Até o começo dos anos 80, a Toyota era lembrada pela funcionalidade de seus carros. Sua linha era composta basicamente por sedãs e utilitários, conhecidos pelo padrão de qualidade e eficiência.
Foi só em 1984 que o fabricante nipônico associou sua imagem a um automóvel popular e com boas doses de prazer ao volante: o cupê MR2.
Antes dele, as noções de desempenho da Toyota eram baseadas em motores dianteiros de seis cilindros, presente nos esportivos 2000 GT (1967) e Celica Supra (1978).
Mas a pretensão do MR2 era mais racional: apresentado em 1981, o protótipo SA-X definiu o esquema do motor transversal posicionado atrás dos dois ocupantes, com tração traseira.Era praticamente a mesma configuração mecânica adotada pelos europeus Fiat X1/9 e Matra Bagheera, mas um conceito ainda inédito entre os fabricantes japoneses.
As linhas definitivas foram exibidas no Salão de Tóquio de 1983: com poucos retoques, o conceito SV-3 logo entrou em produção, adotando motor e câmbio do Toyota Corolla de quinta geração.
Denominada W10, a primeira geração tinha 3,95 metros e pouco mais de 1 tonelada, favorecendo o quatro cilindros de 1,6 litro com 16 válvulas e injeção eletrônica, rendendo 130 cv e 14.8 mkgf.
A potência era menor nos EUA e na Europa, mas o comportamento neutro proporcionado pelo motor entre os 2,32 metros de entre-eixos encantou o público e a imprensa especializada.
Simples e eficiente, a suspensão independente McPherson era usada nos quatro cantos e exigia pouco dos pneus 185/60 R14: era difícil levá-lo ao limite da aderência, pois sua estabilidade estava acima da capacidade dos motoristas comuns. O equilíbrio do conjunto era reforçado pelos discos de freio nas quatro rodas.
Seus rivais eram o Fiat X 1/9, Pontiac Fiero, Subaru XT e Mazda RX-7. A Toyota oferecia transmissão automática, bancos de couro e teto com painéis removíveis para emular um conversível. Imbatível nas acelerações, a versão Supercharged recebeu um compressor para chegar a 145 cv e assim marcar a despedida da primeira geração.
Apresentado em 1989, o MR2 de segunda geração (W20) tinha o visual mais harmônico de todos. Maior e mais pesado, recebeu novos motores de 2 litros, com potência variando de 138 cv (aspirado) a 221 cv (turbo), dependendo do mercado.
Seu principal concorrente era o Mazda MX-5. O arisco MR2 era um desafio: o motor central exigia habilidade para evitar saídas de traseira. O modelo 1993 recebeu modificações na suspensão e direção para torná-lo mais neutro. ABS, controle de tração e airbags logo entraram na lista de opcionais.
A oferta no mercado norte-americano foi encerrada em 1995, mas a segunda geração continuou a ser produzida até 1999 para os mercados japonês e europeu, apesar da queda na demanda. Para recuperar o apelo do MR2, a Toyota redefiniu a terceira geração (W30) na forma de um conversível.
O nome mudava em função do mercado: MR-S no Japão, MR2 Spyder nos EUA e MR2 Roadster na Europa. Com 3,88 metros de comprimento, era o menor e mais leve MR2 até então, mas o aumento na distância entre os eixos para 2,45 metros melhorou a estabilidade. Havia apenas uma opção de motor: um quatro cilindros de alumínio, 1,8 litro e 138 cv.
Com exceção do teto, continuava o mesmo carrinho divertido e acessível, sobretudo com a transmissão manual oferecida em 2002. O modelo americano foi vendido até 2005 e os demais mercados o comercializaram até o fim da produção, em 2007.
Há rumores de que o MR2 pode voltar: a Toyota deu a entender que há espaço no mercado para ele e o novo Supra – modelos que fariam companhia ao aclamado GT86.
Ficha técnica – Toyota MR2 1988
- Motor: 4 cilindros em linha de 1,6 litro; 130 cv a 6.600 rpm; 14,8 mkgf a 5.800 rpm
- Câmbio: manual de 5 marchas
- Dimensões: comprimento, 395 cm; largura, 166 cm; altura, 123 cm; entre-eixos, 231 cm; peso, 1.066 kg
- Desempenho: 0 a 100 km/h de 8,5 s; vel. máx. 191 km/h