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Hofstetter Turbo: o esportivo nacional com desenho ‘italiano’ e motor VW

Destaque da indústria nacional, o esportivo fora de série é um dos melhores exemplos de sonho que se tornou realidade

Por Felipe Bitu | Fotos Fernando Pires
Atualizado em 21 out 2022, 19h31 - Publicado em 21 out 2022, 19h30
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    O ano de 1968 foi marcante na história do Salão de Paris. Nessa edição, foram exibidos Peugeot 504, Ferrari 365 GTB/4 Daytona e o conceito Alfa Romeo Carabo. Este último, criado por Marcello Gandini, consolidou o estilo em cunha adotado nos italianos Lancia Stratos e Lamborghini Countach, no inglês Lotus Esprit e no brasileiro Hofstetter.

    Foi no Natal de 1973 que o adolescente Mário Richard Hofstetter decidiu criar seu próprio automóvel. Impactado pela obra de Gandini, o jovem de 16 anos pegou uma prancheta e esboçou as linhas de um projeto que unia elementos de estilo do Maserati Boomerang (de Giorgetto Giugiaro) e do BMW E25 Turbo (de Paul Bracq).

    HOFSTETTER TURBO
    Abertura asa de gaivota foi inspirada pelo BMW E25 Turbo (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O maior incentivo veio do pai, o suíço Felix Paul Hofstetter, executivo da indústria e entusiasta da Alfa Romeo. “Meu pai sempre gostou de automóveis e contou para nossos amigos que iríamos construir um juntos. Elaborei dois projetos, um simples e outro mais complexo. Quando os apresentei, fui desafiado a concluí-lo sozinho.”

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    O desafio paterno catalisou a motivação do jovem projetista, que vendeu um kart para adquirir chapas de madeira compensada e ferramentas.

    Apoiado pelo amigo Décio Almeida Franco, Mário iniciou a construção do molde da carroceria na garagem de sua residência, aproveitando sua experiência como aeromodelista. Construída em plástico reforçado com fibra de vidro, a primeira carroceria ficou pronta após um ano de trabalho.

    HOFSTETTER TURBO
    Volante oval e bancos tinham desenho próprioImpressionado com o resultado, Felix iniciou os estudos para viabilizar a produção. Nesse momento, Mário percebeu que ainda precisava providenciar os demais componentes do chassi e do conjunto propulsor. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Em suas andanças pelo autódromo de Interlagos, Mário se deparou com um protótipo construído pelo artesão Francisco Picciuto para disputar o extinto Campeonato Brasileiro de Viaturas Esporte Nacional (Divisão 4).

    Mas foi preciso muito trabalho para acertar a estrutura do chassi e as suspensões com terminais rotulares, inadequadas a um esportivo de rua.

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    Pouco tempo depois, Mário adquiriu um motor Cosworth BDG (2,0 litros) e um câmbio Hewland – trem de força originalmente utilizado nos monopostos de Fórmula 2. “Por se tratar de um motor de pista desenvolvido pelo engenheiro Brian Hart, o torque máximo surgia acima das 7.000 rpm e sua vida útil era curta”, diz Mário.

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    HOFSTETTER TURBO
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Os problemas apresentados pelo protótipo foram sanados em 1981, período em que Mário construiu um chassi tubular próprio, do tipo espinha dorsal. Motor, câmbio, subchassi, suspensão e freios traseiros vinham do Volkswagen Passat. Direção e freios eram do Chevrolet Chevette. O projeto teve a participação de Antonio Carlos Silva Quintella, engenheiro mecânico egresso de FNM, VW e Porsche.

    Em 1982, a Hofstetter instalou-se em um galpão no bairro paulistano da Vila Olímpia e, em 1983, o modelo chegou ao desenho definitivo.

    Realizado em setembro de 1984, o 13o Salão do Automóvel de São Paulo agraciou o público com a apresentação de dois exemplares do Hofstetter. Uma unidade chegou a ser enviada aos EUA para estudos de viabilidade.

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    HOFSTETTER TURBO
    Painel digital era fornecido pela PPA (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A versão de produção usava o motor 1.8 do VW Santana. Um turbocompressor aumentou a potência para 140 cv, permitindo ir de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos. Em 1987, o Hofstetter Turbo vai a 210 cv com o novo motor 2,0 litros VW, superando os 200 km/h.

    O Hofstetter resistiu a crises e foi novamente apresentado no Salão do Automóvel de 1990 como Hofstetter-Cortada, referência ao novo sócio, Atila Cortada. Mas a abertura do mercado fez com que seu público migrasse para os importados. Ao todo, 18 unidades do Hofstetter Turbo foram produzidas até 1992, ano em que a empresa encerrou suas atividades.

    HOFSTETTER TURBO
    Motor Volkswagen AP 2.0 com turbo: 210 cv (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Ficha Técnica – Hofstetter Turbo 1991

    Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.984 cm³, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por carburador, sobrealimentado por turbocompressor
    Potência: 210 cv a 5.100 rpm; torque, 26 kgfm a 3.300 rpm
    Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira
    Carroceria: fechada, 2 portas, 2 lugares
    Dimensões: comprimento, 417 cm; largura, 174 cm; altura, 107 cm; entre-eixos, 238 cm; peso: 1.060 kg
    Pneus: 225/55 VR 14

    Capa Quatro Rodas 314
    (Reprodução/Quatro Rodas)

    Setembro de 1986
    ACELERAÇÃO: 0 a 100 km/h: 9,3 s
    VELOC. MÁX.: 195,8 km/h
    CONSUMO: 10,9 km/l (rodoviário), 6,2 km/l (urbano) c/ etanol
    PREÇO: US$ 70.000 (novembro de 1990)

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