Anos 60, Estados Unidos. Nunca uma única década simbolizou transformações tão profundas quanto aquela. Kennedy assassinado, os hippies, direitos civis dos negros, pílula anticoncepcional, feminismo… A mocidade nascida no pós-guerra, chamada de baby boomers, protagonizava essas mudanças e representava um enorme mercado procurando produtos que refletissem a juventude do momento.
Lee Iacocca, então gerente geral da marca Ford, percebeu isso e propôs a seus engenheiros e designers que criassem um carro de visual esportivo, ótimo desempenho e preço razoável. No verão de 1962, eles foram incumbidos de trazer suas propostas para o que viria a ser um dos maiores sucessos comerciais da Ford, o Mustang.
De sete modelos de argila, o de Joe Oros foi o que mais agradou. Em clínicas secretas para testar a receptividade, o Ford Mustang foi considerado pouco prático. Mas, quando os participantes sabiam do preço, até 1.000 dólares abaixo do que previam, o carro ganhava enorme apelo de compra.
O Mustang foi um sonho possível. Sua proposta de ser montado segundo a necessidade do dono era outro atrativo. Vinha equipado para agradar a maior parte de seu público-alvo e ainda oferecia mais de 50 itens de personalização, de performance a estilo.
A campanha de TV no dia anterior à chegada do Mustang às autorizadas, em 17 de abril de 1964, gerou um rebuliço na rede Ford, que recebeu 4 milhões de curiosos, interessados em adquirir um – ou simplesmente apreciá-lo.
O Mustang 1964 1/2 era oferecido nas versões cupê hardtop e conversível. O motor standard era um seis-cilindros de 170 pol³ (2,8 litros) e 101 cv. Mas havia também o V8 opcional, com 260 pol³ (4,3 litros) e 164 cv, mais um com 289 pol³ (4,7 litros) de 210 cv e sua versão mais apimentada de 271 cv. Transmissões manuais de três e quatro velocidades e automática, apenas com quatro marchas, estavam disponíveis.
Apesar de o motor de seis cilindros ser o mais barato da linha, o público preferia os oito-cilindros: três em cada quatro clientes compravam um V8.
O Ford Mustang custava cerca de metade de um Chevrolet Corvette e precisaria de menos de dois anos para vender seu primeiro milhão de unidades. Graças ao logotipo do cavalo que o modelo estampava na grade, surgiu o termo “pony car” para designar carros compactos e esportivos. Para 1965 foi acrescida a versão 2+2 fastback.
Foi ainda nessa geração que Carroll Shelby começou a preparar o GT-350 de 1966 com um 289 de 306 cv e janelinhas no lugar das tomadas de ar na coluna traseira. Um ano depois, a carroceria ganhou contornos mais robustos, embora com o mesmo desenho básico. O nariz ficou mais projetado na parte superior e a traseira ficou côncava. Foi quando Shelby partiu para o mítico GT-500. Mas isso já é outra história.
Ficha técnica – Ford Mustang
- Motores: foram 15 variações de motores em quatro anos, que iam de um seis-cilindros em linha de 170 pol³ (2.8) e 101 cv a um V8 de 428 pol³ (7.0) e 332 cv
- Dimensões: comprimento, 461 cm; largura, 173 cm; altura, 130 cm; entre-eixos, 274 cm
- Desempenho: 204 km/h; 0 a 100 km/h em 6,1 segundos (V8 289 de 271 cv)