Quem tem 40 anos de idade ou mais se lembra da abertura das importações no início da década de 1990. Da noite para o dia nosso mercado foi tomado por automóveis japoneses, americanos e alemães. A indústria nacional respondeu com modelos exclusivos como o Chevrolet Kadett GSi conversível.
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A história do GSi conversível se inicia na Europa em 1985, logo após a apresentação da quinta geração do Kadett alemão. Naquela ocasião a Opel solicitou ao projetista Nuccio Bertone uma versão aberta do modelo. A produção começou em 1987.
Presente em nosso mercado desde 1989, o Kadett era o automóvel nacional mais atualizado e marcou época pelo estilo, com vidros rentes à carroceria colados ao monobloco. A versão conversível veio no final de 1991 e era um dos modelos mais caros da GM do Brasil, sempre na versão esportiva GSi.
Sob o capô estava o motor de 2 litros e 121 cv, suficientes para que o GSi conversível acelerasse de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos e alcançasse a velocidade máxima de 175,4 km/h, números ligeiramente piores que os do GSi fechado (0 a 100 km/h em 10,56 segundos e máxima de 177,2 km/h) devido aos 85 kg a mais dos reforços estruturais e da pior aerodinâmica.
Sua logística de produção era complexa: o assoalho e a parte dianteira da carroceria eram estampados no Brasil e depois embarcados em um navio, levando cerca de um mês para chegar à Carrozzeria Bertone. Tão complexo quanto a logística, o mecanismo da capota era composto por 69 componentes montados à mão.
De volta ao Brasil, o GSi era pintado e finalizado com a instalação do motor, câmbio, direção, suspensões e demais itens de acabamento.
Outra particularidade era o interior sempre na cor preta, diferente da versão fechada, que tinha o interior sempre na cor cinza. As lanternas traseiras eram exclusivas, oriundas do Kadett sedã, que não foi produzido aqui.
Seu único concorrente era o Ford Escort 1.8 XR3. No princípio impulsionado por um motor de 1.8 alimentado por carburador, o rival não oferecia o mesmo desempenho nem o conforto da direção hidráulica, mas contava com a praticidade do acionamento elétrico da capota.
E, quando avançou uma geração no modelo 1993, ficou maior, mais espaçoso e mais potente graças a um motor 2.0 equipado com injeção eletrônica. O acionamento elétrico da capota só chegou ao GSi no fim de 1993.
O fato é que a baixa demanda, a concorrência com modelos importados e o elevado custo da logística de produção determinaram o fim do GSi conversível no modelo 1995. Os exemplares remanescentes são cada vez mais valorizados pelos colecionadores e unidades em estado excepcional de conservação já superam a marca dos R$ 100.000.
“As lanternas não podem ser substituídas pelas do GSi fechado, o que dificulta muito a restauração”, conta o colecionador paulistano Rafael Santos. “Os vidros laterais também são exclusivos. É muito raro encontrar um GSi com a capa da capota traseira e com o frágil acabamento da trava da capota.”
“Muitas peças já não existem mais nem na Europa, o que leva muitos entusiastas a apelar para reproduções artesanais em impressoras 3D”, conta Luis Gustavo Hubert, presidente do Kadett Clube do Brasil. “É muito mais racional investir numa unidade que foi preservada, pois o custo de alguns componentes é proibitivo”, diz Rodrigo Chinelato, restaurador especializado em Kadett GSi.
Ficha Técnica
Chevrolet Kadett GSi Conversível
Motor: tranv., 4 cil., 1.998 cm³, com. de válvulas simples no cabeçote, injeção eletrônica, 121 cv a 5.400 rpm; 17,6 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: aberta, 2 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 407 cm; largura, 181 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 252 cm; peso, 1.140 kg
Pneus: 185/65 HR 14
Dezembro de 1991
ACELERAÇÃO
0 a 100 Km/h: 10,7 segundos
Velocidade Máxima: 175,4 km/h
Consumo: 8,3 km/l (cidade), 12,3 km/l (estrada)
Preço: Cz$ 32.000.000 (nov/1991)