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Clássico: Fiat Spazio TR era o Pulse Abarth de 40 anos atrás

A versão TR, que seguia a tradição iniciada anos antes pelo 147 Rallye, reinou por um tempo praticamente sem concorrência

Por Felipe bitu | Fotos Fernando Pires
29 jan 2023, 20h44
SPAZIO
Faróis de milha funcionavam junto ao facho alto dos faróis principais (FErnando Pires/Quatro Rodas)
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O Fiat 147 Rallye tem espaço garantido na história dos esportivos nacionais. Apresentado em 1979, ele era mais rápido que o Chevrolet Chevette GP e não fazia feio frente ao mítico VW Passat TS. As virtudes de sua relação peso/potência continuaram presentes no 147 Racing de 1982 e no Spazio TR (Turismo Racing), novidade do ano seguinte.

Mais requintado que o 147, o Spazio apresentava uma atualização de estilo inspirada no italiano Fiat 127, de 1982, com faróis retangulares, lanternas traseiras envolventes e uma grade com a nova identidade visual da marca, com cinco barras diagonais. Nas laterais foram adotados repetidores dos piscas e apliques em polipropileno, enquanto a tampa traseira recebia um vidro de maiores dimensões.

O apelo esportivo da versão TR era realçado por ponteira dupla de escapamento, faróis de longo alcance abaixo do para-choque dianteiro e  aerofólios traseiros. Totalmente funcional, o aerofólio superior já estava presente no Fiat 147 Racing, diminuindo o arrasto aerodinâmico e favorecendo a velocidade máxima. O inferior era apenas decorativo, similar ao adotado pelo 127 Sport. Era oferecido em cinco cores: Vermelho Nearco e Preto Etna (sólidas), Cinza Argento, Verde Araruama e Cinza Basalto (metálicas).

Spazio
Aerofólio superior era funcional, o de baixo era apenas decorativo (Fernando Pires/Quatro Rodas)

As inovações não se limitavam ao estilo. Opcional, o câmbio manual de cinco marchas foi uma grata surpresa, com adoção de um novo mecanismo de acionamento da alavanca seletora que melhorou até o engate da marcha a ré. As relações de quarta e quinta marchas foram especialmente escalonadas para trabalhar com um diferencial mais longo, melhorando o desempenho e reduzindo o consumo.

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O novo câmbio foi uma injeção de ânimo no motor de quatro cilindros de 1,3 litro desenvolvido por Aurelio Lampredi (engenheiro egresso da Ferrari). Com comando de válvulas no cabeçote, o propulsor era alimentado por carburador de corpo duplo e entregava 10,8 kgfm a 4.000 rpm e 72 cv a 5.800 rpm, sempre com uma agradável melodia e respostas imediatas acima das 2.500 rpm. Os 836 kg de peso do Fiat Spazio TR aceleravam de 0 a 100 km/h em 15,9 segundos, com velocidade máxima de 149,2 km/h.

Spazio
Volante era o mesmo usado no fora de série nacional Dardo F-1.3 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Suas médias de consumo eram notáveis: 10,4 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada. O novo tanque de combustível de 53 litros (10 litros a mais que o anterior) garantia uma autonomia aproximada de 850 km, muito apreciada numa época em que havia racionamento e os postos permaneciam fechados nos finais de semana e em dias úteis após as 20 horas.

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Difícil mesmo era controlar o pé direito: o ronco do motor e o comportamento dinâmico convidavam o motorista a acelerar, principalmente quando dirigia em estradas sinuosas. A boa distribuição de peso entre os eixos (aproximadamente 60% no eixo dianteiro e 40% no traseiro), as suspensões independentes nas quatro rodas e os freios eficientes garantiam uma tocada segura e previsível, mesmo com os estreitos pneus 145 SR montados em rodas de 13 polegadas.

Spazio
Encostos dianteiros eram largos. Atrás, ele ficava espremido entre as caixas das rodas (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Spazio
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

A coluna de direção mais baixa melhorava a ergonomia do interior e a nova relação do mecanismo de pinhão e cremalheira tornava as manobras de estacionamento mais fáceis. O volante de quatro raios era o mesmo do 147 Racing e por trás dele estava o novo painel, com velocímetro, conta-giros, marcador do nível de combustível, voltímetro e manômetro de pressão do óleo. Os novos bancos dianteiros traziam encosto de cabeça integrados e melhor suporte lateral. Ponto negativo para os cintos de segurança, que deixaram de ser retráteis.

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Em 1983, o Spazio TR estava praticamente sozinho no mercado: já não havia mais a concorrência de esportivos como Chevrolet Chevette S/R e VW Passat TS, recém-aposentados. Mas essa hegemonia durou pouco: em 1984, a Ford sacudiu o mercado com o moderno Escort XR3 e a Volkswagen reagiu com os possantes Passat GTS Pointer e Gol GT.

Spazio
Instrumentação digna de um esportivo italiano, com direito a voltímetro e manômetro de pressão do óleo (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Spazio
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Para enfrentá-los o Spazio TR recebeu discretas alterações na decoração externa, com apliques plásticos nos para-lamas e molduras laterais maiores. Movidas a etanol, as últimas unidades eram alimentadas por um carburador de corpo simples: foi o pouco que a Fiat podia fazer até o encerramento da produção, antes da chegada do moderno Uno e de sua versão esportiva SX no segundo semestre de 1984.

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Ficha Técnica –Fiat Spazio TR 1983

Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.297 cm³, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por carburador de corpo duplo
Potência: 72 cv a 5.800 rpm
Torque: 10,8 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: hatch, 3 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 374 cm; largura, 154 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 222 cm; peso, 836 kg
Pneus: 145 SR 13

Teste – Janeiro de 1983

Quatro Rodas 0270
(Reprodução/Quatro Rodas)

ACELERAÇÃO: 0 a 100 km/h: 15,9 s
VELOC. MÁX.: 149,2 km/h
CONSUMO: 10,4 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada
PREÇO: Cr$ 2.493.930,00 (janeiro de 1983)
PREÇO CORRIGIDO: R$ 96.546,35 (IPCA)

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