeiros modelos que desembarcarão por aqui. QUATRO RODAS fez parte deste grupo e teve contato com o Omoda 5 e o Jaecoo J7.
Além de conceder um tempo considerável com os modelos estáticos para análise de aparência, acabamento e espaço, os chineses aproveitaram para realizar uma espécie de clínica com os brasileiros, demonstrando que não querem errar por aqui e estão dispostos a realizar alterações para o nosso mercado. Em seguida, houve um breve test-drive em circuito fechado para testar algumas das capacidades dos modelos.
Informações sobre versões, equipamentos, alguns pormenores técnicos e até imagens mais detalhadas não foram fornecidos. As marcas dizem que as especificações poderão mudar para o Brasil. Assim, vale a experiência de um primeiro contato com os SUVs.
Omoda 5 EV
O C5, que será chamado apenas de 5 por aqui, será o primeiro modelo da nova operação no Brasil. Ele será vendido em duas versões com preço ao redor dos R$ 160.000 e terá motor 1.5 turbo com sistema híbrido leve e câmbio CVT, sem números de potência e torque revelados – é, basicamente, o mesmo conjunto utilizado pelo Tiggo 5X por aqui. Apesar de seu pioneirismo, o contato não foi com ele, mas com sua variante elétrica, o E5 (também chamado de 5 EV), que tem aparência próxima.
Ele chegará depois do modelo a combustão, mas ainda em 2024, segundo a Omoda. À QUATRO RODAS, executivos da marca adiantaram que o Omoda E5 tem um preço inicial em estudo para R$ 260.000, mas consideraram que o valor pode ficar entre R$ 200.000 e R$ 230.000 após relatarmos o atual cenário do mercado de elétricos por aqui.
Assim como o 5, o E5 é bonito e tem traços modernos que farão mais sucesso que os contidos do Jaecoo J7. Os faróis principais ficam no para-choque e parecem esticados pelo vento, enquanto uma segunda porção, com luzes diurnas, fica próxima ao capô. A traseira tem lanternas também espichadas, mas com iluminação que não atravessa a tampa do porta-malas.
Já a lateral se destaca pelo perfil de SUV cupê. Entre as diferenças para o modelo a combustão, o elétrico só tem aberturas no para-choque dianteiro e as rodas têm desenho aerodinâmico, mais fechado. O híbrido, tem uma grade que se destaca, com elementos que remetem a diamantes, em um resultado mais chamativo e interessante que o elétrico.
Não há imagens oficiais do interior do elétrico, que lembra o do a combustão, mas com consideráveis diferenças. Há duas telas de 10 polegadas destacadas no painel, uma para o quadro de instrumentos e outra para a multimídia, com Android Auto e Apple CarPlay. Bancos elétricos, ar-condicionado digital e iluminação estão entre os itens confirmados para o Brasil, além de “outros equipamentos padrão do segmento”, segundo a marca.
O acabamento também segue a categoria dos SUVs compactos, mas, para o Brasil, terá de mudar os materiais utilizados na faixa central do painel e no console. Na China, é um plástico preto brilhante com discretos desenhos que remetem a madeira. Não é do gosto do brasileiro. A alavanca de câmbio que você vê na imagem abaixo não existe na versão elétrica, que passa a ter o componente na coluna de direção, como nos Mercedes.
No acabamento, o 5 deve materiais macios nas portas, que levam plásticos rígidos. Há, porém, materiais emborrachados na parte superior do painel. O E5 ganha uma porção superior com revestimento nas portas, mas apenas próximo ao vidro. Em geral, o acabamento do elétrico é superior.
O SUV elétrico é equipado com um motor dianteiro de 204 cv, que o leva de 0 a 100 km/h, de acordo com a Omoda, em 7,6 segundos. Com uma bateria de 61 kWh, a autonomia projetada pela marca é de 450 km no ciclo WLTP, que vai bem diante da concorrência.
Em movimento, o Omoda 5 EV se mostra estável, com um ajuste firme de suspensão, que segura bem o carro em curvas mais fechadas – auxiliada pela direção direta. As acelerações são rápidas, mas o modelo precisa controlar melhor a força despejada no eixo dianteiro: ele sai patinando e querendo jogar a dianteira em saídas com toda força exigida.
Jaecoo J7
Baseado no Chery TJ-1, o J7 tem porte de Jeep Compass e Toyota Corolla Cross com seus 4,5 metros de comprimento e 2,6 m de entre-eixos. A aparência, segundo executivos da Jaecoo, pode sofrer alterações em alguns detalhes, já que ele ainda não está sendo produzido – por isso, a marca focou nele quando pediu opiniões sobre possíveis alterações.
Como está, é um SUV bonito e que chama atenção com a iluminação quadriculada nas lanternas (com leds de uma ponta a outra) e nas peças superiores dos faróis. Os fachos alto e baixo, também full-led, ficam em posição inferior.
Os traços retilíneos e a ausência de vincos marcantes remete aos Range Rover. As rodas podem ser de 18 ou 19 polegadas. Entre as mudanças que poderiam acontecer estão a diminuição da grade dianteira e do logotipo “J7”, na traseira.
O interior também nos faz lembrar dos SUVs britânicos com linhas horizontais e um console central alto, tudo com bom acabamento e uso de materiais emborrachados e de toque suave. O quadro de instrumentos é digital e há uma grande tela vertical no centro do painel. A alavanca de câmbio é futurista demais, porém destoa do conjunto e parece frágil.
O espaço é digno de um SUV médio, com bom espaço para pernas, cabeça e ombros na traseira, semelhante ao do Jeep Compass, além de um bom porta-malas, sem capacidade especificada.
A aparência que lembra os Range Rover não é por acaso, já que a Jaecoo garante que o J7 tem capacidades fora de estrada superiores as de “clássicos SUVs off-road”. Para bom entendedor, a indicação está feita. São sete modos de condução e capacidade de imersão de 600 mm.
O test-drive do modelo foi realizado na terra, acelerações fortes em um terreno cheio de pedras, subidas e imersão em um tanque de água. Ele foi bem, com bom desempenho nas acelerações, frenagens a contento e um acerto firme e robusto de suspensão – algo que foge ao comum em chineses. A direção poderia ser um pouco mais direta e pesada. Por outro lado, não houve trechos de asfalto ou lama.
O J7 é equipado com um motor 1.6 turbo de 186 cv e câmbio de dupla embreagem de sete marchas, com tração integral. Futuramente, ele terá uma versão híbrida plug-in. Para o Brasil, há desencontros de informações. Inicialmente, a marca anunciava que o modelo chegaria com a versão a gasolina e, em seguida, viria a híbrida. Durante a apresentação, na China, o discurso mudou: o Brasil terá apenas a versão híbrida, que ainda não existe.
Pode fazer sucesso, mas…
Sejam a combustão, híbridos ou elétricos, Omoda 5 e Jaecoo J7 têm boas chances de sucesso no Brasil por unirem design, espaço, acabamento e tecnologia ao gosto do brasileiro – principalmente se a clínica feita pela marca for seguida à risca. É preciso, porém, amarrar algumas pontas, como definir melhor as estratégias e revisar os nomes dos modelos (chamados de várias formas). Seguir os passos de BYD e GWM, com um bom estudo sobre o Brasil, ajudará na missão.