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Clássico: Dino 246 GTS era quase uma Ferrari e tinha motor Fiat

Criado pela Ferrari, o pequeno esportivo entrou para a história como um dos produtos mais cultuados da casa de Maranello

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 nov 2021, 11h25 - Publicado em 28 nov 2021, 11h21
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  • Alfredo “Dino” Ferrari passou os anos de sua infância testemunhando as vitórias dos Alfa Romeo preparados pela Scuderia Ferrari na década de 1930. Filho mais velho de Enzo Ferrari, Dino faleceu precocemente, aos 24 anos, mas foi imortalizado nos esportivos Dino 206 GT e Dino 246 GT/GTS.

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    Apresentado em 1967, o Dino 206 GT surgiu numa época em que toda Ferrari de rua trazia um V12 sob o capô dianteiro. O comendador Enzo conhecia como ninguém a mística criada em torno de seus maiores motores e a demanda de um público disposto a pagar somas vultosas para ter os automóveis mais exóticos, rápidos e velozes que o dinheiro poderia comprar.

    Por essa razão foi criada a submarca Dino, que nasceu com a missão de disputar mercado com o já consagrado Porsche 911 e de homologar o motor V6 até então utilizado na Fórmula 2.

    Para atender uma nova regulamentação da FIA, Enzo deveria produzir um mínimo de 500 esportivos de rua em 12 meses, exigência cumprida após um acordo com a gigante Fiat.

    DINO 206 GT / 246 GT
    Volante Momo, rodas Campagnolo e assinatura de Alfredo Ferrari (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Idealizado pelo jovem Dino, o V6 com duplo comando de válvulas foi desenvolvido em parceria com o engenheiro Vittorio Jano e iniciou sua carreira em 1957 no monoposto Dino 156 F2.

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    Produzido pela Fiat, o mesmo V6 foi empregado no Dino 206 GT: o numeral indica os 2 litros de cilindrada e o número de cilindros, mantendo o padrão criado por Enzo.

    Instalado em posição central-traseira, o propulsor de alumínio era alimentado por três carburadores Weber 40DCNF3 para render 18,96 kgfm a 6.500 rpm e 180 cv a 8.000 rpm.

    A carroceria de alumínio apoiada em um chassi tubular foi desenhada por Aldo Brovarone no estúdio Pininfarina e era produzida pela Carrozzeria Scaglietti.

    DINO 206 GT / 246 GT
    O teto removível fica acondicionado atrás dos bancos (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Pesando apenas 900 kg, o Dino 206 GT acelerava de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos e chegava aos 235 km/h em quinta marcha. As quatro rodas contavam com suspensões independentes e freios a disco.

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    A direção se destacava pela precisão do sistema com pinhão e cremalheira. Apenas 152 unidades do 206 GT foram produzidas até 1969, quando foi substituído pelo 246 GT.

    Com 6 cm a mais entre o eixo, o 246 GT substituiu o V6 original por outro com bloco de ferro fundido e cilindrada ampliada para 2,4 litros. O torque saltou para 23 kgfm a 5.500 rpm e a potência para 195 cv a 7.600 rpm.

    O roadster 246 GTS foi a principal novidade do modelo 1972: produzido em 1974, o exemplar das fotos exibe a rara combinação “Chairs and Flares” composta por assentos da Ferrari 365 GTB/4 Daytona e paralamas com abas mais largas.

    Encerrada em 1974, a produção do Dino 246 é dividida em três séries: a primeira engloba as 357 unidades até 1970, com as mesmas rodas de magnésio e elemento de fixação central dos 206.

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    DINO 206 GT / 246 GT
    Assentos da Ferrari 365 GTB/4 Daytona contrastam com peças de acabamento Fiat (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Produzidas entre 1970 e 1971, as 507 unidades da segunda série são caracterizadas por rodas Cromodora com cinco parafusos.

    A terceira e última série teve início em 1972 e incorporou modificações exigidas pelo mercado norte-americano.

    Foram produzidas 2.295 unidades do cupê 246 GT e 1.274 unidades do roadster 246 GTS, volume até então inimaginável para Maranello.

    O sucesso só não foi maior devido ao preço: o Dino 246 custava 70% do valor de um 365 GTB/4 Daytona, mas ainda assim era muito mais caro que um Porsche 911S.

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    DINO 206 GT / 246 GT
    Grelha no câmbio era obrigatória. Ignição eletrônica Dinoplex era um avanço (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Pelo mesmo valor do Dino 246 era possível comprar um Jaguar E-Type e um Chevrolet Corvette (e ainda sobrava dinheiro).

    Em números absolutos, os Dino 206 e 246 não foram expoentes de aceleração e velocidade, mas continuam a figurar entre as dez melhores Ferrari de todos os tempos, para desgosto de alguns puristas.

    O estilo atemporal e sua vivacidade dinâmica colaboram para que a experiência ao volante de um Dino seja única e memorável.

    O fato é que, mesmo com metade dos cilindros de uma Ferrari tradicional, o Dino disparou na cotação internacional de automóveis antigos: um exemplar em excepcional estado de conservação não sai por menos de US$ 350.000 e há pelo menos um registro de um exemplar que superou os US$ 400.000. Nada mal para uma Ferrari que parece, mas não é.

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    Ficha técnica – Dino 246 GTS 1974

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