Vital para os mais novos (e últimos) carros a combustão, o turbocompressor é um caso notório de sucesso tardio. Ainda que o mecanismo seja quase centenário, sua estreia no Brasil foi há apenas 27 anos, com o Fiat Uno Turbo.
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Ele já havia sido mostrado em ações promocionais, mas só com evoluções como a injeção eletrônica que o modelo pode ser lançado em larga escala. Assim, em fevereiro de 1994, QUATRO RODAS apresentou uma unidade pré-série daquele que seria o primeiro turbinado produzido em larga escala no Brasil: o Uno Turbo i.e.
O Uno Turbo aniquilou a concorrência com seu motor 1.4 turbo de 118 cv. Com máxima de 192,6 km/h e 0 a 100 km/h em 8,96 s, ele deixou para trás Gol GTi, Escort XR3 e até o novíssimo Vectra GSi. O modelo chegou ainda mais potente em relação ao Uno Turbo europeu, que oferecia 105 cv a partir do motor 1.3 turbinado.
Para controlar tamanho desempenho foram adotados amortecedores pressurizados, barra estabilizadora dianteira e freios a disco nas quatro rodas. O fôlego do turbo era transmitido ao solo por largos pneus 185/60, com suspensão rebaixada e transmissão manual importada da Itália como diferenciais. De comportamento intencionalmente arisco, o Uno turbinado vinha junto de um imenso brinde: um curso de pilotagem ministrado em nada menos que Interlagos.
Estilo também não faltava, e o Uno Turbo brasileiro ganhou visual exclusivo, com para-choques, saias e rodas exclusivos. O interior acompanhava a escalada de performance com bancos com apoios laterais pronunciados e um novo volante de três raios. O conta-giros com escala até 8.000 rpm e os manômetros de pressão do óleo e do turbo também se destacavam.
Pelo equivalente a R$ 156.000 em 2021, o Fiat Uno Turbo i.e não era para qualquer um e, mesmo sendo um modelo de luxo, itens como rádio toca-fitas Alpine, teto solar, cintos traseiros retráteis e desembaçador com ar quente eram opcionais. O ar-condicionado demandou modificações profundas, de modo que só foi oferecido a partir da linha 1995.
Como todo esportivo, poucas unidades do Uno Turbo seguem bem conservadas atual, mas isso não desanima os colecionadores. Exemplares em perfeito de estado de conservação e originalidade trocam de garagem por valores em torno de R$ 60.000,00, uma pechincha quando comparado ao valor de outros modelos da década de 90.
Teste QUATRO RODAS – abril de 1994
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,9 s
Velocidade máxima: 192,6 km/h
Frenagem: 80 km/h a 0: 30,4 metros
Consumo: 11,4 km/l (média)
Preço (Julho 1994): R$ 22.493
Atualizado (IPC-A/IGBE): R$ 124.005
Ficha técnica – Fiat Uno Turbo i.e.
Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1372 cm3, injeção multiponto, gasolina
Diâmetro x curso: 80,5 x 67,4 mm
Taxa de compressão: 7,8:1
Potência: 118 cv a 6000 rpm
Torque máximo: 17,5 mkgf a 3500 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: monobloco
Dimensões: comprimento, 364 cm; largura, 156 cm; altura, 137 cm; entreeixos, 236 cm
Peso: 1.065 quilos
Suspensão: Dianteira: independente, tipo McPherson. Traseira: independente, braços oscilantes
Freios: disco ventilado na dianteira e tambor na traseira
Direção: hidráulica, tipo pinhão e cremalheira