Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

A bizarra história do Emme Lotus 422T, o sedã mais mentiroso do Brasil

Usando nome ilustre e promessas vãs, o Emme Lotus prometia ser o sedã mais rápido do mundo e desapareceu com a mesma velocidade que prometia alcançar

Por Felipe Bitu
Atualizado em 2 abr 2023, 11h57 - Publicado em 6 jul 2016, 21h48
Ele nasceu para ir a 100 km/h em 5 s e atingir 275 km/h
Ele nasceu para ir a 100 km/h em 5 s e atingir 275 km/h (Acervo/Quatro Rodas)

A vaidade é um pecado capital, mas sempre haverá alguém disposto a pagar bem para ter um carro exclusivo. Foi mirando nesse público que foi apresentado no Brasil Motor Show de 1997 o mais misterioso automóvel nacional: o Emme Lotus 422T.

O folclore em torno dele surgiu quando algum tempo antes foi avistado um estranho protótipo nas rodovias paulistas do Vale do Paraíba. O alvoroço aumentou ao notarem nele o logotipo Lotus, numa época em que nossa indústria só tinha Fiat, VW, Ford e GM.

Parte do mistério acabou em abril de 1997, quando a QUATRO RODAS publicou que se tratava de um sedã de luxo, menor que o Chevrolet Omega, feito em Pindamonhangaba pela Megastar, que também fabricava scooters.

Mais que o desenho inusitado e futurista (e de gosto bem duvidoso), surpreendia pelo projeto 100% nacional, com o aval e a tecnologia fornecida pela Lotus: estrutura tubular coberta por carroceria de plástico injetado chamado VeXtrim, que prometia ser mais leve e resistente que o aço, além de custar menos e ser 100% reciclável.

Emme Lotus 422T

Continua após a publicidade

Outra promessa era o desempenho: o 420 (2.0 aspirado, 148 cv) e o 420T (2.0 turbo, 200 cv) seriam só uma opção aos importados. Já o 422T (2.2 turbo, 264 cv) trazia a pretensão de se tornar o sedã mais rápido do mundo: 0 a 100 km/h em 5 segundos e máxima de 273 km/h.

As suspensões eram independentes: as rodas de trás acompanhavam as dianteiras, evitando o sobresterço típico da tração traseira. No interior, banco de couro e revestimento no painel de nogueira ou fibra de carbono.

Emme Lotus 422T

Aproveitando os anseios de um mercado imaturo, a Megastar soube explorar o foco da exclusividade e relançou o Emme Lotus 422T no Salão do Automóvel de 1998, aceitando os primeiros pedidos, atraindo incautos que demoraram a perceber as mazelas do projeto.

Um dos claros sinais foi a vida efêmera da única autorizada, em São Paulo, que logo perdeu a representação da marca. Com a desvalorização do real, a importação de peças inviabilizou a produção da Megastar, que fechou as portas em 1999.

Continua após a publicidade

Diante dos importados, seu acabamento interno e externo era inaceitável, com rebarbas aparentes e encaixes malfeitos. O amadorismo também se fazia presente na posição confusa de instrumentos e comandos e na ausência de itens como airbag e ABS.

Emme Lotus 422T

O exemplar das fotos pertence ao colecionador Guilherme Junqueira e é o mesmo que a Emme apresentou no Salão de 1998, com placas EME-0422: “Gosto do desempenho, mas o que chama atenção são as peças emprestadas de carros nacionais, como as lanternas dianteiras do Ford Escort”, diz.

A impressão que fica é a de que o nome Lotus vendeu o carro sozinho. O mistério envolvendo o sedã nacional deu origem à lenda de que a Lotus não participara do projeto e até a rumores de que a marca inglesa vendeu motores que não usava mais como sucata industrial, por peso – concebido para o Esprit, o 2.2 turbo foi descontinuado em 1996.

Continua após a publicidade

Emme Lotus 422T

Para piorar, o 422T era cerca de 300 kg mais pesado que o Esprit e seu câmbio Tremec T5 era o do Ford Mustang, com escalonamento refeito a pedido da Lotus, ligado a um diferencial traseiro autoblocante da Jaguar. Sua dirigibilidade em baixas rotações era crítica, exigindo o uso constante do turbo, com desempenho aquém do prometido.

Compartilhe essa matéria via:

Para desespero dos proprietários, o 422T foi apenas o fruto de uma aventura industrial: a Megastar seria uma subsidiária de um grupo com sede no pequeno país de Liechtenstein. O lançamento do Volvo S80 em 1998 indicou que o desenho do Emme nada mais era do que um plágio do Volvo ECC, um conceito apresentado em 1992.

Continua após a publicidade
Continua após a publicidade
Ficha Técnica
Motor longitudinal, 4 cilindros em linha, 2174 cm3, 16V, duplo comando de válvulas no cabeçote, injeção eletrônica, turbo
Potência 264 cv a 6 500 rpm
Torque 36,1 mkgf a 3.900 rpm (estimado)
Câmbio manual de 5 marchas, tração traseira
Dimensões comprimento, 462 cm; largura, 180 cm; altura, 140 cm; entre-eixos, 276 cm; peso, 1 591 kg
Suspensão duplo quadrilátero nas 4 rodas com traseira autoesterçante
Freios disco ventilado na frente e sólido atrás
Pneus 225/50 R15 radiais

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.