Teste: o pneu certo para seu 4×4 fazer bonito no off-road
Não adianta ter um 4x4 se o pneu não ajuda. Com o calçado certo, você supera desafios sem muito esforço ao volante
Pesquisas das montadoras dizem que a grande maioria dos veículos 4×4 nasce, vive e morre sem tocar uma vez sequer a terra. Lama, então…
Não por acaso, quase todos os modelos saem calçados com pneus de uso misto, cuja estrutura, desenho de banda de rodagem e composto de borracha privilegiam mais a vida urbana.
Agora, se você foge à regra e tem um 4×4 com alergia a asfalto, fica a dica: um jogo de pneus off-road no lugar dos originais pode levá-lo a lugares que você nem imagina.
Pneus são para um carro o que os calçados são para as pessoas. Não adianta utilizar o melhor tênis do mundo para andar na lama, como também seria desastroso apostar uma corrida com os pés enfiados em botas.
Para comprovar na prática o quanto um pneu de uso off-road é superior na terra em comparação ao de uso misto, levamos uma picape Mitsubishi L200 Triton para um teste no campo de provas da Pirelli, em Sumaré (SP).
A área simula diversas condições de off-road, que vão da terra batida a lamaçais de dar medo. No comando da picape, Sérgio Barata, outro piloto de testes da fábrica, com larga experiência em ralis. Sua missão: mostrar até onde chega cada um dos dois modelos de pneus. Façam suas apostas.
Misto frio
O primeiro jogo a encarar a terra é o de uso misto, modelo Scorpion STR , com proporção 80/20, ou seja, 80% asfalto e 20% terra, a mais comum em utilitários que saem de fábrica.
Nos trechos de terra seca, de chão batido, a L200 sofreu pouco. Mas o piloto não podia abusar da velocidade, pois as irregularidades faziam com que as rodas perdessem contato com o solo. E, em qualquer curva, lá ia a traseira escorregando.
Na lama, a coisa piorava. Bastavam alguns giros para o barro preencher todos os sulcos da banda de rodagem, deixando-a lisa. “Se já é difícil andar no asfalto molhado com um pneu slick, imagine na terra”, dizia Barata, brincando, enquanto lutava com a direção.
Com os sulcos do pneu tomados pela lama, o veículo deixa de obedecer ao comando do volante , escorregando de acordo com as imperfeições do solo. “Ligar a tração 4×4 ajuda, mas não resolve.”
Até tarefas simples, como passar por um degrau ou subir um barranco, são um sufoco. Repleto de barro , o pneu gira em falso, instigando ao erro de acelerar mais. É aí que mora o perigo.
Com mais velocidade, a lama pode escapar dos sulcos e o pneu pode ganhar aderência de repente, fazendo com que o carro dê um salto à frente. Durante o teste, três balizas que demarcam a pista foram atropeladas pela L200, que insistia em fugir das mãos experientes do piloto.
Banda off-road
Hora do pit stop. Sai o STR e entra o Scorpion MUD , com desenho 100% off-road.
Logo no início, na parte seca, Barata acelera, ignorando a buraqueira: decola ao passar por um leve barranco e aterrissa caindo firme, grudado no chão, sem sinal do pneu dançando na pista, como ocorreu com o modelo misto.
A primeira curva ele faz “mordendo” a terra, seguindo firme na trajetória. Nesse lugar, o outro pneu obrigava Barata a fazer o contra-esterço, para que a traseira não desgarrasse demais. Parecia até que a L200 fazia a curva em piso asfaltado, tamanha a aderência.
O melhor estava por vir. No lodaçal, a picape passou rápido e sob total controle. As rodas não giravam em falso sem sair do lugar, como com o pneu misto.
Barata explica a mágica: “Além de maior reforço na estrutura, o pneu 100% off-road é desenhado de modo que os blocos de borracha agarrem o piso com máxima performance. Depois, a própria rotação da roda expulsa a lama dos largos sulcos, num processo autolimpante” .
Sem velocidade de rotação, a terra molhada se acumula nos sulcos, “alisando” a superfície de contato. Portanto, para usar o pneu 100% off-road, é preciso acelerar mais para ele funcionar. Nessa hora, Barata afunda o pé e dá um banho na nossa equipe. “Viu só? É só fazer isso que os pneus se livram da lama.” E estão prontos para outra trilha.
Mix de pneus
Cada grande fabricante de pneu tem ao menos um modelo 100% off-road, que custa mais de 1.000 reais cada um. Mas saiba: esse pneu apresenta no asfalto ruído em excesso e perda de rendimento – ele piora a frenagem e dobra demais em curvas. Há ainda versões de uso misto que vão de um 30/70 (30% off e 70% on-road) a um 90/10.