Por que a fibra de vidro não é mais utilizada em carros?
Famosa pelo uso em veículos fora de série, ela acabou substituída por outros tipos de compostos.
Por que a indústria automotiva não utiliza mais fibra de vidro nos carros? – Ricardo Barreto, por e-mail.
A fibra de vidro deu lugar tanto ao plástico – que é mais leve e flexível, pode ser produzido nas cores desejadas sem necessidade de pintura adicional e (mais importante) ainda pode ser trabalhado em larga escala – como ao alumínio e aço – que perdeu peso com o tempo e passou a ser usado em construções que combinam chapas de espessura diferentes a fim de aumentar a resistência e ainda deixar o veículo mais leve.
No Brasil, durante o período de limitação das importações, ficaram famosos os fora de série feitos de fibra de vidro, como o Puma e os diversos modelos de bugues.
Com a decadência dos veículos desse tipo e as exigências da produção em escala industrial, a fibra acabou caindo em desuso – sua fabricação através da laminação é um processo simples, mas quase artesanal, permitindo uma escala bem menor que a obtida com chapas de metal ou plástico injetado.
Hoje, são poucos (e valorizados) os especialistas no reparo de carrocerias feitas com esse material, como Domingos Avallone, o mais famoso restaurador de fibra de vidro no Brasil.
Voltando mais na história, foi em 1941 que Henry Ford revelou o precursor dos carros de fibra, só que em vez de vidro usou soja, trigo e outros vegetais (inclusive o cânhamo!) e resina fenólica. Doze anos depois, a GM lançou o Chevrolet Corvette produzido de fibra de vidro e resina poliéster. Daí para a frente, a fibra de vidro tornou-se a preferida quando o projeto exigia pouco peso, flexibilidade no design e facilidade de produção em lotes pequenos.
Depois vieram outros materiais compostos em opção ao aço, como a fibra de carbono (no caso de projetos mais caros e exclusivos), o alumínio e o próprio plástico, que é muito usado hoje na fabricação de portas, capôs, tampas e diversas peças de acabamento.
Até mesmo o Corvette deixou de ter carroceria de fibra de vidro convencional em 1973. O material ainda compõe cerca de 20% dos painéis externos, mas no restante foi substituído por alumínio, fibra de carbono e plástico.