À beira da falência, Fisker dá até 40% de desconto em carros elétricos
Após queda no preço das ações, críticas pesadas ao seu primeiro carro e sem uma empresa parceira, a Fisker está em situação delicada e à caminho da falência
Os últimos oito meses foram uma montanha-russa para a fabricante de carros elétricos Fisker. O lançamento do SUV Ocean fez a empresa ganhar projeção nos Estados Unidos e ter números relevantes de pedidos, e a apresentação de três novos modelos em agosto de 2023, o crossover Pear, a picape Alaska e o esportivo Ronin, sinalizavam que a marca vivia um bom momento. Mas dali em diante as coisas foram de mal a pior.
Um relatório de lucros no quarto trimestre de 2023 indicou “dúvidas substanciais sobre a sua capacidade de continuar”. Foi aí que a Fisker se viu em uma situação financeira delicada. Houve negociações com uma “grande montadora” para obter um investimento que garantisse que a Fisker mantivesse suas operações, porém, não tiveram sucesso, deixando a empresa sem o impulso financeiro necessário para prosseguir.
A “grande montadora” seria a Nissan, com quem a Fisker estaria buscando uma parceria para produzir sua picape elétrica Alaska. Sem um parceiro e sem os recursos financeiros esperados, a falência se tornou uma possibilidade real, porque o prognóstico é cada vez pior.
Ainda antes da negativa de uma parceria, uma avaliação negativa do YouTuber de tecnologia Marques Brownlee teve grande repercussão nos EUA e foi seguida pelo vídeo de um funcionário da Fisker repreendendo o revendedor e emprestou o SUV YouTuber, que também viralizou.
As negociações das ações da empresa na bolsa de Nova York foram interrompidas devido ao valor das ações terem chegado a um valor “anormalmente baixo”. Depois, a Fisker decidiu iniciar uma suspensão na produção dos seus carros por seis semanas, uma medida tomada para lidar com o restante do estoque de carros já produzidos.
A Consumer Reports também publicou duras críticas sobre o Fisker Ocean, classificando o SUV como um carro inacabado. Um ponto interessante: a Consumer Reports comprou o carro. Ou ao menos tentou: o cheque de pagamento do carro nunca foi descontado.
Uma reportagem do site TechCrunch descobriu que este não foi um um caso isolado e que Fisker teve dificuldade para acompanhar vários pagamentos de clientes, resultando no lançamento de uma auditoria interna em dezembro. Uma péssima notícia para uma empresa que está desesperada por capital para manter suas operações.
Atualmente, a Fisker enfrenta desafios significativos, incluindo diversas dívidas em débito no pagamento de juros e um valor de ações em declínio. Embora não tenha declarado falência oficialmente, a situação financeira da empresa levanta preocupações. De acordo com o The Wall Street Journal, a Fisker até já recrutou consultores de reestruturação para explorar a possibilidade de pedido de falência.
A notícia mais recente é a de que a Fisker fez grandes cortes no preços dos seus carros, quase uma queima de estoque com descontos de até 40%. O Fisker Ocean Sport básico agora é vendido por US$ 24.999, um desconto de US$ 14.000 sobre o preço sugerido de US$ 38.999. O Ocean Ultra tem desconto de US$ 18.000: passou de US$ 52.999 para US$ 34.999. O Ocean Extreme está com desconto ainda maior, passando de US$ 68.999 para US$ 37.499.
De acordo com a Fisker, estão “reposicionando estrategicamente o Ocean para ser uma opção de carro elétrico mais acessível e atraente, ficando disponível competitivamente para mais compradores”. O Fisker Ocean tem produção terceirizada, feita pela Magna Steyr na Áustria. Se fosse fabricado nos EUA ainda teria benefícios fiscais. Mas já custa menos que as versões de entrada do Tesla Model Y (US$ 39.000) e do Volkswagen ID.4 (US$ 44.000).
À medida que a Fisker continua a enfrentar seus problemas, o mercado de carros elétricos mostra que não é fácil e que uma gestão financeira sólida é muito importante.