A Toyota é a montadora que mais acredita no potencial do hidrogênio, inclusive com modelos comerciais que o utilizam. Para ampliar ainda mais o leque de opções do elemento mais leve do Universo, a japonesa se uniu à conterrânea Yamaha a fim de desenvolver motores tradicionais, com modificações para queimar não gasolina, mas gás hidrogênio.
Apesar de incomum, a parceria entre as duas fabricantes já rendeu frutos cobiçados, como o motor V10 do elogiado esportivo Lexus LFA. O desafio agora, porém, é não apenas criar um propulsor que empolgue, mas que lide com as dificuldades históricas do elemento básico.
Primeira demonstração dessa tecnologia, o motor V8 5.0 de um Lexus RC F já funciona queimando o H2, com performance na casa de 449 cv e 55 kgfm. A Yamaha destaca que, por conta das características físico-químicas do combustível, o barulho do V8 é ainda mais alto do que o do equivalente a gasolina.
Ainda não há previsão para que motores a combustão de hidrogênio se tornem realidade, mas as dificuldades estão mais ligadas à produção do combustível em si do que às adaptações necessárias em um bloco convencional.
Nesse caso, a fartura de energia renovável coloca o Brasil como um dos países com maior potencial de adaptação à tecnologia.
Tanto Toyota quanto Yamaha não escondem o valor recreativo de manter carros a combustão vivos na era da neutralidade em carbono: “‘Motor’ está em nosso nome completo, e temos um compromisso nesse aspecto”, disse o diretor esportivo da Yamaha, Yoshihiro Hidaka. Já o presidente da Toyota, Akio Toyoda, fez questão de dirigir um Yaris movido pela mesma tecnologia.
TANQUE CHEIO
A principal modificação estrutural do carro está na substituição do tanque de combustível por um cilindro que armazene o hidrogênio gasoso em alta pressão. Por se tratar da menor molécula existente na natureza, também é necessária maior atenção às linhas que conduzem-no ao motor, a fim de evitar vazamentos catastróficos.
REFORÇO
As modificações necessárias para converter um motor a combustão para queimar hidrogênio são surpreendentemente simples: incluem válvulas e sedes de válvulas reforçadas, velas de ignição sem platina (o que poderia descontrolar a queima do gás) e bicos injetores especiais. Também há modificações nos coletores de admissão, além dos coletores de escape com desenho curioso, que a Yamaha mantém segredo quase absoluto, mas detalha ter a ver com o som especial do motor.
PERFORMANCE
A eficiência e a capacidade de um motor a combustão de hidrogênio varia conforme seu tipo. No caso do V8 de Toyota e Yamaha, com injeção direta, é possível aumentar torque e potência, com respostas ainda mais rápidas ao pedal.